segunda-feira, 18 de setembro de 2017

DISPUTA: Grupo ligado a João Doria é acusado de atacar Geraldo Alckmin



A disputa velada entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, João Doria, pela vaga do PSDB na disputa presidencial de 2018 se tornou um confronto aberto na juventude tucana. O J-PSDB acusa a organização Conexão 45, que é ligada ao prefeito, de atacar Alckmin e outros quadros tucanos nas redes sociais e no WhatsApp.
Em plenária da J-PSDB realizada no sábado, 16.set.2017, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o grupo recebeu Doria e se queixou ao prefeito. “Estão fazendo calúnias contra o senador José Serra, contra o ministro Alexandre de Moraes e contra o governador Geraldo Alckmin, tudo em nome do senhor”, disse Lucas Sorrilo, um dos dirigentes da J-PSDB.
No entorno do prefeito, a avaliação é de que os dois grupos aproveitam a disputa entre Doria e Alckmin por 2018 para se “cacifar politicamente”. Além de Doria, o ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, também estava na mesa principal da plenária.
A J-PSDB também disse, no evento, que militantes da Conexão 45 têm coagido tucanos com cargos na Prefeitura a apoiar a pré-candidatura presidencial de Doria. “Eles fazem pressão na capital. Dizem que, para estar na Prefeitura, tem de ser do time Doria”, afirmou Sorrilo.
Em sua fala, Doria exaltou Alckmin. “Desautorizo qualquer manifestação em relação ao Geraldo Alckmin. Tenho sido um guardião zeloso dessa relação”, afirmou.
“É péssimo estimular qualquer disputa dessa natureza. Uma bobagem. Não faz o menor sentido. É uma coisa intestina, ao contrário do que almeja o partido”, disse Aníbal antes de sair da plenária.

MENTIRA — O prefeito disse a reportagem que, após ouvir a denúncia na plenária, telefonou para Luiz Oliveira, presidente do Conexão 45, e ouviu dele que as acusações são mentirosas. Doria reiterou então que “não endossa e não apoia” nenhuma iniciativa contra Alckmin “nem sutilmente”.
Para a reportagem, Oliveira afirmou que estuda processar Sorrilo por calúnia. “Esse grupo que está na J-PSDB apoiou Marta Suplicy e Andrea Matarazzo na disputa pela Prefeitura de São Paulo. A gente defende o João, mas sem atacar o Geraldo”, afirmou o militante.
No mesmo dia da reunião da J-PSDB, que reuniu cerca de 50 pessoas na Alesp, a Conexão 45 realizou uma plenária em uma universidade com mais de 200 pessoas. Doria foi saudado como presidente e recebido com o Tema da Vitória de Ayrton Senna. “É extremamente legítimo o grupo apoiar um candidato a presidente”, disse o prefeito regional de Pinheiros, Paulo Mathias.
Além de integrar o Conexão 45, ele “se filiou” recentemente ao Movimento Brasil Livre (MBL), grupo que surgiu durante o impeachment de Dilma Rousseff e hoje atua como linha auxiliar de Doria nas redes sociais. A aproximação do PSDB com o MBL também é criticada pela J-PSDB.
A atual direção da juventude tucana é dominada por uma corrente chamada Ação Popular, que se apresenta como “progressista”. A Ação Popular e a Conexão 45 disputam o comando da J-PSDB paulista, que realizará uma convenção no dia 11 de novembro.

ANTES DE EMBARCAR — O prefeito João Doria embarcou na manhã de segunda-feira, 18.set.2017, para Porto Alegre, para mais uma agenda fora de São Paulo. Ao lado do prefeito da capital gaúcha, Nelson Marchezan (PSDB), Doria participou de encontro com líderes de seu partido e na sequência se reúniu com empresários, de quem recebeu homenagem, durante almoço na Associação Leopoldina Juvenil. À tarde, fez palestra no II Fórum de Desenvolvimento do Vale dos Sinos, em Nova Hamburgo, e em seguida retornou a São Paulo.
Antes de embarcar, Doria gravou um vídeo em frente ao seu avião no qual ressaltou o fato de não usar recursos públicos em seus deslocamentos. "Viajo com meu dinheiro, no meu avião", afirmou. Segundo aliados do prefeito, a gravação não é uma mensagem indireta ao governador Geraldo Alckmin, que costuma viajar em voo de carreira, como o fez, em seu deslocamento a Belo Horizonte. Doria avisou seu grupo político mais próximo que "não chancela" e "repudia" qualquer hostilidade em relação ao seu padrinho político.

PAGUEI DO MEU BOLSO — O governador de São Paulo Geraldo Alckmin cancelou parte da agenda que teria na capital mineira e decidiu manter apenas os compromissos marcados para depois do horário comercial, um encontro com empresários. Alckmin teve apenas agendas internas na segunda-feira (18.set.2017) em São Paulo, sendo que a última ocorreu às 14 horas.
O governador Geraldo Alckmin disse no início da noite de segunda-feira (18.set.2017), ao chegar a Belo Horizonte, para um evento com empresários, que não está marcando atividades que sejam "estritamente oficiais" em horário comercial.
Ao chegar ao evento organizado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), onde é o palestrante, Alckmin foi questionado por jornalistas sobre o motivo de ter cancelado reuniões políticas e entrevistas que aconteceriam no período da manhã.
O presidente estadual do PSDB de Minas Gerais, deputado Domingos Sávio, foi informado na sexta-feira (15.set.2017) que Alckmin só desembarcaria à noite em Minas. Sávio teve de cancelar diversos compromissos, entre eles uma reunião com as bancadas mineiras no Congresso, da qual participaria o senador Aécio Neves (MG).
"Agendas que não são estritamente oficiais, eu marco à noite ou nos finais de semana. A passagem e o hotel eu pego do meu bolso", disse Alckmin. O governador embarcou em voo de carreira às 16 horas de segunda-feira (18.set.2017) e foi acompanhado apenas de um ajudante de ordens.
Em Belo Horizonte, não foi recebido com claque no aeroporto, mas por assessores enviados pelo partido. Ao chegar ao local da palestra, Alckmin foi recebido pelo senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) e pelos deputados Marcus Pestana (PSDB-MG) e Domingos Sávio, todos aliados do senador Aécio Neves.
O governador e o prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), tentam se aproximar do grupo político de Aécio, de olho em 2018. Doria e o senador mineiro tiveram uma longa conversa recentemente. O prefeito também viajará a Minas Gerais nas próximas semanas. Ele deve cumprir agenda na região metropolitana da capital mineira.
Em Belo Horizonte, Alckmin minimizou seu desempenho nas pesquisas de opinião. "Campanha só começa quando muda o horário da novela. As grandes viradas ocorrem nos últimos 20 dias." Os jornalistas perguntaram, então, se o governador guarda algum rancor por Doria, que é seu afilhado político, se movimentar como pré-candidato à Presidência. "Nenhum", disse o governador. Alckmin disse ainda que pretende disputar prévias para ser o candidato, caso haja mais de um postulante no PSDB.
No coquetel servido antes da palestra, tucanos historicamente alinhados com Aécio Neves se diziam favoráveis à candidatura de Alckmin em 2018. "Vejo nele [Alckmin] um possível candidato. Ele é o mais bem-posicionado e acredito que venceria uma eventual prévia. Já o Doria ainda não está posto como candidato", disse o deputado federal Bonifácio Andrada (PSDB-MG).




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