quarta-feira, 4 de julho de 2018



Ativista promete ‘tomataço’ contra ministros do Supremo



Ricardo Rocchi, ativista que promete atirar tomates cozidos em ministros do Supremo


Ricardo Rocchi, que ficou conhecido por atirar tomates cozidos em autoridades e chegou a ser denunciado por incitação ao crime, diz que vai voltar a promover ato inspirado, segundo ele, na tomatina italiana.

“Tem uma nova campanha agora, e o prêmio se estende a outros três ministros!”. A declaração é de Ricardo Rocchi, ativista que ficou conhecido por lambuzar políticos e juízes com tomates cozidos. Autor do ‘Tomataço’, ele chegou a ser denunciado por incitação ao crime e viu a peça ser arquivada pela Justiça Federal em São Paulo. Rocchi promete voltar a promover o ‘ato pacífico’. Desta vez, ele quer atingir ministros que se posicionarem contra prisões após segunda instância.






Rochi, que promove as manifestações ao lado de outra ativista, Zanza Mincache, foi denunciado pelo Ministério Público Federal em razão de anúncios nas redes sociais com a oferta de pagar R$ 300,00 para quem acertasse a cabeça do ministro Gilmar Mendes, do Supremo.
Perante à Justiça, Rocchi justificou o valor. “Era referente ao custo para bancar a viagem das pessoas até Brasília e realizar o ato.”
Em tempo — O criador do movimento ‘Tomataço’, Ricardo Rocchi, foi denunciado pelo Ministério Público Federal por injúria e incitação ao crime contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. A acusação foi do procurador da República Marcos Nagelo Grimone. A denúncia afirmava que Rocchi, ‘em 24 de dezembro de 2017 e 31 de janeiro de 2018, por meio de sua página virtual na rede social Facebook, compartilhou a imagem na qual tanto adjetiva o ministro Gilmar Mendes como bandido, bem como oferece a recompensa de RS 300 para aquele que acertar-lhe a cabeça com tomates’.
Entretanto, a juíza federal Renata Andrade Lotufo rejeitou a denúncia contra Ricardo Rocchi por suposta incitação pública à prática de crime, por haver organizado em rede social um ‘tomataço pacífico‘ contra o atual ministro do Supremo, Gilmar Mendes.
Renata Lotufo afirmou que a liberdade de expressão é um ‘direito fundamental de 1ª geração, que possui inegável posição preferencial em relação aos demais direitos’. A magistrada acrescentou que a liberdade de expressão está prevista em diversos tratados e declarações internacionais, dos quais o Brasil é signatário.
Quem ajudou na defesa de Rocchi foi Modesto Carvalhosa, jurista que é autor de um pedido de impeachment de Gilmar Mendes.






“Agora, o Supremo está utilizando a Lei de Segurança Nacional contra aqueles que fazem protesto contra os ministros. É um absurdo. Desde o tempo do regime militar. É para constranger quem protesta contra eles”, avalia Carvalhosa.
Ele, no entanto, se defende e diz que o ‘tomataço é pacífico’. “Seguimos o método de Gene Sharp, que é para sair da ditadura e ir para a democracia. O que vivemos hoje é uma ditadura, nítida e clara, e nós vamos lutar”.
“Na verdade, eu falei na Polícia Federal que o tomataço não é um crime, é uma ação pacífica espelhada na tomatina na Itália e que realmente ministros estão tomando atitudes que não representam o Brasil”, afirma.

A juíza federal Renata Andrade Lotufo entendeu que a conduta Ricardo Rocchi está ‘inserida no contexto de sua liberdade de expressão’.
“A conduta do denunciado, ainda que possa ser tida por reprovável, está inserida no contexto de sua liberdade de expressão, sendo certo que agentes públicos (tais como este juízo) e, especialmente, pessoas em posições elevadas no espectro político e jurídico, estão sujeitos a um grau maior de crítica social”, explica Lotufo.

Após a decisão, Rocchi decidiu ampliar a ‘recompensa’ de R$ 300,00 a quem faça o ‘tomataço’ contra outros nomes. “O prêmio se estende a outros três ministros. Tem uma nova campanha agora, que é para acertar o tomate pacífico em Toffoli, Lewandowski e Marco Aurélio. Uma nova campanha. Ajuda de custo para patriotas que queiram defender o que é certo e o Brasil.”

Rocchi se diz indignado com a possibilidade de mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre prisões após segunda instância. “Está tudo descarado, querem soltar todo mundo no Brasil, e ainda se cai a prisão após segunda instância no Brasil sai traficante, matador, assassino, bandido, ladrão de banco, é o fim do mundo.”
Em tempo — A juíza federal Renata Andrade Lotufo, que rejeitou denúncia criminal contra Ricardo Rocchi, que ofereceu R$ 300 a quem acertasse tomate na cabeça de Gilmar Mendes já assinou manifesto de ‘indignação’ contra o ministro do Supremo, em 2009. Na época, 130 magistrados federais, entre eles Lotufo, subscreveram nota de repúdio a Gilmar, que havia determinado ao Conselho da Justiça Federal e ao Conselho Nacional de Justiça investigação sobre suposta ‘desobediência’ do juiz Fausto Martin De Sanctis.
A origem do manifesto foi a Operação Satiagraha, deflagrada em julho daquele ano. O alvo da investigação era o banqueiro Daniel Dantas, do Opprtunity, depois inocentado pelo Superior Tribunal de Justiça. De Sanctis, então titular da 6.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, mandou prender Dantas. Gilmar soltou. De Sanctis mandou prender novamente. Gilmar mandou soltar outra vez.
Irritado, o ministro destacou que ‘o encarceramento (de Dantas) revela nítida via oblíqua de desrespeitar a decisão deste Supremo Tribunal Federal anteriormente expedida’.
A decisão de Gilmar em mandar investigar De Santics no CNJ e no Conselho da Justiça Federal causou forte reação dos colegas do juiz, hoje desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), com jurisdição em São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Eles lançaram o movimento ‘magistrados unidos’. O manifesto dizia que ‘não se vislumbra motivação plausível para que um juiz seja investigado por ter um determinado entendimento jurídico’. Os magistrados clamaram por independência, ‘pilar da democracia e princípio constitucional consagrado’.
“Ninguém nem nada podem interferir na livre formação da convicção do juiz, no direito de decidir segundo sua consciência, sob pena de solaparem-se as próprias bases do Estado de Direito”, escreveram, na ocasião.






Militantes decidem fazer greve de fome por Lula



O ex-presidente Lula no encerramento de sua caravana pelo sul do país.


Após as seguidas derrotas no Supremo Tribunal Federal (STF) e os sinais de que a presidente da corte, Cármen Lúcia, não pautará ações que pedem a revisão da prisão após segunda instância até setembro, 11 militantes de movimentos sociais ligados ao PT começarão uma greve de fome em apelo à libertação do ex-presidente Lula. O protesto será deflagrado no fim deste mês e tem o respaldo da direção do partido. Os manifestantes prometem acampar em Brasília até que a situação do petista seja reavaliada.
A ação extremada faz parte de uma série de movimentos que o PT vai promover para tentar reverter a prisão de Lula. O partido quer entregar um abaixo-assinado a tribunais superiores em 15 de agosto, quando haverá ato para o registro da candidatura do petista.
Os militantes que estarão à frente da greve de fome são da Via Campesina, organização formada por 15 entidades, entre elas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Detalhe — O MST é o movimento social com o qual o relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, mais teve contato ao longo da carreira. A proximidade com os sem terra chegou a suscitar a resistência da bancada ruralista à aprovação de sua indicação para o STF.

Só observando — O PT diz que não há previsão de Lula aderir à greve de fome.




terça-feira, 3 de julho de 2018



Deltan Dallagnol é acusado de manifestação “ofensiva e incentivadora do ódio” no Twitter



Frequentador assíduo das redes sociais, Deltan Dallagnol, chefe Lava Jato em Curitiba, está sob ameaça de ser punido por conta de um tweet de quatro linhas.
O corregedor nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel Moreira, abriu contra Deltan um processo administrativo disciplinar. Acusa-o de “ofender” e “incitar o ódio” contra o Congresso Nacional.
A origem da encrenca é a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro em fevereiro. Na época, o governo cogitou adotar um procedimento inusitado: o “mandado coletivo de busca e apreensão”. Serviria para realizar batidas policiais em grandes áreas das favelas do Rio, sem a especificação de um endereço.
Um colega de Deltan, o procurador da República Wellington Cabral Saraiva, enxergou na iniciativa um quê de demofobia.
Em 20 de fevereiro, Deltan replicou a mensagem do colega na sua conta no Twitter. E adicionou um comentário corrosivo sobre o Congresso Nacional. (Veja abaixo a reprodução dos posts de Deltan e Wellington)






O alvo da crítica dos procuradores era o “mandado de busca e apreensão coletivo”. O Código de Processo Penal não permite esse tipo de esperteza. Exige a indicação precisa do endereço a ser varejado pela polícia, com a fundamentação dos objetivos e a identificação do alvo. Daí o tom irônico dos posts da dupla.
Entretanto, o vice-presidente da Câmara, enxergou no post de Deltan Dallagnol uma ofensa gravíssima aos congressistas e ao próprio Poder Legislativo. Em ofício endereçado ao corregedor Orlando Moreira, o deputado cobrou a punição do chefe da Lava Jato.
Segundo o vice-presidente da Câmara, “a manifestação atinge diretamente a imagem da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, bem como a totalidade dos congressistas, eis que atingidos em sua honra em razão do exercício do mandato”. O deputado pediu a “devida apuração do fato” no âmbito do Conselho Nacional do Ministério Público, órgão ao qual está vinculada a corregedoria chefiada por Orlando Moreira.
O corregedor deu razão ao vice-presidente da Câmara e determinou a instauração de um processo administrativo disciplinar contra Deltan Dallagnol. Para Orlando Moreira, o chefe da Lava Jato cometeu, “em tese”, uma “falta funcional punível com a censura”. Na sua avaliação, o procurador “atacou o Congresso Nacional e ofendeu sua imagem”.

Em tempo — O deputado Fábio Ramalho (MDB-MG), vice-presidente da Câmara, é um crítico da Lava Jato. O nome do deputado consta da lista de beneficiários de contribuições ilegais feitas pela Odebrecht. A relação foi entregue ao Ministério Público pelo delator Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-executivo da empreiteira. Ramalho foi identificado nas planilhas da Odebrecht com o apelido de “Barrigudo”. Recebeu R$ 50 mil em 2010.
No dia 11 de abril de 2017, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, autorizou a Procuradoria-Geral da República a investigar os políticos delatados pela Odebrecht. Fábio Ramalho afirmou na época que todas as doações que recebeu na campanha de 2010 foram declaradas à Justiça Eleitoral. A Procuradoria não conseguiu obter informações que fossem além do teor das delações. Por isso, Ramalho não foi formalmente denunciado na Lava Jato.

Há no Congresso 594 parlamentares, entre deputados e senadores. Desse total, cerca de 40% frequentam as investigações abertas no Supremo. Deltan compara esse cenário de terra arrasada com a situação das favelas, onde o governo pretendia realizar as tais buscas “coletivas”.
“Não há evidências que levantem suspeitas sobre sequer 10% dos moradores de favelas”, diz o procurador Deltan Dallagnol. “Não há qualquer indicativo de que pessoas que moram em favelas sejam suspeitas de crimes em percentual próximo aos de congressistas que são investigados. Em 2016, 6% da população brasileira morava em favelas, ou seja, algo perto de 12 milhões de pessoas. Mesmo que todos os presos brasileiros fossem oriundos de favelas, o que se cogita apenas para argumentar, o percentual dos presos (cerca de 700 mil) em relação aos habitantes de favelas seria de 6%, isto é, seis vezes inferior ao percentual de congressistas investigados.”
Contra esse pano de fundo, Deltan considera natural “dizer a verdade sobre a proporção da corrupção no Congresso”. Algo que “jamais deveria ser alvo de processo disciplinar” como o que foi aberto contra ele na Corregedoria Nacional do Ministério Público. “Calar a verdade, dita contra poderosos, é próprio de ditaduras, não de democracias”, afirma o procurador. “Tapar o sol com a peneira, esconder o diagnóstico que a Lava Jato e a imprensa fazem ou varrer a sujeira para debaixo do tapete não contribuirá para o amadurecimento de nossa democracia ou para o controle da corrupção.”

Como se vê, são mesmo espantosos os dias atuais. Pessoas que sistematicamente desmoralizam o Congresso deveriam ser processadas de maneira implacável. O problema é que, infelizmente, as pessoas que fazem isso dispõem de imunidade parlamentar, o que dificulta enormemente a punição.

Em tempo — O Conselho Nacional do Ministério Público considerou que o corregedor Orlando Rochadel Moreira foi excessivamente moderado ao analisar um processo que envolve o procurador-geral de Justiça do Estado do Tocantins, Clenan Renaut de Melo Pereira. Acusado de envolvimento num esquema de desvios de recursos públicos em obras orçadas em R$ 1,2 bilhão, Clenan foi poupado pelo corregedor.
Em decisão monocrática (individual), Orlando Moreira ignorou o resultado de sindicância que recomendava a punição do procurador-geral do Tocantins. Enviou o processo para o arquivo.

A reportagem apurou que, no último dia 15 de maio, em sessão presidida pela procuradora-geral Raquel Dodge, o Conselho Nacional do Ministério Público decidiu desarquivar o processo contra Clenan Renaut de Melo Pereira. Os conselheiros consideram que são abundantes as evidências de irregularidades. Ou seja, não é por falta de matéria-prima que o corregedor Orlando Rochadel Moreira perde tempo abrindo processos disciplinares inúteis.




domingo, 1 de julho de 2018



OPERAÇÃO  LIBERA



CORTEJO FÚNEBRE — Integrantes da 2ª Turma do STF puxam o caixão para o enterro da Lava Jato.


A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva protocolou até o momento 78 questionamentos judiciais no âmbito do processo do triplex do Guarujá (SP), que levou o petista à condenação e prisão na Operação Lava Jato. Os recursos, incluindo mandados de segurança, reclamações e habeas corpus, foram apresentados entre fevereiro de 2016 e sexta-feira passada (29.jun.2018) ao juiz federal Sérgio Moro, na primeira instância, ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Condenado a 12 anos e 1 mês de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula foi preso em 7 de abril deste ano. Desde então, o petista cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, base da Lava Jato. A força-tarefa da operação acusou Lula de receber propina da empreiteira OAS em forma de benfeitorias no triplex.

Até janeiro deste ano, a maior parte dos requerimentos de Lula pediam a suspeição de Moro e dos procuradores da Lava Jato, no Paraná, e o trancamento da ação do triplex. Desde então, a defesa passou a concentrar esforços em pedidos pela não execução de pena em segunda instância e, depois de 7 de abril, pela liberdade do ex-presidente. A grande maioria dos recursos foi indeferida ou não reconhecida pelos magistrados.

Uma petição apresentada no início de junho para que o STF suspenda os efeitos de sua condenação ainda será julgada em plenário por determinação do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte — que tirou a análise da Segunda Turma.

Na esteira dos recursos da defesa do petista, o Supremo foi alvo de críticas por supostas manobras pró e contra os pedidos da defesa do ex-presidente.




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