quarta-feira, 24 de janeiro de 2018



O ex-presidente Lula vê adesão à sua tese nas ruas e diz que juízes do TRF-4 não poderão fazer seu ‘julgamento político’



Os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva


Enquanto voava para Porto Alegre, na véspera da decisão que vai definir os rumos da eleição de 2018, Lula fez uma análise sobre o próprio futuro. Disse aos aliados que seu “julgamento político” não será feito pelos três juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que dirão, na quarta-feira (24.jan.2018), se ele deve mesmo ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
O petista chamou atenção para os apoios que recebeu nos últimos dias, disse que sua versão ganhou aderência e garantiu que sua história não terminaria ali.
Lula ressaltou que está “muito feliz” por acreditar que está “ganhando a batalha na sociedade” – o que tem sido mostrado, segundo ele, pelas pesquisas de intenção de votos.
O ex-presidente não esboçou euforia, ansiedade ou irritação aos companheiros de partido. Enumerou todos os veículos de comunicação do exterior que, considera, publicaram artigos que contemplaram sua visão sobre a disputa jurídica na Lava Jato.
Lula também listou os especialistas que, ressaltou, sem que ele pedisse, criticaram a sentença de Sergio Moro.



Ato em Porto Alegre em 23.jan.2018


Inconformado com a pena de 9 anos e 6 meses de prisão imposta pelo juiz federal Sérgio Moro, o ex-presidente Lula recorreu ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a Corte de apelação da Lava Jato. Ele nega ser dono do imóvel do Guarujá, que é visto pelo magistrado, em sentença de julho de 2017, como propina de R$ 2,2 milhões da empreiteira OAS.



Ato em Porto Alegre em 23.jan.2018


Juízes e integrantes de cortes superiores que opinaram sobre o julgamento avaliam que é nula a possibilidade de não haver qualquer divergência entre os três titulares da 8ª Turma do TRF4 que vai julgar Lula. Ao menos na dosimetria das penas, dizem, haverá desencontro.



O desembargador do TRF4 João Pedro Gebran Neto


O voto do relator — O relator da Operação Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, desembargador João Pedro Gebran Neto, é o primeiro a votar no julgamento do ex-presidente Lula. Gebran diz que Moro não é suspeito para julgar Lula e que tese de defesa de Lula de perseguição política ‘não é nova’.
O relator do processo no TRF-4 levou um hora para negar todos os argumentos da defesa do petista que pediam nulidade processual no caso triplex.
Gebran Neto derrubou teses da defesa e indica voto pela condenação de Lula. O desembargador relator do TRF4 sinaliza que deverá votar pela manutenção da sentença que o juiz federal Sérgio Moro impôs ao ex-presidente Lula com possível ampliação de pena. Para Gebran Neto Lula era ‘garantidor de esquema maior’, ‘Lula deu amplo apoio para financiamento deste sistema ilícito’ e aponta 'atuação de Lula com a interferência direta na nomeação de dirigentes da Petrobrás'.
Gebran Neto diz que é ‘extremamente relevante’ a visita de executivos da OAS a Lula em sua casa. Relator afirma que triplex é ‘vantagem indevida’ da OAS a Lula e que o ex-presidente tinha ciência que o triplex era reservado para ele.

O desembargador João Pedro Gebran Neto, relator do processo de apelação da sentença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso triplex do Guarujá, manteve a condenação do petista pelo crime de corrupção passiva no esquema Petrobrás e negou pedido de absolvição da defesa do petista em seu voto.
“Considero um ato de corrupção”, afirmou Gebran Neto, ao final da leitura de seu voto, em que manteve a sentença de condenação do juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato de Curitiba, contra Lula. “Há provas acima de dúvida razoável.”
Em seu voto, na sessão histórica de quarta-feira, 24.jan.2018, no TRF4 em Porto Alegre, o desembargador João Pedro Gebran Neto relator da Operação Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região impôs a ex-presidente Lula 8 anos e 4 meses de reclusão por corrupção passiva e mais três anos e nove meses por lavagem de dinheiro no caso triplex. O magistrado também manteve a absolvição do ex-presidente da acusação por outro crime de lavagem pelo armazenamento de bens que recebeu no Palácio do Planalto.

Três desembargadores votam na 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Depois de Gebran Neto, vão votar outros dois desembargadores Leandro Paulsen e Victor Laus.




Imprensa — Cerca de 130 jornalistas dos quatro cantos do mundo acompanham o julgamento histórico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da sala de imprensa montada em um auditório do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que julga os recursos contra a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e 6 meses de prisão no caso triplex.
Há jornalistas dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França, Espanha, Dinamarca, Catar e Argentina entre os credenciados, além dos jornalistas brasileiros. Eles acompanham a sessão por dois telões que acompanham a sessão e transmitem as notícias em tempo real por TV, internet e rádio.
São 43 correspondentes estrangeiros e cerca de 250 profissionais de imprensa do Brasil, que estarão nas áreas destinadas à cobertura jornalística do julgamento, dentro e fora do tribunal. A área interna do TRF-4 é restrita a um grupo de cerca de 130.
Ao lado de fora do Tribunal, nas ruas de Porto Alegre e outras capitais do país, manifestantes a favor e contra o ex-presidente aguardam o resultado da sessão.



Sala de imprensa do julgamento de recursos de Lula no TRF4 



Atualizando (24.jan.2018 - 19 horas):

O voto do revisor — O desembargador Leandro Paulsen, revisor da Operação Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, também votou pela condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, em julgamento na capital gaúcha Porto Alegre. Paulsen aderiu ao voto do relator, desembargador Gebran Neto, e também deu 12 anos e 1 mês de prisão em regime fechado para o petista. “Eu acompanho na íntegra o voto do relator”, assinalou Paulsen. 
Leandro Paulsen, ressaltou, no início da leitura de seu voto que a ‘lei é para todos’ ao mencionar que Lula é agora acusado por crimes com base em leis promulgadas em governos de seu partido. Paulsen mencionou, por exemplo a aprovação das leis Anticorrupção, de tipificação de organização criminosa e das delações premiadas, todas aprovadas e sancionadas durante o governo Dilma Roussef.
O desembargador revisor do recurso de Lula contra sua condenação no Tribunal da Lava Jato, também votou pela absolvição do ex-presidente envolvendo o armazenamento de seus bens pela empresa Granero.
O desembargador Leandro Paulsen disse que a Corte não se curva a pressões, intimidações ou ameaça de retaliações. ”Aqui ninguém pode ser condenado por ter costas largas nem ser absolvido por ter costas quentes.”
O revisor Leandro Paulsen, afirmou ser ‘inequívoco o nexo entre a conduta’ do ex-presidente Lula e ‘os crimes praticados’ na Petrobrás. “Lula agiu por ação e omissão para prática criminosa”. O desembargador ainda diz considerar que o triplex no condomínio Solaris, no Guarujá, configura propina da OAS ao ex-presidente, seguindo o entendimento do relator do processo, João Pedro Gebran Neto.
Para Paulsen, ‘Luiz Inácio agiu pessoalmente para tanto bancando quedas de braço com conselhos da Petrobrás na condição de presidente da república’ e chegou a ameaçar ‘a demissão dos conselheiros caso não fosse confirmada a indicação’ de sua escolha na estatal.
Segundo o desembargador Leandro Paulsen, o ex-presidente petista ‘concorreu de modo livre e consciente para perpetuar o uso desse poder’.
Quanto ao triplex, motivo da condenação de Lula a 9 anos e 6 meses pelo juiz federal Sérgio Moro, Paulsen afirma que o imóvel foi uma forma de vantagem indevida da OAS. “Lula foi beneficiário direto da propina do triplex”. “O triplex é relevante na denuncia e é relevante por uma razão muito importante. Torna evidente o benefício pessoal”, afirma Paulsen.

O último voto — O desembargador Victor Laus foi o último a votar e acompanhou o voto do relator Gebran Neto. Assim, o ex-presidente Lula foi condena por unanimidade.

A corte por unanimidade condena Lula — Por 3 votos a 0, os desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região em Porto Alegre impuseram ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, 24.jan.2018, a pena de 12 anos e 1 mês de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso triplex.

Revisor quer Lula na cadeia após recursos finais — O revisor do processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e presidente da 8ª Turma Penal — responsável pela segunda instância da Operação Lava Jato, desembargador Leandro Paulsen, determinou em seu voto que assim que concluída as fases recursais de direito da defesa do petista seja oficiada a Justiça Federal, em Curitiba, para execução da pena de prisão. (Após terminados os prazos de recursos, que cumpra-se a pena do caso triplex em regime fechado e aumentada para 12 anos e 1 mês)

Esta é a maior derrota de Lula na Operação Lava Jato. Lula sempre negou categoricamente que houvesse aceitado o imóvel da empreiteira e apelou por sua absolvição. A defesa tem reiterado que o petista é vítima de lawfare, o uso indevido de recursos jurídicos para fins de perseguição política.




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