DISPUTA: Grupo ligado a João Doria é acusado de atacar Geraldo Alckmin
A disputa velada entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o
prefeito da capital, João Doria, pela vaga do PSDB na disputa
presidencial de 2018 se tornou um confronto aberto na juventude tucana. O
J-PSDB acusa a organização Conexão 45, que é ligada ao prefeito, de
atacar Alckmin e outros quadros tucanos nas redes sociais e no WhatsApp.
Em plenária da J-PSDB realizada no sábado, 16.set.2017, na Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o grupo recebeu Doria e se
queixou ao prefeito. “Estão fazendo calúnias contra o senador José
Serra, contra o ministro Alexandre de Moraes e contra o governador
Geraldo Alckmin, tudo em nome do senhor”, disse Lucas Sorrilo, um dos
dirigentes da J-PSDB.
No entorno do prefeito, a avaliação é de que os dois grupos aproveitam a
disputa entre Doria e Alckmin por 2018 para se “cacifar politicamente”.
Além de Doria, o ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto
Teotônio Vilela, também estava na mesa principal da plenária.
A J-PSDB também disse, no evento, que militantes da Conexão 45 têm
coagido tucanos com cargos na Prefeitura a apoiar a pré-candidatura
presidencial de Doria. “Eles fazem pressão na capital. Dizem que, para
estar na Prefeitura, tem de ser do time Doria”, afirmou Sorrilo.
Em sua fala, Doria exaltou Alckmin. “Desautorizo qualquer manifestação
em relação ao Geraldo Alckmin. Tenho sido um guardião zeloso dessa
relação”, afirmou.
“É péssimo estimular qualquer disputa dessa natureza. Uma bobagem. Não
faz o menor sentido. É uma coisa intestina, ao contrário do que almeja o
partido”, disse Aníbal antes de sair da plenária.
MENTIRA — O prefeito disse a reportagem que, após ouvir a
denúncia na plenária, telefonou para Luiz Oliveira, presidente do
Conexão 45, e ouviu dele que as acusações são mentirosas. Doria reiterou
então que “não endossa e não apoia” nenhuma iniciativa contra Alckmin
“nem sutilmente”.
Para a reportagem, Oliveira afirmou que estuda processar Sorrilo por
calúnia. “Esse grupo que está na J-PSDB apoiou Marta Suplicy e Andrea
Matarazzo na disputa pela Prefeitura de São Paulo. A gente defende o
João, mas sem atacar o Geraldo”, afirmou o militante.
No mesmo dia da reunião da J-PSDB, que reuniu cerca de 50 pessoas na
Alesp, a Conexão 45 realizou uma plenária em uma universidade com mais
de 200 pessoas. Doria foi saudado como presidente e recebido com o Tema
da Vitória de Ayrton Senna. “É extremamente legítimo o grupo apoiar um
candidato a presidente”, disse o prefeito regional de Pinheiros, Paulo
Mathias.
Além de integrar o Conexão 45, ele “se filiou” recentemente ao Movimento
Brasil Livre (MBL), grupo que surgiu durante o impeachment de Dilma
Rousseff e hoje atua como linha auxiliar de Doria nas redes sociais. A
aproximação do PSDB com o MBL também é criticada pela J-PSDB.
A atual direção da juventude tucana é dominada por uma corrente chamada
Ação Popular, que se apresenta como “progressista”. A Ação Popular e a
Conexão 45 disputam o comando da J-PSDB paulista, que realizará uma
convenção no dia 11 de novembro.
ANTES DE EMBARCAR — O prefeito João Doria embarcou na
manhã de segunda-feira, 18.set.2017, para Porto Alegre, para mais uma
agenda fora de São Paulo. Ao lado do prefeito da capital gaúcha, Nelson
Marchezan (PSDB), Doria participou de encontro com líderes de seu
partido e na sequência se reúniu com empresários, de quem recebeu
homenagem, durante almoço na Associação Leopoldina Juvenil. À tarde, fez
palestra no II Fórum de Desenvolvimento do Vale dos Sinos, em Nova
Hamburgo, e em seguida retornou a São Paulo.
Antes de embarcar, Doria gravou um vídeo em frente ao seu avião no qual
ressaltou o fato de não usar recursos públicos em seus deslocamentos.
"Viajo com meu dinheiro, no meu avião", afirmou. Segundo aliados do
prefeito, a gravação não é uma mensagem indireta ao governador Geraldo
Alckmin, que costuma viajar em voo de carreira, como o fez, em seu
deslocamento a Belo Horizonte. Doria avisou seu grupo político mais
próximo que "não chancela" e "repudia" qualquer hostilidade em relação
ao seu padrinho político.
PAGUEI DO MEU BOLSO — O governador de São Paulo Geraldo
Alckmin cancelou parte da agenda que teria na capital mineira e decidiu
manter apenas os compromissos marcados para depois do horário comercial,
um encontro com empresários. Alckmin teve apenas agendas internas na
segunda-feira (18.set.2017) em São Paulo, sendo que a última ocorreu às
14 horas.
O governador Geraldo Alckmin disse no início da noite de segunda-feira
(18.set.2017), ao chegar a Belo Horizonte, para um evento com
empresários, que não está marcando atividades que sejam "estritamente
oficiais" em horário comercial.
Ao chegar ao evento organizado pela Federação das Indústrias de Minas
Gerais (Fiemg), onde é o palestrante, Alckmin foi questionado por
jornalistas sobre o motivo de ter cancelado reuniões políticas e
entrevistas que aconteceriam no período da manhã.
O presidente estadual do PSDB de Minas Gerais, deputado Domingos Sávio,
foi informado na sexta-feira (15.set.2017) que Alckmin só desembarcaria à
noite em Minas. Sávio teve de cancelar diversos compromissos, entre
eles uma reunião com as bancadas mineiras no Congresso, da qual
participaria o senador Aécio Neves (MG).
"Agendas que não são estritamente oficiais, eu marco à noite ou nos
finais de semana. A passagem e o hotel eu pego do meu bolso", disse
Alckmin. O governador embarcou em voo de carreira às 16 horas de
segunda-feira (18.set.2017) e foi acompanhado apenas de um ajudante de
ordens.
Em Belo Horizonte, não foi recebido com claque no aeroporto, mas por
assessores enviados pelo partido. Ao chegar ao local da palestra,
Alckmin foi recebido pelo senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) e pelos
deputados Marcus Pestana (PSDB-MG) e Domingos Sávio, todos aliados do
senador Aécio Neves.
O governador e o prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), tentam
se aproximar do grupo político de Aécio, de olho em 2018. Doria e o
senador mineiro tiveram uma longa conversa recentemente. O prefeito
também viajará a Minas Gerais nas próximas semanas. Ele deve cumprir
agenda na região metropolitana da capital mineira.
Em Belo Horizonte, Alckmin minimizou seu desempenho nas pesquisas de
opinião. "Campanha só começa quando muda o horário da novela. As grandes
viradas ocorrem nos últimos 20 dias." Os jornalistas perguntaram,
então, se o governador guarda algum rancor por Doria, que é seu afilhado
político, se movimentar como pré-candidato à Presidência. "Nenhum",
disse o governador. Alckmin disse ainda que pretende disputar prévias
para ser o candidato, caso haja mais de um postulante no PSDB.
No coquetel servido antes da palestra, tucanos historicamente alinhados
com Aécio Neves se diziam favoráveis à candidatura de Alckmin em 2018.
"Vejo nele [Alckmin] um possível candidato. Ele é o mais bem-posicionado
e acredito que venceria uma eventual prévia. Já o Doria ainda não está
posto como candidato", disse o deputado federal Bonifácio Andrada
(PSDB-MG).
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