Essa é situação da economia brasileira |
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Dólar sobe 13% ante real em 2014
Alta deve continuar em 2015
Apesar da forte e constante atuação do Banco Central, o dólar fechou
2014 em alta de quase 13% ante o real e deve continuar subindo no ano
que vem, com a expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos e
redução gradual da presença da autoridade monetária brasileira no
mercado cambial.
Foi o quarto ano seguido de valorização da moeda norte-americana, que
acumulou alta de 60% ante o real no primeiro mandato da presidente Dilma
Rousseff.
Nesta terça-feira, 30.dez.2014, último pregão regular do ano, contudo, o
dólar recuou 1,79%, a R$ 2,65 reais na venda, em meio a ajustes após a
escalada recente e ao baixo volume de negócios.
Em dezembro, a moeda norte-americana avançou 3,39%, no quarto mês
seguido de alta, e no trimestre acumulou alta de 8,61%. No ano, o avanço
foi de 12,78%.
A expectativa do mercado é que o dólar mantenha a trajetória de alta em
2015, mesmo com a divisa oscilando perto das máximas em quase dez anos.
O relatório Focus do BC mostrou na segunda-feira, 29.dez.2014, que
economistas de instituições financeiras passaram a projetar o dólar a R$
2,80 no fim de 2015.
“Esperamos uma valorização global do dólar, com a perspectiva de alta
dos juros nos Estados Unidos. É quase impossível imaginar um cenário em
que o real fique imune a isso”, afirmou a estrategista para mercados
emergentes do banco Jefferies em Nova York, Siobhan Morden.
Os últimos indicadores econômicos dos EUA têm reforçado a percepção de
que a recuperação norte-americana segue forte, apesar do fraco
crescimento de outras economias importantes, pavimentando o caminho para
uma alta dos juros que pode atrair para a maior economia do mundo
recursos aplicados em países como o Brasil.
No quadro interno, a expectativa é que o BC reduza gradualmente sua
atuação no mercado de câmbio, embora deva continuar atuando diariamente
no primeiro semestre de 2015.
O BC tem intervindo diariamente no câmbio desde agosto de 2013,
justamente quando o Federal Reserve, banco central norte-americano,
começou a sinalizar que pretendia reduzir seu programa de estímulos
monetários. Na época, a oferta diária era de 10 mil contratos de swaps
cambiais e o programa incluía também leilões semanais de venda de
dólares com compromisso de recompra, os chamados leilões de linha.
Em 2014, o BC reduziu sua presença no mercado, eliminando os leilões de
linha e passando a ofertar diariamente 4 mil swaps. Entre os agentes
financeiros, a expectativa é que, agora, o BC reduza as ofertas diárias
de swap e calibre as rolagens para garantir que o estoque desses
contratos não cresça muito, preparando o terreno para mais uma redução
nas atuações diárias.
O presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, já afirmou que o
BC continuará ofertando o equivalente a entre US$ 50 milhões e US$ 200
milhões em swaps cambiais por dia, mas não precisou ainda qual será o
montante. Ele também tem afirmado que o atual estoque de swaps, que
corresponde a pouco mais de US$ 100 bilhões, já dá conta da demanda por
proteção cambial.
“É natural que o dólar seja um pouco pressionado com o BC diminuindo as
ofertas de swap, mas ele já indicou que vai fazer isso de forma bastante
gradual”, disse o gerente de câmbio da corretora BGC, Francisco
Carvalho.
Nesta manhã (30.dez.2014), o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps
pelas atuações diárias, com volume correspondente a US$ 195,1 milhões.
Foram vendidos 550 contratos para 1º de setembro e 3,45 mil contratos
para 1º de dezembro de 2015.
Na véspera, a autoridade monetária também concluiu a rolagem dos swaps
que vencem em janeiro, movimentando praticamente todo o lote equivalente
a US$ 9,827 bilhões. Nos últimos quatro meses, o BC tem feito rolagens
praticamente integrais.
O plano do BC de reduzir as intervenções deve ser auxiliado pela melhora
da credibilidade fiscal do governo. O ministro indicado para a Fazenda,
Joaquim Levy, já disse que perseguirá em 2015 uma meta de superávit
primário equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e, nos anos
seguintes, buscará a redução da dívida bruta.
Essas promessas têm agradado os agentes financeiros, que criticam a
condução atual da política fiscal por ser excessivamente expansionista e
pouco transparente. Mas operadores ainda querem ver garantias de que
esse objetivo será cumprido, uma vez que a avaliação é que o caminho não
será fácil.
Na segunda-feira (29.dez.2014), o governo anunciou um pacote de ajustes
nas regras de acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários que
deve gerar economia anual de R$ 18 bilhões.
“O dólar vai subir, sem dúvida, mas um ajuste fiscal crível pode
amortecer a pressão”, disse o operador de câmbio da corretora B&T,
Marcos Trabbold.
Nesta sessão, o dólar chegou a cair quase 2,5%, a R$ 2,64, em um
movimento amplificado pela briga antes da formação da Ptax de dezembro. A
Ptax, que serve de referência para diversos contratos cambiais, fechou a
R$ 2,655 para compra e R$ 2,656 para venda.
Aurelius: “default” da Petrobras
O Aurelius Capital Management, um fundo de investimentos de Nova York
que detém títulos de dívida da Petrobras, está exortando outros credores
da empresa a enviar um “aviso de default” pelo fato da estatal não ter
publicado ainda seus números do terceiro trimestre.
Os contratos que regem os títulos de dívida (bonds) da Petrobras
estabelecem que a estatal tinha até ontem (29.dez.2014) para publicar
seu resultado do terceiro trimestre — prazo que a empresa não cumpriu. A
partir do “aviso de default”, a estatal tem 60 dias para publicar o
balanço. Se não cumprir este prazo, a Petrobras entrará em “default
técnico,” o que significa que ela está descumprindo os contratos com os
credores — mesmo que continue em dia com seus pagamentos.
Um “default técnico” permite que credores que coletivamente detenham 25%
de qualquer emissão de bonds da Petrobras possam se reunir em um grupo e
exigir o resgate imediato de seus títulos, obrigando a Petrobras a
fazer desembolsos bilionários num momento em que seu caixa é curto.
A exortação do Aurelius não tem nenhuma implicação relevante para a
Petrobras neste momento, mas é mais um capítulo na escalada da tensão
sobre a possibilidade da empresa entrar em default técnico.
A notícia sobre a carta do Aurelius a outros credores saiu com
exclusividade na Bloomberg no final da tarde de ontem (29.dez.2014).
Para o Aurelius, o “aviso de default” é uma medida de precaução que
todos os credores deveriam adotar neste momento. Na carta, o fundo diz
ainda que a Petrobras ficará excluída do mercado de dívida internacional
até a normalização de suas divulgações financeiras.
A Petrobras tem cerca de 53,6 bilhões de dólares em bonds no mercado internacional.
Em 12 de dezembro, a Petrobras disse que seus credores concordaram com o
adiamento do balanço até o fim de janeiro. Na carta, o Aurelius diz que
aquele “perdão” só é válido para uma das emissões de dívida da empresa.
Dilma define em decreto salário mínimo de R$ 788 a partir de janeiro de 2015
A presidente Dilma Rousseff definiu o valor de R$ 788 para o salário
mínimo a partir de janeiro de 2015 em decreto publicado no "Diário
Oficial da União" de terça-feira (30.dez.2014).
Atualmente o valor do salário mínimo é de R$ 724. O reajuste, portanto, é de 8,84%.
O valor do salário mínimo é calculado com base no percentual de
crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do ano retrasado mais a
reposição da inflação do ano anterior pelo INPC (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor).
A Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional havia definido um
salário mínimo de R$ 790 a partir de janeiro do próximo ano ao aprovar o
relatório final da Lei Orçamentária para 2015.
O texto, no entanto, ainda precisa ser aprovado pelo plenário do
Congresso Nacional, que reúne deputados e senadores, o que só acontecerá
ano que vem.
ECONOMIA
O mínimo de R$ 788,00 fixado pela presidente Dilma Rousseff é menor do
que o valor esperado pelo Congresso Nacional, que utilizava uma
estimativa de R$ 790,00 nos cálculos para fixação do Orçamento de 2015,
ainda não aprovado.
Essa diferença de R$ 2,00 proporcionará uma economia de R$ 752,8 milhões em relação à previsão de gastos do Legislativo.
O valor estabelecido hoje por Dilma é, inclusive, ligeiramente inferior
ao previsto pelo próprio governo em agosto deste ano, quando a proposta
do Orçamento de 2015 foi enviada ao Congresso. Na ocasião, o valor era
R$ 788,06.
O valor do mínimo, porém, ainda é provisório. Isso porque o piso é
reajustado conforme o crescimento da economia de dois anos atrás, mais a
variação da inflação deste ano, medida pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor (INPC). Essa ainda não está apurada, por isso o governo
usou uma estimativa. Mas, se ela se revelar inferior ao resultado, o
mínimo será recalculado.
Especialistas apontam que o governo, ao construir sua proposta de
Orçamento para 2015, puxou para baixo a estimativa de diversos gastos e
exagerou na expectativa de arrecadação, para conseguir fechar as contas.
REGIONAIS
Os Estados podem estabelecer outros valores para o salário mínimo de
categorias. Os profissionais que não tiverem piso específico seguem com o
salário mínimo nacional, de R$ 788 em 2015.
Angela Merkel, a poderosa líder da Alemanha, praticava nudismo.
Angela Merkel (à esquerda), por volta dos 20 anos de idade, com duas amigas: nudista quando jovem. |
Uma foto em preto e branco mostra a atual chanceler da Alemanha, Angela
Merkel, 61 anos incompletos, uma das governantes mais influentes e
poderosas do mundo, praticando nudismo quando jovem em companhia de duas
amigas.
Ninguém sabe de onde saiu a foto. O fato, porém, é que Merkel, como
milhões de alemães, foi, sim, adepta do nudismo na juventude — na foto,
ela estaria por volta dos 20 anos.
Angela Merkel |
Mesmo na antiga Alemanha Oriental comunista, moralista e severa, onde
foi criada (ela nasceu em Hamburgo, na ex-Alemanha Ocidental, mas seu
pai, pastor luterano, mudou-se para a parte ocidental como missão da
igreja), o nudismo era praticado sem problemas, não apenas na costa
alemã do Mar Báltico como também em lagos, piscinas e parques públicos.
A foto não foi, naturalmente, obra de nenhum paparazzo, já que a jovem Merkel era apenas uma estudante de Física na época.
A chanceler teve em 2006 o dissabor de ver publicada pelo tabloide de
escândalos britânico The Sun uma foto sua, de costas, vestindo um roupão
branco após um mergulho nas águas do Mar Tirreno na ilha de Ischia, na
Itália, em que boa parte das nádegas aparece enquanto ela ajeita a parte
de baixo de um maiô de duas peças.
Foto do tabloide britânico The Sun |
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Igreja levou três séculos para alçar Jesus à condição de Deus
"E vós, quem dizeis que eu sou?", pergunta Jesus aos apóstolos, numa
das cenas mais importantes dos Evangelhos. De acordo com um historiador
americano, se essa mesma pergunta fosse feita aos autores dos livros que
compõem o Novo Testamento, cada um deles daria uma resposta diferente -
e só um diria que Jesus é Deus.
Analisando os textos produzidos pelos primeiros cristãos,
acompanha-se as controvérsias sobre a natureza de Cristo ao longo de
mais de três séculos.
A análise indica que os atuais dogmas cristãos sobre Jesus - para quase todas as igrejas, ele é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, tão eterno quanto Deus Pai - demoraram para se consolidar.
Ocorre, porém, que essa posição, hoje considerada ortodoxa, não está
clara em muitos textos da Bíblia.
Por exemplo, o Evangelho de Marcos, considerado o mais antigo (escrito em torno do ano 65 d.C.), apresenta uma perspectiva que os cristãos dos séculos seguintes chamariam de adocionista - ou seja, Jesus é um homem que é "adotado" por Deus como seu filho.
Por exemplo, o Evangelho de Marcos, considerado o mais antigo (escrito em torno do ano 65 d.C.), apresenta uma perspectiva que os cristãos dos séculos seguintes chamariam de adocionista - ou seja, Jesus é um homem que é "adotado" por Deus como seu filho.
Muitos autores hoje vão tentar defender a ortodoxia de Marcos, porque
afinal ele foi aceito pela Igreja. Mas, se você faz o exercício de ler
Marcos separado do Novo Testamento, se ele fosse o único texto que temos
sobre Jesus, fica difícil sustentar que Marcos acredita que Jesus era o
Cristo desde a eternidade.
Algumas décadas depois, os autores do Evangelho de Mateus e do Evangelho
de Lucas usaram Marcos como fonte, mas inseriram narrativas da infância
de Jesus (da qual Marcos não fala) no começo de seus textos. Eles
mencionam, pela primeira vez, a gravidez milagrosa da Virgem Maria, e
que Jesus seria divino desde a concepção.
Em todo caso, a crença na ressurreição de Jesus é um fator decisivo para
o desenvolvimento das doutrinas sobre a natureza de Cristo. Foi por
acreditarem que Jesus tinha ressuscitado que ao menos alguns de seus
seguidores passaram a vê-lo como algo mais do que humano.
Uma figura-chave nesse movimento é o apóstolo Paulo. Em sua Carta aos
Filipenses, ele diz que Jesus "estando na forma de Deus, não usou de seu
direito de ser tratado como um deus, mas se despojou, tornando-se
obediente até a morte". Por isso "Deus soberanamente o elevou e lhe
conferiu o nome que está acima de todo nome".
Essa passagem, e outras das obras de Paulo, indicam que o apóstolo via
Jesus como um ser divino, mas não idêntico a Deus. Na prática, Paulo
via Jesus como o mais poderoso dos anjos, que se encarnou por ordem
divina.
A visão de Paulo não seria a última palavra. Escrito por volta do ano
100 d.C., o Evangelho de João é o primeiro a dar a entender que Jesus e
Deus Pai estão em pé de igualdade desde a eternidade.
Nos dois séculos seguintes, outros grupos apresentariam perspectivas bem diferentes (veja quadro abaixo).
O dogma atual só seria definido no ano 325, no Concílio de Niceia,
reunião organizada pelo imperador romano Constantino. O dogma enfim
conciliou as várias perspectivas divergentes que existiam sobre Jesus
nos livros do Novo Testamento.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
Quanto ganha cada diretor da Petrobrás?
Graça Foster fatura R$ 158,3 mil por mês?
Graça Foster fatura R$ 158,3 mil por mês?
A reclamação trabalhista protocolada pela ex-gerente Venina da Fonseca,
permite abrir ligeiramente a caixa preta da Folha de Pessoal da
Petrobrás. São valores altíssimos. Os altos salários contemplam os
empregados. Isto ajuda a explicar o silêncio obsequioso de todos eles
diante das roubalheiras reveladas diariamente pelo Petrolão.
Aí vão quatro salários dos níveis mais altos de mando da Petrobrás,
conforme consta na petição inicial protocolada por Venina da Fonseca:
- Presidente Graça Foster - R$ 158,3 mil mensais
- Diretores - R$ 145,7 mil mensais
- Gerentes - R$ 69,1 mil mensais
- CEOs da Petrobrás no exterior - R$ 167,3 mil mensais
E ainda precisam roubar ?
A Petrobrás definitivamente é deles.
Indulto de Natal deve extinguir pena de José Genoino
José Genoino |
O indulto de Natal, assinado na quarta-feira (24.dez.2014) pela
presidente Dilma Rousseff, deve extinguir a pena imposta ao
ex-presidente do PT José Genoino, condenado a 4 anos e 8 meses de prisão
no processo do mensalão.
Publicado em edição extra do Diário Oficial da União, o benefício, concedido anualmente, atinge milhares de presos, a maioria
dos beneficiados são detentos de bom comportamento, com penas baixas e
não reincidentes. No caso de Genoino, ele deve receber o perdão judicial
por já estar no regime aberto e ter cumprido mais de um quarto de sua
condenação.
A concessão do benefício, no entanto, não é automática. Genoino terá de
enviar um pedido à Justiça dizendo que ele se enquadra nas regras do
indulto de 2014. O juiz de execução, por sua vez, terá de analisar o
caso específico, verificando o comportamento do ex-presidente e checando
se ele realmente pode descontar dias de sua pena por ter estudado.
Se entender que todos os critérios foram cumpridos, dará aval para a
extinção da pena de Genoino. Como o processo principal do mensalão corre
no STF (Supremo Tribunal Federal), o relator da matéria, ministro Luís
Roberto Barros, também será consultado e caberá a ele uma palavra final.
HISTÓRICO
Genoino foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão
por corrupção. Sua pena foi fixada em 4 anos e 8 meses. Atualmente, o
ex-deputado está em regime aberto e já cumpriu um quarto do tempo total.
A defesa do ex-deputado e ex-presidente do PT, José Genoino, deve
estudar o decreto nos próximos dias para pedir que o benefício seja
aplicado ao condenado no julgamento do mensalão.
O advogado Cláudio Alencar, que defende Genoino, disse que ainda não viu
o decreto e que deve examinar o texto e calcular precisamente quantos
dias ele já cumpriu antes de pedir o indulto.
Nesta semana, outro condenado pelo mensalão, o também petista João Paulo
Cunha, recebeu autorização do STF para passar o fim de ano com a
família.
FORA DA PRISÃO
Do núcleo político do mensalão, a maior parte dos condenados já está
fora dos presídios. O ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT
Delúbio Soares e os ex-deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP), Bispo
Rodrigues (PR-RJ) e Pedro Henry (PP-MT), por exemplo, cumprem pena no
regime aberto, em suas casas.
Eles não foram beneficiados com o indulto de 2014 pois suas condenações
são maiores que a de Genoino. Caso as regras para o perdão presidencial
de 2015 repitam as deste ano, eles também devem conseguir a extinção de
suas penas.
Tratado de controle de armas entra em vigor em 60 países
Acordo firmado pela ONU é considerado
uma 'nova era' por organizações não-governamentais; lei internacional
serve para combater o tráfico e a proliferação
Entrou em vigor na quarta-feira, 24.dez.2014, em 60 países - entre os
quais França, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália e Espanha - um dos mais
importantes tratados recentes assinados na Organização das Nações Unidas
(ONU), o que regula o comércio de armas em todo o mundo. O documento
foi adotado em 2 de abril de 2013 pela Assembleia Geral, com o objetivo
de regular o mercado, combatendo o tráfico internacional.
Estima-se em US$ 85 bilhões por ano o comércio de armas convencionais no
mundo, um motor de guerras, conflitos civis, de atividades terroristas,
crime organizado e violência urbana. Em relatório sobre o tema, a
Anistia Internacional, grupo que faz parte da Coalizão pelo Controle de
Armas (CAC), grupo que reúne mais de cem das maiores organizações
não-governamentais do mundo, estima que 500 mil pessoas são mortas e em
razão dos desfuncionamentos do mercado de armas.
Ciente da gravidade do problema, a ONU negociou a duras penas um tratado
com o objetivo de regular a importação, a exportação, o trânsito e a
negociação, o fluxo de armas para países sob embargo internacional e
para aqueles que violam de forma manifesta os direitos humanos. Estão
incluídos no texto de revólveres, pistolas, fuzis, e metralhadoras até
aviões e navios de guerra e mísseis. Não fazem parte as armas nucleares,
químicas e biológicas, que obedecem a outras convenções internacionais.
Até aqui, 130 países - dos 193 da ONU - assinaram a adesão, mas por ora
60 o ratificaram. Um mínimo de 50 eram necessários para que a legislação
entrasse em vigor. Na última quinta-feira (18.dez.2014), Israel se
juntou ao grupo. Grandes países exportadores de armas, como a França e a
Grã-Bretanha, estão entre os primeiros signatários a ratificarem a
medida, mas os Estados Unidos, o maior produtor e exportador mundial,
ainda não homologaram o texto. Países como a China, a Rússia e o Canadá
nem sequer assinaram o texto. Na terça-feira (23.dez.2014), o
secretário-geral da ONU reforçou o apelo para que os governos ainda não
signatários ingressem no grupo "o mais rápido possível".
Para a Coalizão pelo Controle de Armas, o tratado representa uma nova
era - caso as regras sejam de fato aplicadas. "Nós temos lutado por este
momento por uma década. Se for bem implementado, este tratado tem
potencial para salvar muitas vidas e oferece proteção devida a civis
vulneráveis em todo o mundo", afirmou Anna Macdonald, diretora da
coalizão.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Joaquim Barbosa sobre Dilma: Que degradação!
Joaquim Barbosa |
“Que degradação institucional! Nossa presidente vai consultar órgão de
persecução criminal antes de nomear um membro do seu governo!!!”. O comentário ácido foi veiculado na internet pelo ministro aposentado Joaquim Barbosa,
nas pegadas da entrevista em que Dilma Rousseff revelou a intenção de
“consultar'' o procurador-geral da República Rodrigo Janot para saber se
os candidatos a ministro estão envolvidos no escândalo de corrupção da
Petrobras.
“Há sinais claros de que a chefe do Estado brasileiro não dispõe de
pessoas minimamente lúcidas para aconselhá-la em situações de crise”, acrescentou o ex-presidente do STF.
Sem mencionar-lhe o nome, Barbosa deu uma estocada no ministro José
Eduardo Cardozo (Justiça): “Onde estão os áulicos tidos como candidatos a
uma vaga no STF, que poderiam esclarecer: ‘Ministério Público não é
órgão de assessoria!!!’.”
Egresso da carreira de procurador, Joaquim Barbosa deu uma consultoria gratuita à presidente:
“Ministério Público é órgão de contenção do poder político. Existe para
controlar-lhe os desvios, investigá-lo, não para assessorá-lo.''
Encerrou com uma expressão em francês: “Du jamais vu!”. Significa “coisa
jamais vista''. Uma variação esnobe do bordão preferido de Lula: “nunca
antes na história desse país''.
Contactou-se a Procuradoria. O gabinete do procurador-geral informou que:
1) a lei proíbe membros do Ministério Público de prestarem consultorias;
2) Rodrigo Janot não compartilhará dados sigilosos obtidos sob delação premiada na Operação Lava Jato.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Bancos criam dificuldades para bloquear dinheiro na Operação Lava Jato
Bancos privados têm criado dificuldades para transferir para contas
judiciais recursos milionários bloqueados na Operação Lava Jato.
O juiz do caso, Sergio Moro, adotou a medida para privar os investigados
de usufruir "do produto de suas atividades criminosas". O bloqueio
atinge executivos de construtoras, doleiros, lobistas e ex-dirigentes da
Petrobras, entre outros.
A Polícia Federal estima que o grupo do qual fazia parte o doleiro
Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ambos
presos na Lava Jato, tenha movimentado aproximadamente R$ 10 bilhões.
Boa parte dessa quantia foi desviada de obras da estatal petrolífera com
suspeitas de fraudes e, posteriormente, aplicada nos bancos.
Para o juiz Sergio Moro, não importa se o dinheiro sujo foi misturado a
recursos de origem lícita. "Considerando os valores milionários dos
supostos crimes", o magistrado decretou o bloqueio das contas de todos
os investigados até o montante de R$ 20 milhões para cada um deles.
Após o bloqueio, os recursos têm de ser transferidos para contas judiciais, na Caixa Econômica Federal.
Mas, sob o argumento de que o dinheiro está em aplicações de longo
prazo, as instituições financeiras têm solicitado a Moro que aguarde o
vencimento dos títulos, para evitar grandes descontos na venda dos
papéis.
Entre as modalidades de investimento bloqueadas, há exemplos com prazo até 2026.
Os recursos mantidos em CDB (Certificado de Depósito Bancário) e fundos
de investimento, por exemplo, geram comissões para os bancos, como taxas
de administração.
As instituições financeiras temem causar impacto na rentabilidade destes
fundos, já que os valores envolvidos são muito altos, e com isso afetar
clientes que nada têm a ver com os escândalos de corrupção envolvendo a
Petrobras.
Um dos casos que chamaram a atenção dos investigadores foi o do
vice-presidente da construtora Engevix, Gerson Almada, preso na sétima
fase da Lava Jato.
Somente no BNP Paribas, instituição financeira de origem francesa,
Almada tinha R$ 19,3 milhões aplicados em mais de duas dúzias de
investimentos.
No dia 20 de novembro, a Justiça determinou a transferência desse dinheiro para uma conta judicial.
No dia 25 do mesmo mês, o BNP enviou uma carta ao juiz Sergio Moro,
falando que os valores não podem ser resgatados antes do prazo.
"Como Vossa Excelência pode presumir, os valores entregues a esta
instituição pelo mencionado cliente foram, assim que recebidos,
investidos em ativos financeiros [...]. Todos esses ativos possuem
vencimento futuro [...], que, em parte, não podem ser resgatados antes
do respectivo vencimento", diz um trecho da correspondência.
O Banco Fator, onde Almada também mantém recursos aplicados, mandou carta com o mesmo tipo de observação para o juiz.
No dia 24 do mês passado, os advogados de Almada entraram com recurso
para tentar reverter o bloqueio nas contas de seu cliente, que atingiu o
valor de R$ 28 milhões -superando o teto de R$ 20 milhões.
Outro investigado com recursos em aplicações de longo prazo é o
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, apontado por Paulo
Roberto Costa e outros depoentes da Lava Jato como beneficiário de
propina do esquema de desvios na estatal.
Num extrato dos investimentos de Duque encaminhado para a 13ª Vara
Federal de Curitiba, o Santander listou um fundo de longo prazo com R$
897 mil de saldo.
No dia 12 deste mês, o Ministério Público Federal enviou para Sergio
Moro ofício relatando questionamentos feitos pelos bancos sobre a
extensão do bloqueio.
De acordo com o documento enviado ao juiz, alguns bancos tentaram evitar
que a medida atingisse, por exemplo, fundos de previdência
complementar.
No ofício, os procuradores defenderam que todos os valores investidos,
até mesmo os da previdência complementar, deveriam ser alcançados. A
única exceção seriam verbas alimentares.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
28 políticos beneficiários de
esquema na Petrobrás
A lista completa dos citados
Paulo Roberto Costa relata em 80 depoimentos relação que inclui
ministro e ex-ministros da gestão Dilma Rousseff, governador,
ex-governadores e parlamentares; são, ao todo, 10 nomes do PP, 8 do
PT, 8 do PMDB, 1 do PSB e 1 do PSDB
Primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobrás Paulo Roberto Costa citou em 80 depoimentos que se
estenderam por duas semanas, entre agosto e setembro, uma lista de
28 políticos – que inclui ministro e ex-ministros do governo Dilma
Rousseff (PT), deputados, senadores, governador e ex-governadores.
A relação inclui ainda parlamentares que integram a base aliada do
Palácio do Planalto no Congresso como supostos beneficiários do
esquema de corrupção e caixa 2 que se instalou na petrolífera entre
2004 e 2012.
Há nomes que até aqui ainda não haviam sido revelados, como o
governador do Acre, Tião Viana (PT), reeleito em 2014, além dos
deputados Vander Luiz dos Santos Loubet (PT-MS), Alexandre José dos
Santos (PMDB-RJ), Luiz Fernando Faria (PP-MG) e José Otávio Germano
(PP-RS). Entre os congressistas, ao todo foram mencionados sete
senadores e onze deputados federais.
O perfil da lista reflete o consórcio partidário que mantinha Costa
no cargo e contratos bilionários da estatal sob sua tutela – são 8
políticos do PMDB, 10 do PP, 8 do PT, 1 do PSB e 1 do PSDB. Alguns,
segundo o ex-diretor de Abastecimento, recebiam repasses com
frequência ou valores que chegaram a superar R$ 1 milhão – dinheiro
que teria sido usado em campanhas eleitorais. Outros receberam
esporadicamente – caso, segundo ele, do ex-senador Sérgio Guerra,
que foi presidente nacional do PSDB e em 2009 teria pedido R$ 10
milhões para arquivar uma CPI da Petrobrás no Senado.
Sobre vários políticos, o ex-diretor da estatal apenas mencionou o
nome. Não revelou valores que teriam sido distribuídos a eles ou a
suas agremiações.
Foram citados os ex-governadores do Rio Sérgio Cabral (PMDB), do
Maranhão Roseana Sarney (PMDB) e de Pernambuco Eduardo Campos (PSB)
– que morreu em um acidente aéreo em 13 de agosto, durante campanha
presidencial.
Primeiro escalão
A lista inclui também o ex-ministro Antonio Palocci (PT), que ocupou
a Esplanada nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma; os
presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o atual ministro de Minas e
Energia, Edson Lobão, e ex-ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e
Mário Negromonte (Cidades).
Os 28 nomes são exclusivamente de políticos que teriam sido
beneficiários dos negócios da diretoria de Costa. A Polícia Federal
e a Procuradoria da República trabalham com outros nomes de
políticos que se relacionavam com os ex-diretores da estatal Renato
Duque (Serviços) e Internacional (Nestor Cerveró).
As revelações foram feitas em depoimentos prestados por Costa à
força tarefa da Lava Jato e fazem parte do acordo de delação
premiada firmado pelo ex-diretor com o Ministério Público Federal em
troca de redução da pena. Desde que sua delação foi aceita pelo
Supremo Tribunal Federal, ele cumpre prisão em regime domiciliar, no
Rio.
Alguns nomes dessa lista também aparecem na relação fornecida pelo
doleiro Alberto Youssef, que firmou acordo semelhante – ainda não
homologado pelo ministro Teori Zavascki, do STF. O procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, deve denunciar os envolvidos no esquema
de desvios da estatal em fevereiro, quando tem início a nova
legislatura.
A delação do ex-diretor da Petrobrás, já homologada pelo Supremo,
estava com Janot desde novembro. Ele aguarda o teor do depoimento de
Youssef para cruzar os nomes citados, o que deverá ser realizado até
o início da próxima legislatura.
Foro
Na troca da composição do Congresso, alguns dos citados perdem foro
privilegiado e passam a ser julgados pela Justiça de primeira
instância. Por decisão do ministro Teori Zavascki, as investigações
permanecem divididas entre a Suprema Corte e a Justiça Federal no
Paraná, onde serão investigados os acusados que não têm mandato.
A lista de 28 nomes foi revelada por Costa exclusivamente no âmbito
da delação premiada. Como são citados políticos com foro
privilegiado, o caso foi parar no STF. Em depoimentos à primeira
instância da Justiça Federal, o ex-diretor da Petrobrás não falou de
políticos, mas citou que o PP, o PMDB e o PT recebiam de 1% a 3%
sobre o valor dos contratos da estatal para abastecer caixa de
campanha.
A investigação desvendou uma trama de repasses a políticos na
estatal. A Lava Jato foi desencadeada em março e identificou a
parceria de Costa com o doleiro Youssef. Na última fase da operação,
deflagrada em 14 de novembro, foram presos os principais executivos
e dirigentes das maiores empreiteiras do País, todos réus em ações
penais por corrupção ativa, lavagem de dinheiro, crimes de cartel e
fraudes a licitações.
Não pode haver 3º turno, diz Dilma sobre pedido do PSDB para cassá-la.
Dilma (de vermelho) durante cerimônia de diplomação, no TSE (18.dez.2014) |
A presidente Dilma Rousseff festejou a declaração do presidente do TSE,
Dias Toffoli, que na noite de quinta-feira (18.dez.2014) disse em seu
discurso que “não haverá terceiro turno na Justiça Eleitoral”.
A sra. gostou da declaração do ministro Toffoli?, quis saber a
reportagem após a cerimônia de diplomação no plenário do Tribunal
Superior Eleitoral. “Eu concordo com ele. Até porque não pode haver [3º
turno], né?”, respondeu a presidente. Ela e o vice-presidente, Michel
Temer, ainda não sabiam da ação movida pelo PSDB no TSE que pedia a
cassação de ambos.
A Presidente só soube da ação tucana depois de ser diplomada pelo TSE.
“Com base em quê estão pedindo isso?”, quis saber Temer. Informado do
teor da ação do PSDB, tanto o vice-presidente como Dilma mencionaram que
as contas da campanha já estão aprovadas. E aí ficou mais claro para
ambos o contexto em que Dias Toffoli fez a declaração sobre não admitir
“3º turno”, minutos antes, durante a cerimônia de diplomação.
Ao comentar sua proposta de “pacto nacional” contra a corrupção, Dilma
disse: “Gostei do meu discurso. Nós vamos fazer”. Como uma das propostas
conexas ao “pacto” é uma reforma política, a reportagem quis saber se
ela realmente considerava exequível tal projeto. “Pode esperar”, disse
ela. E Temer completou: “É absolutamente necessária”.
Novos ministros só serão confirmados pela presidente petista na semana que vem.
A presidente revelou seus planos sobre nomeação de ministros para o
segundo mandato. “Neste fim de semana, não. Será na semana que vem”,
afirmou. Ou seja, a lista de ministros deve ser completada apenas na
semana do feriado do Natal.
O diploma da reeleição de Dilma Rousseff, em exposição no TSE (18.dez.2014) |
TSE diploma Dilma como presidente da República e Temer como vice
A presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) recebeu, na noite de
quinta-feira (18.dez.2014), o diploma de presidente da República das
mãos do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Dias
Toffoli. O vice-presidente reeleito, Michel Temer (PMDB), também recebeu
o documento. A diplomação habilita os vencedores das eleições a tomar
posse no próximo dia 1º de janeiro para o mandato de 2015 a 2018.
Em seu discurso após entregar o diploma a Dilma, Toffoli disse que as
ações da oposição para tentar impedir a posse de Dilma são "página
virada". "Não haverá terceiro turno na Justiça Eleitoral", disse o
presidente do TSE.
PSDB pede no TSE cassação de Dilma e Temer
Pouco antes da cerimônia de posse de diplomação de Dilma Rousseff e Michel Temer, reeleitos em outubro, o PSDB protocolou
no TSE uma ação inédita. Na peça, o partido acusa a coligação vencedora
de uso da máquina e abuso do poder econômico, questiona a legitimidade
da eleição, pede a cassação do registro da dupla vencedora e reivindica
que sejam empossados os tucanos Aécio Neves e Aloysio Nunes Ferreira nos
cargos de presidente e vice-presidente da República.
Diz a petição: “A eleição presidencial de 2014, das mais acirradas de
todos os tempos, revelou-se manchada de forma indelével pelo abuso de
poder, tanto político quanto econômico, praticado em proveito dos
primeiros réus, Dilma Vana Rousseff e Michel Miguel Elias Temer Lulia,
reeleitos presidente e vice-presidente da República, respectivamente.”
Prossegue o texto: “De fato, foram tantos os ilícitos perpetrados que,
no curso da campanha, tornou-se possível compreender que se cuidava de
uma ação coordenada visando a garantir o êxito do projeto reeleitoral
dos investigados, trazendo derradeiras luzes sobre a expressão que, num
típico ato falho, foi utilizada pela Presidente Dilma Rousseff ao
entregar, ainda em 4 de março de 2013, um conjunto residencial inserido
no programa ‘Minha Casa Minha Vida ‘em João Pessoa-PB: ‘… nós podemos
fazer o diabo quando é a hora da eleição…’.”
Pressionando aqui, você chega à íntegra da ação movida pelo PSDB e pela coligação que deu suporte político à chapa Aécio-Aloysio.
7,2 milhões de pessoas convivem com a fome no Brasil
Segundo a pesquisa do IBGE, um em cada quatro lares brasileiros
ainda vivia em 2013 algum grau de insegurança alimentar
Mais de 7 milhões de brasileiros convivem com a fome,
constatou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
no Suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
divulgado na quinta-feira, 18.dez.2014. Segundo o documento, 7,2 milhões
de brasileiros moram em 2,1 milhões de domicílios onde pelo menos
uma pessoa passou um dia inteiro sem comer por falta de dinheiro
para comprar comida, nos três meses anteriores à pesquisa. No termo
técnico, essas pessoas vivem em insegurança alimentar grave e são
3,6% do total de moradores em domicílios particulares (193,9
milhões).
Houve avanço em relação a 2009, quando 11,3 milhões de pessoas (5,8%
do total) vivam sob ameaça da fome - uma redução de 36%. A pesquisa
não revela quantas pessoas efetivamente passam fome no País. Em 2013
o IBGE investigou pela primeira vez a atitude das famílias diante da
falta de alimentos e não há comparação com outros anos.
Além disso, um em cada quatro lares brasileiros ainda vivia em 2013
algum grau de insegurança alimentar. A pesquisa mostra que, na
comparação com 2004, reduziu-se no ano passado o porcentual de
brasileiros que passavam fome ou estiveram perto disso. Também
cresceu no período a proporção de domicílios com acesso adequado aos
alimentos, em quantidade e qualidade. Chegaram a 50,5 milhões de
domicílios - mais de três quartos dos 65,3 milhões de residências.
Neles, moravam 149,4 milhões de pessoas, 74,2% dos habitantes do
País.
A pesquisa usou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA).
Ela considera em Segurança Alimentar (SA) um domicílio cujos
moradores, nos 90 dias anteriores à entrevista, tiveram acesso a
alimentos em qualidade e quantidade adequadas e não se sentiram na
iminência de sofrer restrição de alimentação. Em Insegurança
Alimentar Leve (IL) estão os lares nos quais, no período de
referência, foi detectada preocupação com a quantidade e qualidade
dos alimentos. A Insegurança Alimentar Moderada (IM) ocorre em
residências com restrição na quantidade de comida. E a Insegurança
Alimentar Grave (IG) acontece em domicílios nos quais faltam
alimentos, atingindo não só adultos, mas também crianças, podendo
chegar à fome.
"A redução (de 2004 a 2013) ocorreu no País como um todo, na
insegurança alimentar leve, moderada e grave", disse a pesquisadora
do IBGE Adriana Araújo Beringuy. "Quando é feita a análise
comparando as áreas urbana e rural, constata-se que a urbana segue o
padrão do País. No entanto, na área rural, caem as IAs moderada e
grave, mas a leve aumenta."
Aumento
A expansão de domicílios particulares em segurança
alimentar evoluiu de 65,1% (2004) para 69,8% (2009) e 77,4% (2013).
Das três formas de insegurança alimentar, a leve foi a única em que
houve aumento no período, de 18% em 2004 para 18,7% em 2009, mas no
ano passado caiu para 14,8%. Na moderada, o recuo foi de 9,9% para
6,5% e 4,6%. Na grave, situação que caracteriza a fome, a redução
foi de 6,9% para 5% e 3,2%. O IBGE constatou, porém, aumento na IA
leve na área rural de 19,5% para 21,4% dos lares (em 2009 e 2013).
Houve ainda nessas áreas recuo nas IAs moderada ou grave no período:
de 15,6% para 13,9%.
Os números da PNAD mostram que de 2009 para 2013 cresceu de 70,7%
para 79,5% o porcentual de lares brasileiros da área urbana em
segurança alimentar. Nas regiões rurais, houve queda de apenas 0,1
ponto: de 64,8% para 64,7%.
A pesquisa também constatou que eram perto de 52 milhões os
moradores do Brasil que, em 2013, viveram alguma forma de
insegurança alimentar - da preocupação com uma hipotética falta de
alimento à situação real de passar fome. Estavam em 14,7 milhões de
domicílios, 22,6% do total. Em IA leve, estavam 14,8% (9,6 milhões)
dos lares, com 34,5 milhões de habitantes e 17,1% a população. Em IA
moderada, havia 4,6% (3 milhões) das residências, onde moravam 10,3
milhões de pessoas, 5,1% dos moradores.
O recuo nacional em todas as formas de insegurança alimentar
ocorrido em 2013, porém, foi desigual. As Regiões Norte e Nordeste
apresentaram as maiores proporções dessas situações, respectivamente
de 36,1% e 38,1%. São porcentuais consideravelmente maiores dos que
foram registrados no Sudeste (14,5%), no Sul (14,9%) e no
Centro-Oeste (18,2%). Quando o foco é a insegurança alimentar grave,
que caracteriza situações de fome, nortistas e nordestinos têm as
maiores proporções: 6,7% re 5,6%. No Centro-Oeste, esse porcentual
chegou no ano passado a 2,3%; no Sudeste e no Sul, a 1,9%.
Nordeste
Apesar disso, foi entre os nordestinos que ocorreu o maior
aumento na segurança alimentar no período investigado. A PNAD
constatou que, de 2004 a 2013, a proporção de lares em situação de
segurança alimentar cresceu de 46,4 para 61,9% - 15,5 pontos
porcentuais. Depois de apresentar pequeno aumento no porcentual de
residências em SA de 2004 (68,8%) para 2009 (69,8%), o Centro-Oeste
registrou em 2013 81,8%. Foi um aumento de 12,1 pontos.
O Nordeste permaneceu no ano passado como a região com menor
proporção de domicílios em segurança alimentar. Quase metade (44,2%,
perto de um em cada dois) das residências em IA estava em 2013 em um
dos nove Estados nordestinos. É um porcentual bem maior do que a
proporção de domicílios particulares do País situadas neles: 26,2%,
um em cada quatro.
O IBGE também constatou que em 2013, em todas as regiões, a
proporção de domicílios em segurança alimentar era maior na região
urbana que na rural. Trata-se de uma mudança em relação a 2009,
quando no Sul e no Centro-Oeste o porcentual de domicílios em SA era
menor no meio urbano. No ano passado, a região com maior porcentual
de insegurança alimentar moderada ou grave (13,1%) na área urbana,
na comparação com as demais , foi a Norte. Na área rural, esse posto
ficou com o Nordeste: 20,1%.
"As prevalências de IA na área rural eram maiores que as verificadas
nas áreas urbanas", diz o estudo. "Em 2013, enquanto 6,8% dos
domicílios da área urbana tinham moradores em situação de IA
moderada ou grave, na área rural a proporção foi de 13,9%. Nos
domicílios particulares urbanos em IA moderada ou grave viviam 7,4%
da população urbana, enquanto nos rurais viviam 15,8% da população
rural."
São Paulo em terceiro lugar
Na comparação entre todas as Unidades
da Federação, São Paulo, Estado mais rico do País, fica em terceiro
lugar em segurança alimentar. De acordo com a pesquisa, 88,4% de
seus domicílios estavam nesta situação no ano passado. O primeiro
colocado no quesito era o Espírito Santo, com 89,6%, seguido de
Santa Catarina, com 88,9%. Com menos da metade de seus domicílios
com alimentação assegurada, Maranhão (39,1%) e Piauí (44,4%) ficaram
nas duas últimas posições. Mesmo assim, registraram no ano passado
aumento na SA, de 3,6 e 3,3 pontos, respectivamente.
Mesmo registrando avanços, todos os Estados nordestinos apresentaram
taxas de segurança alimentar inferiores aos 77,4% nacionais em 2013.
Com 74,1%, Pernambuco foi o Estado brasileiro que chegou mais perto
desse patamar. Na Região Norte, apenas um Estado apresentou
proporção de domicílios em SA acima da nacional. Foi Rondônia, com
78,4%.
Maioria das famílias que não têm comida já comprou fiado
Pesquisa do IBGE revelou que a prática é mais comum do que pedir
alimentos a vizinhos ou receber de instituições de caridade.
A maior parte das famílias que enfrentaram falta de alimento
em 2013 tentou resolver a dificuldade comprando fiado. De acordo com
pesquisa sobre segurança alimentar do brasileiro divulgada na
quinta-feira, 18.dez.2014, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), 43,3% das famílias recorreram à medida. A
segunda estratégia mais adotada foi pedir alimentos emprestados a
outras pessoas. Em menor incidência, houve quem tenha deixado de
comprar alimentos supérfluos, tomado dinheiro emprestado, recebido
doações ou reduzido o consumo de carnes.
O suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
mostrou que 7,2 milhões de pessoas no País convivem com a fome no
País. Elas moram em 2,1 milhões de domicílios onde pelo menos uma
pessoa passou um dia inteiro sem comer por falta de dinheiro para
comprar comida nos três meses anteriores à pesquisa.
No termo técnico, essas pessoas vivem em insegurança alimentar grave
e são 3,6% do total de 193,9 milhões de moradores residentes em
domicílios particulares. Houve avanço em relação a 2009, quando 11,3
milhões de pessoas (5,8% do total) viviam sob ameaça da fome - uma
redução de 36%. A pesquisa não revela quantas pessoas efetivamente
passam fome no País. Em 2013 o IBGE investigou pela primeira vez a
atitude das famílias diante da falta de alimentos e não há
comparação com outros anos.
Presente à divulgação da pesquisa, o secretário de Avaliação e
Gestão da Informação do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), demógrafo Paulo Jannuzzi, disse que grande
parte das pessoas que vivem em insegurança alimentar grave está em
áreas de difícil acesso e de extrema pobreza do Norte e Nordeste.
"Povos isolados da região Norte e de bolsões de pobreza no Nordeste
já estão sendo objeto de ações específicas, mas outras ações
precisarão ser deflagradas para garantir que tenham acesso a
alimentos. A distribuição de cestas básicas é uma das estratégias de
que o governo se vale, pela dificuldade de produção nas próprias
comunidades. Procuramos identificar população quilombola, índios,
ribeirinhos, povos da floresta. É uma estratégia que ainda tem que
persistir, com seus desafios, inclusive pelo isolamento de muitas
comunidades", afirmou.
Jannuzzi considerou positivo que a maioria das famílias recorra à
compra fiado para resolver o problema. Para o secretário, é um
indicativo de que elas têm crédito no mercado, graças a programas
sociais: "Recorrer à compra fiado revela o sucesso da estratégia do
governo brasileiro em fazer a ampliação dos programas de
transferência de renda para a população mais pobre. Exatamente no
Norte e no Nordeste é que se recorre mais à prática, porque eles têm
crédito na praça. O cartão do Bolsa Família garante ao comerciante
que aquela dívida será honrada. É revelador que um menor número de
famílias peça a vizinhos, como era a estratégia há dez ou quinze
anos, ou recorria a entidades religiosas. Muitas dessas famílias
preferiram comprar fiado do que deixar de comer carne ou frutas",
destacou.
O representante do MDS fez questão de esclarecer que a informação de
que 7,2 milhões de pessoas vivem em insegurança alimentar grave não
significa que todas passem fome: "Não é correto dizer que temos sete
milhões de pessoas que passam fome. São pessoas residentes em
domicílios onde foi reportado que pelo menos um indivíduo deixou de
se alimentar propriamente e passou fome nos últimos três meses. Dos
52 milhões que vivem em algum grau de insegurança, 34 milhões vivem
em domicílios onde há preocupação de que venha a faltar alimento.
Não estão passando fome de modo algum", afirmou o secretário.
É considerada insegurança alimentar leve a situação em que a família
tem preocupação ou incerteza quando à disponibilidade de alimentos
no futuro. A insegurança média refere-se à família onde houve
redução da quantidade de alimentos entre os adultos.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
Maluf é ficha-limpa
e pode assumir mandato
e pode assumir mandato
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) acatou na quarta-feira (17.dez.2014)
um recurso da defesa do deputado Paulo Maluf (PP-SP) e deferiu seu
registro de candidatura. Com isso, ele será diplomado e assumirá um novo
mandato a partir do ano que vem.
"Na minha vida pública sempre confiei, confio e, no estado democrático
de direito, continuarei confiando na Justiça Brasileira", disse Maluf
após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral.
Deputado mais votado em sua coligação, tendo sido escolhido por 250 mil
eleitores, a validação de seus votos deve alterar a composição da
Câmara, uma vez que a lista de eleitos havia sido feita sem a votação de
Maluf. O recálculo será feito pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral
de São Paulo).
A reviravolta no TSE aconteceu devido à composição da corte. Na votação
em que o político foi barrado com base na Lei da Ficha Limpa, em
setembro, por 4 votos a 3, a corte contava com o ministro Admar Gonzaga.
Na quarta-feira (17.dez.2014), Admar foi enviado pelo TSE a uma viagem
oficial e em seu lugar participou do julgamento o ministro Tarcísio
Vieira, que votou a favor de Maluf e virou o placar para 4 a 3, desta
vez, favoravelmente ao deputado.
A troca fez com que o presidente do TSE, Dias Toffoli, e os ministros
Gilmar Mendes e João Otávio Noronha, que haviam criticado duramente os
ministros que barraram Maluf em setembro, passassem da posição de votos
vencidos para vencedores.
O recurso de Maluf estava na pauta da sessão de terça-feira
(16.dez.2014), mas não foi chamado a julgamento por Toffoli. Na ocasião,
Gonzaga estava presente na corte. Se o processo tivesse sido julgado,
ele teria participado da votação.
O CASO
Em setembro, Maluf foi considerado um ficha suja pela Justiça Eleitoral
devido à sua condenação por improbidade administrativa relativa ao
superfaturamento das obras do túnel Ayrton Senna durante sua gestão à
frente da prefeitura, entre 1993 e 1996.
O problema é que, para ser barrado por improbidade com base na Ficha
Limpa, a condenação tem que ser na modalidade dolosa, quando há intenção
de cometer o crime.
A decisão que condenou Maluf no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São
Paulo), entretanto, não afirma que os atos foram dolosos. No resumo da
decisão, a chamada ementa, consta inclusive que os atos foram culposos.
Para enquadrar Maluf na Ficha Limpa, a maioria do TSE havia entendido
que não seria possível que o parlamentar tivesse participado do esquema
sem querer.
Por isso, apesar de o TJ-SP não ter afirmado que os atos foram dolosos, a
maioria dos ministros disse que a conduta do parlamentar levava a crer
que ele tinha ciência de tudo o que estava acontecendo.
Na ocasião, votaram para barrar Maluf a relatora do caso, ministra
Luciana Lóssio, e Admar Gonzaga, Maria Thereza de Assis e Luiz Fux.
Naquela sessão, Toffoli e Gilmar reclamaram duramente de tal posição.
Eles comentaram que a corte eleitoral estava extrapolando suas
atribuições, uma vez que estaria qualificando criminalmente a conduta de
Maluf, algo que só poderia ser feito pela justiça comum.
Na quarta-feira (17.dez.2014), numa rápida votação, o ministro Tarcísio
repetiu parte dos argumentos de Toffoli e Gilmar. Disse que não era
possível classificar como dolosa a condenação de Maluf, por isso,
acolheu o recurso e formou nova maioria a favor do deputado.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Ainda vai demorar para Cuba virar a “China do Caribe”
Decisão dos EUA depende também do Congresso norte-americano
Maioria republicana deve ser obstáculo para Barack Obama em 2015
Maioria republicana deve ser obstáculo para Barack Obama em 2015
Raul Castro e Dilma Rousseff no porto de Mariel, em Cuba (27.jan.2014) |
A decisão do governo dos Estados Unidos a respeito de acabar o bloqueio contra Cuba foi festejado, mas todos sabem que o efeito prático ainda demora a ser sentido.
O governo brasileiro sob o comando do PT, por exemplo, foi o grande incentivador e financiador do porto cubano de Mariel.
No caso, o efeito que se espera é algum benefício econômico para o
Brasil pelo fato de sucessivos governos em Brasília terem mantido
relações amistosas com Cuba.
Cuba é um país-ilha com mais de 1.000 km de extensão, estrategicamente bem posicionado e com enormes potenciais econômicos.
Mas vai demorar até Cuba se tornar uma espécie de “China do Caribe”,
ajudando a si própria e funcionando como motor desenvolvimento da
América Latina.
Em resumo, a decisão dos EUA é positiva porque, como o próprio
presidente Barack Obama disse, o embargo norte-americano nunca teve a
eficácia desejada. Tal tipo de medida não combina com o século 21.
Só que o fim das restrições entre EUA e Cuba será um processo longo e
com desfecho ainda sem prazo definido – até porque o Congresso
norte-americano será dominado pelos republicanos a partir de 2015. Como
quem propõe a derrubada do embargo é Obama, democrata, o caminho não
será dos mais fáceis.
Obama colhe em Cuba fruto que já apodreceu
Filhote do Muro de Berlim, o cinquentenário bloqueio econômico dos
Estados Unidos a Cuba apodreceu há pelo menos 25 anos, junto com a
unificação da Alemanha. Ao reativar as relações diplomáticas de
Washington com Havana, Barack Obama apenas colhe o fruto podre. Sem
grande esforço, empurra para dentro de sua biografia um feito histórico.
Mal comparando, Obama entrega à historiografia mundial uma passagem
análoga à reaproximação com a União Soviética (Roosevelt) e à
aterrissagem dos interesses americanos na China comunista (Nixon). Faz
isso por pragmatismo político e econômico.
Politicamente, as providências anunciadas
por Obama fazem sentido porque, como ele próprio reconheceu, “esses 50
anos mostraram que o isolamento não funcionou”. Fidel Castro
aposentou-se. Vestiu agasalho Adidas. Mas não foi deposto.
Economicamente, as medidas são sensatas porque potencializam um processo
que liberará o empresariado americano para usufruir da abertura
econômica de Cuba, que engatinha. Algo que canadenses, europeus e até
brasileiros já vêm fazendo.
O fim do embargo, disse Obama, depende de decisão do Congresso
americano, que terá maioria republicana nas duas casas a partir de 2015.
Pode demorar um pouco. Mas a excrescência será abolida. Pela simples e
boa razão de que manter o embargo não faz o menor nexo.
Obama e Raúl Castro falam por telefone sobre restabelecer relações
Os presidentes de Estados Unidos e Cuba, Barack Obama e Raúl Castro,
conversaram na segunda-feira, 15.dez.2014, por telefone para fechar o
acordo pelo qual os dois países se comprometeram a iniciar um diálogo
para restabelecer suas relações diplomáticas, disseram funcionários de
alto gabarito da Casa Branca.
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Prefeitura gaúcha de Taquari derruba busto em homenagem a Costa e Silva
Retirada ocorreu em cidade natal do militar que presidiu país na ditadura.
Segundo município, um dos motivos é o relatório da Comissão da Verdade.
Segundo município, um dos motivos é o relatório da Comissão da Verdade.
A prefeitura de Taquari, município a 101 quilômetros de Porto Alegre,
derrubou na terça-feira (16.dez.2014) o busto em homenagem ao marechal
Artur da Costa e Silva, que foi presidente do país durante o regime
militar (1964-1985).
O trabalho foi executado por uma máquina da prefeitura, mas até agora o
município não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. Presidente da
República entre março de 1967 a agosto de 1969, Costa e Silva é natural
de Taquari.
O monumento com mais de dois metros de altura em granito e bronze negro
foi construído em 1976 e estava localizado na Lagoa Armênia, em uma
praça central da cidade. A retirada da estrutura ocorreu na véspera dos
45 anos da morte do militar, na quarta-feira (17.dez.2014).
Segundo o relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), divulgado
semana passada, todos os militares que se tornaram presidentes durante a
ditadura militar, entre 1964 e 1985, são responsáveis pelas violações
de direitos humanos. Na lista, figura o nome de Costa e Silva.
Procurada pela reportagem, a assessoria do município adiantou que desde a
semana passada o prefeito Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco (PT),
analisava a possibilidade remover o busto. Um dos motivos seria o
relatório da CNV. Ele deve se manifestar sobre a iniciativa.
O material foi retirado com auxílio de uma retroescavadeira e uma
caçamba. O secretário de Obras, Luiz Construtor, e o chefe das pastas de
Esporte, Lazer, Cultura e Turismo, Leandro Mariante, acompanharam a
ação. Eles não quiseram falar sobre o assunto e não explicaram o motivo
da retirada do monumento.
Após a remoção, a estrutura foi levada a casa onde Costa e Silva residia
em Taquari, informou a prefeitura. No local, funciona atualmente um
museu tombado em homenagem ao ditador.
Baseada no relatório da Comissão da Verdade, prefeitura remove estátua de Costa de Silva
A divulgação do relatório final da Comissão Nacional Verdade (CNV) foi o
mote decisivo para a retirada de uma estátua do presidente Arthur da
Costa e Silva do principal ponto turístico de Taquari, cidade natal do
ditador. Com auxílio de uma máquina retroescavadeira, a prefeitura
derrubou o busto que ficava na Lagoa Armênia, desde 1976.
Segundo o prefeito Emanoel Hassen (PT), conhecido como Maneco, o
relatório comprovou as “atrocidades” cometidas pelo presidente, que não
merece uma homenagem na Lagoa.
— É o principal ponto de manifestações culturais da cidade, e a gente
sabe que a ditadura foi contra qualquer manifestação, seja de música,
dança ou arte. Não tinha mais sentido ficar ali — justifica Maneco.
Junto do busto, uma placa explicava que foi na Lagoa Armênia que Costa e
Silva, ainda na infância, organizou seu primeiro pelotão de meninos e
que, quando presidente, "comandou com altruísmo o Brasil e o povo
brasileiro".
Embora tenha sido derrubada, a estátua está intacta, garante o prefeito,
e foi levada para a Casa Costa e Silva, um museu em homenagem ao
ditador e que fica na casa onde Costa e Silva morou no início da vida.
Ao lado do busto, a prefeitura vai colocar uma cópia do relatório da
CNV.
— Não temos intenção de esconder a história, mas vamos, então, mostrá-la
por completo. Quem for lá pode tirar as próprias conclusões — esclarece
Maneco.
Nota Oficial - Prefeitura Municipal de Taquari - Retirada Busto Costa e Silva
Em face da polêmica gerada pela retirada do busto existente junto à Lagoa Armênia, na cidade de Taquari - RS, a Prefeitura Municipal de Taquari informa que:
1. O busto em questão foi instalado no ano de 1976, em homenagem a Arthur da Costa e Silva, porque “nesta Lagoa Armênia, na infância, organizou seu primeiro pelotão de meninos. Em hora difícil, presidente da República, comandou com altruísmo o Brasil e o povo Brasileiro.”
2. Com a divulgação do Relatório da Comissão Nacional da Verdade, restaram comprovadas as atrocidades cometidas no período da ditadura militar, especialmente naquele período conduzido por Costa e Silva.
3. Portanto, a administração municipal de Taquari entendeu que não havia razão para manter uma homenagem no maior ponto turístico da cidade, espaço de demonstrações culturais, justamente a quem promoveu um período nebuloso na história do país. Cidadãos de Taquari, inclusive, sofreram as mazelas daquele período.
4. O busto, portanto, foi retirado e já está junto ao Museu Costa e Silva, existente no município e mantido pela Prefeitura Municipal. Junto com ele, também estará à disposição uma cópia do relatório da Comissão Nacional da Verdade, para que a história seja conhecida na totalidade em que foi possível escrevê-la.
5. A Lagoa Armênia continuará sendo, e cada vez mais será, um espaço para a livre manifestação cultural no município de Taquari.
Artur da Costa e Silva |
Quem foi Costa e Silva
Arthur da Costa e Silva nasceu em Taquari, no Vale do Taquari, no Rio
Grande do Sul, em 3 de outubro de 1899. Seus estudos sempre foram
realizados em escolas militares, ele participou da revolta tenentista em
1922, foi aprisionado e indultado. Um dos principais organizadores do
golpe de 1964, ele tomou parte do Comando Supremo da Revolução. Durante o
governo de Castelo Branco, foi seu ministro da Guerra, deixando o cargo
para concorrer às eleições indiretas para a Presidência da República
pela Arena. No dia 3 de outubro de 1966, foi eleito presidente, tendo
como vice Pedro Aleixo.
Nos dois primeiros anos de seu governo, a atividade política foi muita
enérgica. Surgiu a Frente Ampla, criada por políticos de diversas
inclinações, tendo como chefe Carlos Lacerda e o assentimento de
Juscelino Kubitschek e de João Goulart. A Frente Ampla apoiava a luta
pelo retorno da democracia, perdão por crimes políticos, a escolha de
presidente por meio de eleições diretas e a formação de uma nova
Constituinte.
O período de 1968 entrou para a história como o ano dos grandes
protestos e das reações violentas por parte do governo. Os estudantes
declararam-se contrários à falta de verbas para a educação, além de se
oporem à transferência do ensino público para o setor privado.
A morte do estudante do ensino secundário Edson Luís, em um confronto
com a polícia militar, provocou uma reação em massa dos estudantes, que
anunciaram uma paralisação estudantil de âmbito nacional, ocorreram
várias reuniões políticas e manifestações públicas, das quais fizeram
parte várias esferas sociais.
A fase mais crítica para o governo deu-se com a passeata dos cem mil –
ato ocorrido no Rio de Janeiro –, a tensão política aumentou e no mês de
abril o governo coibiu a Frente Ampla – as reuniões, as expressões
públicas e qualquer espécie de divulgação tornaram-se contrárias à lei.
Ocorreram greves em Contagem, no estado de Minas Gerais e Osasco, em São
Paulo, local no qual ocorreu uma intervenção do Governo no Sindicato
dos Metalúrgicos.
No mês de outubro a UNE – União Nacional dos Estudantes - efetuou em
Ibiúna, São Paulo, uma reunião secreta. Apesar de todo cuidado tomado,
os estudantes foram descobertos e presos. Surgem os primeiros atos
guerrilheiros na cidade de São Paulo, o Consulado Americano é alvo de
uma bomba, ocorre o famoso assalto ao trem pagador na cidade de Jundiaí,
o hospital militar do Cambuci é alvo de um ataque armado.
Um deputado do MDB, de nome Márcio Moreira Alves, fez um discurso na
Câmara dos Deputados culpando os militares pelas atrocidades perpetradas
em oposição aos estudantes. Suas palavras foram consideradas um afronto
às forças armadas, e teve como consequência o pedido de cassação de seu
mandato pelo governo, o qual foi negado pela Câmara dos Deputados.
O governo, sentindo-se derrotado e tendo que se defender dos atos
contrários ao regime militar, tornou oficialmente público, por meio de
seu ministro da Justiça, Gama e Silva, o AI-5, cujas principais
características foram: aumento dos poderes do Presidente - os quais
permitiam a este encerrar os trabalhos do Legislativo no momento que lhe
aprouvesse, aproveitando para formalizar a cassação de vários
parlamentares -, a paralisação dos direitos políticos e a perda dos
privilégios proporcionados pela Constituição, a intercessão da Federação
nos estados e municípios, a destituição e aposentadoria de
trabalhadores públicos, entre outras providências.
Paralelamente a este caos social que o governo enfrentava, havia coisas
boas acontecendo na área econômica, sob o comando do ministro Delfim
Neto. Houve a reconciliação entre o desenvolvimento industrial e a
concessão de crédito, a política salarial encontrava-se sob controle,
assim como a inflação, que girava em torno de 23% ao ano.
Criou-se o MOBRAL - Movimento brasileiro de Alfabetização. O Serviço de
Proteção ao Índio – antigo SPI – passou a se chamar FUNAI – Fundação
Nacional do Índio. Nesta mesma época surgiram também a EMBRAER e a CPRM.
No dia 31 de agosto de 1969, o presidente Arthur da Costa e Silva
afastou-se do cargo em decorrência de uma trombose cerebral, sendo
substituído por uma Junta Militar. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 17
de dezembro de 1969.