Tratado de controle de armas entra em vigor em 60 países
Acordo firmado pela ONU é considerado
uma 'nova era' por organizações não-governamentais; lei internacional
serve para combater o tráfico e a proliferação
Entrou em vigor na quarta-feira, 24.dez.2014, em 60 países - entre os
quais França, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália e Espanha - um dos mais
importantes tratados recentes assinados na Organização das Nações Unidas
(ONU), o que regula o comércio de armas em todo o mundo. O documento
foi adotado em 2 de abril de 2013 pela Assembleia Geral, com o objetivo
de regular o mercado, combatendo o tráfico internacional.
Estima-se em US$ 85 bilhões por ano o comércio de armas convencionais no
mundo, um motor de guerras, conflitos civis, de atividades terroristas,
crime organizado e violência urbana. Em relatório sobre o tema, a
Anistia Internacional, grupo que faz parte da Coalizão pelo Controle de
Armas (CAC), grupo que reúne mais de cem das maiores organizações
não-governamentais do mundo, estima que 500 mil pessoas são mortas e em
razão dos desfuncionamentos do mercado de armas.
Ciente da gravidade do problema, a ONU negociou a duras penas um tratado
com o objetivo de regular a importação, a exportação, o trânsito e a
negociação, o fluxo de armas para países sob embargo internacional e
para aqueles que violam de forma manifesta os direitos humanos. Estão
incluídos no texto de revólveres, pistolas, fuzis, e metralhadoras até
aviões e navios de guerra e mísseis. Não fazem parte as armas nucleares,
químicas e biológicas, que obedecem a outras convenções internacionais.
Até aqui, 130 países - dos 193 da ONU - assinaram a adesão, mas por ora
60 o ratificaram. Um mínimo de 50 eram necessários para que a legislação
entrasse em vigor. Na última quinta-feira (18.dez.2014), Israel se
juntou ao grupo. Grandes países exportadores de armas, como a França e a
Grã-Bretanha, estão entre os primeiros signatários a ratificarem a
medida, mas os Estados Unidos, o maior produtor e exportador mundial,
ainda não homologaram o texto. Países como a China, a Rússia e o Canadá
nem sequer assinaram o texto. Na terça-feira (23.dez.2014), o
secretário-geral da ONU reforçou o apelo para que os governos ainda não
signatários ingressem no grupo "o mais rápido possível".
Para a Coalizão pelo Controle de Armas, o tratado representa uma nova
era - caso as regras sejam de fato aplicadas. "Nós temos lutado por este
momento por uma década. Se for bem implementado, este tratado tem
potencial para salvar muitas vidas e oferece proteção devida a civis
vulneráveis em todo o mundo", afirmou Anna Macdonald, diretora da
coalizão.
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