Agência Fitch indica que pode rebaixar nota do Brasil
A agência de classificação de risco Fitch indicou na quinta-feira
(09.abr.2015) que poderá rebaixar a nota do Brasil. Hoje, o país tem o
selo de bom pagador concedido pela agência – o chamado grau de
investimento, que indica que o país é um local seguro para investir.
É que, embora a Fitch tenha mantido a nota atribuída ao Brasil (BBB),
colocou a avaliação em perspectiva de negativa – antes, estável –, o que
significa que pode rebaixá-la caso as condições macroeconômicas
brasileiras não melhorem.
Atualmente, o país está a dois degraus de perder o grau de investimento conferido pela agência.
Em comunicado, a Fitch afirmou que tomou a medida em razão da
desaceleração da economia brasileira, da deterioração da situação fiscal
e do maior desequilíbrio macroeconômico do país.
"Embora o governo tenha começado um processo de ajuste macroeconômico
para impulsionar a confiança e credibilidade política, riscos negativos
relacionados à sua efetiva implementação e duração persistem,
especialmente no contexto de uma economia e ambiente político
desafiadores", disse.
A divulgação da notícia não alterou a trajetória do dólar, que caiu nesta quinta-feira (09.abr.2015).
"A decisão da Fitch foi encarada como um voto de confiança no governo
brasileiro, pois ela não rebaixou a nota de crédito, e poderia ter
rebaixado", avalia Fabio Lemos, analista de renda variável da São Paulo
Investments. "Mas é um voto de confiança por tempo curto. Agora é
preciso ver a execução do plano de ajuste fiscal", diz.
No comunicado, a Fitch lembra que a economia brasileira ficou estagnada em 2014,
após crescer apenas 0,1%, e ressalta que a previsão para este ano é de
contração de 1%. "O crescimento médio do Brasil nos últimos três anos de
apenas 1,5%, comparado com a mediana de 3,2% de outros países 'BBB',
evidencia a natureza estrutural da performance baixa", diz a Fitch em
comunicado.
A Fitch destacou ainda que a inflação elevada e "deficits gêmeos"
(rombos nas contas externas e no orçamento fiscal) ressaltam os
desequilíbrios macroeconômicos, e prevê que a inflação oficial
continuará a enfrentar pressão durante 2015 devido à depreciação do real
e ao aumento dos preços administrados.
O Brasil mantém o selo de bom pagador em todas as agências de
classificação de risco. Recentemente, a agência S&P deixou
inalterada a nota de crédito do país em BBB-, o último degrau na escala
de grau de investimento.
Na Moody's, a nota do país é Baa2, o que significa que o país está a dois degraus acima de perder o grau de investimento.
EMPRESAS
Na quarta-feira (08.abr.2015), a Fitch divulgou relatório afirmando que as empresas brasileiras enfrentarão uma "intensa tempestade" este ano diante da combinação de preço das commodities e demanda por produtos em baixa e inflação e taxas de juros em alta.
Com isso, os rebaixamentos das notas de crédito das companhias do país
devem aumentar ao longo do ano, segundo o documento. Nos três primeiros
meses deste ano, houve 11 cortes em notas de crédito de empresas
brasileiras e nenhuma elevação.
"Os setores mais arriscados permanecem sendo açúcar e etanol, construção
pesada e construção residencial", afirmou o relatório, assinado por
Debora Jalles e Ricardo Carvalho, diretores da agência no país.
HISTÓRICO
No final de março, a agência de classificação de risco Standard & Poor´s manteve a nota de crédito do Brasil. O país segue, assim, com o chamado grau de investimento (selo de bom pagador).
A S&P acredita que a presidente Dilma Rousseff manterá o apoio ao
ajuste fiscal promovido pela equipe econômica e que as medidas de
austeridade ganharão eventualmente o suporte do Congresso.
Com isso, na avaliação da agência de risco, a credibilidade do governo
será "gradualmente restaurada", pavimentando o caminho para um
crescimento mais robusto da economia a partir do ano que vem.
Em setembro do ano passado, a agência de classificação de crédito Moody's rebaixou para negativo o viés da nota do Brasil. Na avaliação anterior, a perspectiva era estável.
A mudança indica, de acordo com a Moody's, que houve piora nos
fundamentos econômicos do país, que podem ter reflexos sobre a
capacidade de pagamento dos títulos da dívida pública do governo.
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