Para Gustavo Franco era para o PSDB
ter feito o que cobrou do PT
ter feito o que cobrou do PT
Gustavo Franco |
O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, que deixou o PSDB há um
mês, diz que ele e outros economistas ligados aos tucanos estavam
desgostosos com a sigla havia um tempo. O partido tinha adotado um
“discurso ambíguo" em relação à defesa da economia de mercado.
O cenário piorou neste ano, quando o PSDB não soube lidar com dilemas
éticos. Preservou o senador Aécio Neves na presidência, enquanto é alvo
de acusações.
Franco é estrategista-chefe e presidente do conselho de administração da
gestora Rio Bravo Investimentos. Foi presidente do Banco Central
(1997-1999), no governo FHC. Participou da formulação do Plano Real.
Recentemente, se filiou ao Partido Novo. Formação — é bacharel (1979) e
mestre (1982) em economia pela PUC do Rio e doutor pela Universidade
Harvard (1986).
Gustavo Franco diz não pretende se candidatar na próxima eleição —
“Tanto que fui para um cargo de direção e, pelas normas do partido, quem
está nesses cargos está impedido de concorrer”.
Franco escreveu uma carta a para explicar a desfiliação — porque deixou o PSDB — segundo ele:
“As razões estavam todas ali, bem explicadas. No detalhe, há uma questão antiga de como o partido de denominação social-democrata se torna mais contemporâneo. Mais em sintonia com os temas de uma economia de mercado que o Brasil precisa se tornar. O PSDB sempre praticou isso quando foi governo federal, embora tivesse um certo incômodo com essa prática e um discurso um tanto ambíguo. É uma questão antiga.Ficou mais desconfortável depois da Presidência do Fernando Henrique, quando sucessores dele no partido, os candidatos [José] Serra [senador], Geraldo [Alckmin, governador de São Paulo] e mesmo o Aécio, não tinham a mesma capacidade que Fernando Henrique de, vamos dizer, ter uma prática diferente da herança social-democrática da geração 1988, que marcava muito a origem do PSDB.Isso criava desconforto para mim e muitos outros economistas do partido, mas era muito mais teórico do que real, sobretudo se o partido está fora do governo. Mas depois apareceu a questão específica do Aécio e sobre como o partido deveria se comportar diante de uma dúvida ética.A questão do Aécio pesou, sim. Como gesto político, podia ter se afastado para montar a sua defesa. Mas ficar presidente do partido com todas essas dúvidas, para dizer o mínimo, é difícil. Aí houve uma questão imediata: era para fazer o que, no passado, cobramos do PT.Mas eu sou apenas um professor universitário. Como filiado de muitos anos, mandei minha carta, com meus pensamentos. Não aconteceu nada. Procurei outro partido, onde estou muito confortável e muito feliz.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário