Reação pró-Aécio é desafio à Lava Jato
Aécio tornou-se pretexto para delimitar punições
Aécio tornou-se pretexto para delimitar punições
Aécio Neves |
Há no Brasil mais de 220 mil presos provisórios. São brasileiros pobres
que mofam esquecidos nas cadeias à espera de um julgamento. Mas Brasília
vive um curto-circuito desde que a Primeira Turma do Supremo Tribunal
Federal proibiu Aécio Neves de sair de casa à noite. Num esforço para
desligar a crise da tomada, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia,
prometeu ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, que levará a
julgamento em 11 de outubro de 2017 uma ação que sustenta que as sanções
contra parlamentares têm de ser aprovadas pela Câmara e pelo Senado.
Numa palavra: deseja-se a restauração da impunidade.
Aécio e sua irmã foram gravados pedindo R$ 2 milhões ao corruptor
Joesley Batista. Um primo de Aécio foi filmado recebendo mochilas com
dinheiro. Um amigo de Aécio foi pilhado ocultando parte da verba. Diante
de tudo isso, ministros que chegaram ao Supremo com o aval do Senado
aplicaram uma lei aprovada pelos senadores para afastar Aécio do mandato
e proibi-lo de sair de casa à noite. E os senadores agora informam que a
lei que eles aprovaram para criar punições diferentes da prisão
clássica vale para qualquer brasileiro, menos para eles.
Enquanto o plenário do Supremo se equipa para decidir que as punições
impostas a Aécio pela Segunda Turma do mesmo Supremo não valem,
permanece na gaveta há 115 dias o processo que impõe restrições ao foro
privilegiado. Esse processo, se fosse julgado pelo Supremo, atenuaria o
problema, pois investigações como a de Aécio desceriam para a primeira
instância do Judiciário, onde mofam os 220 mil brasileiros presos sem
uma sentença.
O Brasil será outro país no dia em que matar excrescências como o foro
privilegiado for mais importante do que salvar da extinção a tribo dos
aécios.
Aécio e os senadores que tramam socorrê-lo, derrubando a decisão do STF
no plenário do Senado, acusam a Primeira Turma de violar a Constituição.
Sobre esse tema há enorme controvérsia na praça. Mas há algo
incontroverso no enredo protagonizado pelo ex-presidenciável tucano:
Aécio Neves exerceu em sua plenitude o direito de escolher o seu próprio
caminho para o inferno.
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