Comércio Exterior: a nova agenda regulatória do Brasil
O governo federal acaba de abrir consulta pública para que o setor
privado se manifeste, até o início do ano que vem, sobre diferentes
aspectos da agenda regulatória do comércio exterior brasileiro. Dentre
eles, estão questões aduaneiras, de facilitação de comércio,
regulamentos técnicos, defesa comercial, serviços, compras públicas,
transporte e logística. Em relação a cada um destes temas, foi divulgada
uma lista de normas a serem revisadas e quais as ações pretendidas. Os
interessados terão dois meses para se manifestar.
Nos últimos meses, o governo federal realizou uma série de consultas
públicas que merecem a atenção daqueles que atuam no comércio exterior.
Por exemplo, a consulta pública sobre o novo processo de importação, que
prevê a utilização do portal único de comércio exterior e de uma
declaração única de importação, tratou de tema que pode dinamizar toda a
economia brasileira ao tornar menos burocrática e, portanto, mais
célere e eficiente a entrada de mercadorias estrangeiras no Brasil.
Na área de e-commerce e transformação digital, o governo abriu consulta
para que o setor privado se manifestasse acerca da atuação do governo
federal em matérias relativas ao comércio eletrônico e de plataformas
digitais.
Quanto à defesa comercial, o governo realizou consulta pública sobre a
habilitação de produtores nacionais como indústria fragmentadas. O
objetivo desta medida é facilitar a participação de pequenas e médias
empresas nos processos de dumping, subsídios e salvaguardas no Brasil.
Todas essas ações convergem com a atual postura do governo de garantir
maior acesso ao comércio internacional e promover sua liberalização. O
Brasil está oficialmente em processo de acessão à Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que detém uma agenda de
facilitação de comércio e redução de protecionismo. Se o Brasil aderir
ao “clube”, espera-se melhora na produtividade e competitividade, nos
fluxos de comércio e investimento, além da percepção de investidores
sobre o mercado brasileiro.
No âmbito multilateral, o Brasil aderiu, como observador, ao Acordo de
Compras Públicas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que objetiva
maior transparência nos processos de compras públicas e maior acesso a
esse mercado, além de melhorar a gestão de recursos públicos. No G-20, o
Brasil tem defendido incisivamente um comércio internacional menos
protecionista.
Em conjunto, essas ações demonstram movimento robusto do governo
brasileiro em direção à facilitação de comércio e transparência na
formulação da política de comércio exterior do Brasil. Ademais, as
consultas públicas, por meio da interlocução com o setor privado,
permitem um canal direto para que o setor privado proponha mudanças e
soluções específicas para facilitação do comércio. É uma oportunidade
para que empresas e associações sinalizem para o governo eventuais
entraves regulatórios e desafios enfrentados nas operações do dia a dia
de comércio exterior.
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