A proposta de “frente democrática” do PT
Jaques Wagner, eleito senador pela Bahia, incorporou-se à coordenação
política da campanha de Haddad. Articula a formação do que chama de
“frente democrática”. Disse que o PT “não precisa convidar ninguém” para
se integrar à tal frente. Acha que a conjuntura pede adesões
voluntárias.
O grão-petista Jaques Wagner insinua que todos os atores políticos
comprometidos com a democracia têm a obrigação de aderir voluntariamente
à “frente democrática” pró-Haddad. A formulação de Jaques Wagner é tola
e desonesta.
Flerta com a tolice porque carrega nas entrelinhas a
mensagem segundo a qual o PT faz ao país o favor de liderar uma cruzada
anti-Bolsonaro. Roça a desonestidade porque Wagner bem sabe que seu
partido tornou-se um pedaço do problema, não da solução.
As coisas seriam mais simples se pessoas como Lula, Wagner e Haddad
admitissem que o PT operou como caixa registradora de propinas e que a
cúpula partidária foi parar na cadeia porque cometeu crimes como
corrupção e lavagem de dinheiro.
Além de engordar patrimônios individuais, o mensalão e o petrolão não
foram senão atentados contra a democracia, mecanismos de compra de apoio
congressual com verbas surrupiadas do Estado.
Com um pano de fundo assim, tão enodoado, a formação de uma frente
anti-Bolsonaro encabeçada por Haddad seria vista como uma tentativa de
enxaguar a roupa suja do petismo. Salvar-se-ia não a democracia, mas o
PT. O petismo parece não ter percebido o que está se passando. Bolsonaro só
chegou à antessala do gabinete presidencial porque representa os
interesses da maior força política existente hoje no Brasil: o
antipetismo.
A teoria da conspiração contra Lula, a “alma mais honesta desse país”, sempre desrespeitou a democracia e as instituições.
Os petistas têm dificuldades em fazer autocrítica e reconhecer seus
crimes. Preferem classificá-los de “erros”, eufemismo para roubalheira.
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