Líder, tucano de 33 anos explora rejeição de governador
e apoia Bolsonaro no Rio Grande do Sul
Ex-prefeito de Pelotas, Eduardo Leite foi o mais votado no primeiro turno, com 36%
e apoia Bolsonaro no Rio Grande do Sul
Ex-prefeito de Pelotas, Eduardo Leite foi o mais votado no primeiro turno, com 36%
O tucano Eduardo Leite, durante ato de campanha no Rio Grande do Sul |
Líder no primeiro turno da eleição no quinto estado mais populoso do
país, o tucano Eduardo Leite, se eleito, terá que lidar com uma
Assembleia Legislativa formada quase toda por deputados mais velhos do
que ele.
Ex-prefeito de Pelotas, terceira maior cidade gaúcha, Leite, 33 anos,
desponta na política do Rio Grande do Sul se intitulando como “o novo”
em um cenário de forte desgaste de lideranças tradicionais e de rejeição
aos partidos de esquerda.
Em pesquisa Ibope divulgada em 17.out.2018, o tucano apareceu na frente,
com 59% dos votos válidos contra 41% do adversário, José Ivo Sartori
(MDB).
Sem um padrinho político ou um mentor destacado, Leite destoa dos jovens
políticos por não ser de família de expressão nessa área — o pai é
advogado e apenas concorreu a prefeito uma vez.
O tucano, filiado ao partido desde os 16 anos, estreou na política ainda
como estudante de direito, ao concorrer a vereador em 2004, e foi
nomeado para ocupar cargos na prefeitura de sua cidade em gestões do PPS
e PP. Eleito para a Câmara Municipal em 2008, conseguiu quatro anos
depois reunir partidos ao seu redor para se lançar à prefeitura, aos 27
anos. Venceu após disputa com um candidato do PT em segundo turno.
A popularidade em Pelotas, que garantiu a eleição de sua ex-vice em
primeiro turno há dois anos, pavimentou o caminho para o lançamento da
candidatura ao governo.
Antes disso, o PSDB teve que romper com o governador, que apoiava desde a
campanha eleitoral de 2014. No fim do ano passado, anunciou que
entregaria os cargos, como a secretaria de Energia.
Foi preciso ainda solucionar um racha interno no diretório regional, que
chegou a ser alvo de intervenção nacional, em 2015. Leite saiu
fortalecido da crise e se tornou presidente estadual da legenda no ano
pré-eleitoral.
Agora na campanha, ele tenta se diferenciar dos antigos aliados do MDB
criticando a “falta de agilidade” do adversário e tenta demonstrar certa
distância da política tradicional. “Não é esse papo de esquerda e de
direita que vai melhorar a sua vida”, disse, na TV.
Embora defenda um “governo menor, que não atrapalhe”, se comprometeu na
campanha a não privatizar a estatal de saneamento nem o Banrisul, um dos
últimos bancos estaduais do país.
Adversários questionam sua experiência para administrar um dos estados
mais endividados do país. Ele responde citando resultados obtidos em um
município com recursos escassos. Em seu programa de TV, também mostra
nomes históricos do estado que chegaram ao cargo com pouca idade, como
Leonel Brizola, ícone da esquerda, em 1959.
Também orgulha-se de ter sido convidado para uma reunião do americano
Barack Obama com jovens lideranças brasileiras em São Paulo, no ano
passado. No início do mês, republicou post de uma apoiadora com uma foto
do encontro e a mensagem: “‘Ele é só um carinha bonito.’ Busque
conhecer bem as pessoas”.
Entre constrangimentos na campanha, está o apoio que recebia do
ex-presidente do PSDB nacional Aécio Neves desde sua eleição para
prefeito, em 2012. O partido no estado ficou marcado pelo tumultuado
governo de Yeda Crusius (2007—2010), que resistiu a uma tentativa de
impeachment.
Leite também vem sendo seguidamente questionado sobre supostas fraudes
em exames pré-câncer em um laboratório contratado pela Prefeitura de
Pelotas. Ele nega que tenha havido negligência da prefeitura e diz que
uma investigação está em andamento.
Três dias após o primeiro turno, gravou um vídeo de declaração de voto
no presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que já tinha recebido apoio de
Sartori dias antes. Em tom sério e grave, disse que “jamais votou no PT”
e que não concorda 100% com o capitão reformado. “Não vi autocrítica do
Bolsonaro sobre frases que não respeitam a democracia e a existência
pacífica e natural de outros seres humanos.”
O PSDB tenta manter uma porta aberta com o eleitorado de partidos como
PDT e PT, que fizeram juntos 28% dos votos válidos no primeiro turno.
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