Lava Jato pede condenação da cúpula da OAS por corrupção, lavagem e organização criminosa
Em alegações finais, Ministério Público
Federal aponta cinco executivos da empreiteira, também imputa crimes a
delatores, quer confisco de R$ 29,22 milhões e indenização à Petrobrás
de R$ 211,8 milhões
A força-tarefa da Operação Lava Jato requereu à Justiça Federal, em
alegações finais, a condenação da cúpula da empreiteira OAS por
organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva – José
Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, Agenor Franklin Magalhães
Medeiros, Fernando Augusto Stremel Andrade, Mateus Coutinho de Sá
Oliveira e José Ricardo Nogueira Breghirolli.
VEJA AS ALEGAÇÕES FINAIS DO MPF NA ÍNTEGRA
Todos são acusados de envolvimento com o esquema de corrupção e cartel
de construtoras que se apossou de contratos bilionários da Petrobrás no
período entre 2003 e 2014. Nove procuradores da República que subscrevem
o documento de 215 páginas pedem, ainda, confisco definitivo de R$
29,22 milhões – valor correspondente, segundo o Ministério Público
Federal, “ao montante de que participou a OAS no valor de 1% de todos os
contratos e aditivos no interesse dos quais houve o pagamento de
propina”.
Léo Pinheiro em audiência na Justiça Federal no início de maio. Ele se calou em depoimento. |
Os procuradores pedem a condenação por corrupção passiva dos principais
delatores da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. Eles estão requerendo a
condenação dos executivos da OAS ao pagamento de indenização por danos à
estatal petrolífera de R$ 211,82 milhões, equivalentes a 3% do valor
total de todos os contratos e aditivos “no interesse dos quais houve a
corrupção de empregados da Petrobrás”.
“Tal valor é estimado com base no fato de que é possível supor que os
denunciados causaram danos a Petrobrás de pelo menos o valor das
propinas que foram pagas, a agentes públicos e privados, em decorrência
dos referidos contratos”, assinalam os procuradores da força-tarefa da
Lava Jato.
Este processo se refere a atos de corrupção da OAS em contratos e
aditivos celebrados por consórcios dos quais fez parte para as
refinarias Repar e Rnest (Abreu e LIma). Segundo a Procuradoria da
República, os representantes da empresa vencedora de cada licitação,
previamente definida pelo cartel, prometiam e ofereciam propinas, que
variavam entre 1% a 5% do valor dos contratos e aditivos, a diretores de
cada área de negócios da Petrobrás e a intermediários, como o doleiro
Youssef.
Paulo Roberto Costa, (à esquerda) e Alberto Youssef, delatores do esquema de propina investigado pela Lava Jato. |
O Ministério Público aponta que Léo Pinheiro e Agenor Medeiros, gestores
da OAS, eram os responsáveis pela tomada de decisões da empresa,
incluindo a promessa e oferta de propinas, ‘na qual atuavam
diretamente’, e a ‘coordenação do branqueamento dos respectivos
valores’.
Diretor financeiro afastado da empreiteira, Mateus Coutinho seria o
responsável pela liberação dos pagamentos. O Ministério Público Federal
afirma que ele tinha papel de destaque na promessa e na oferta da
propina e teria mantido conta com Youssef.
José Ricardo Breghirolli é apontado, pela Procuradoria, como a pessoa
que coordenava efetivamente a “entrega física de propina”. A
força-tarefa pediu, também, a condenação de Léo Pinheiro e Agenor
Franklin pelo crime de uso de documentos falsificados, relativa a
contratos com empresas de fachada do doleiro, M.O., Rigidez e RCI.
“Iniciada a investigação dos fatos, nos autos dos respectivos inquéritos
policiais a OAS foi intimada a confirmar ou não a existência das
transações com a M.O., Rigidez e RCI, apresentando os documentos e
explicações necessárias quanto às respectivas naturezas e serviços
contratados. Todavia, visando ocultar os ilícitos anteriormente
cometidos e assim obter a almejada impunidade, os denunciados José
Aldemário Pinheiro e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, na qualidade de
administradores da OAS, determinaram a apresentação dos documentos
falsos como se hígidos fossem, sem quaisquer ressalvas.”
A OAS nega taxativamente ter participado de cartel na Petrobrás. Nega
também ter realizado pagamento de propinas. A empreiteira terá, agora,
oportunidade de apresentar à Justiça suas alegações finais.
COM A PALAVRA, A OAS.
O criminalista Edward Rocha, que integra o núcleo de defesa dos
executivos da OAS, reagiu taxativamente aos argumentos derradeiros da
força-tarefa da Operação Lava Jato. “As prolixas e extensas alegações
finais do Ministério Público Federal não merecem comentários, pois quem
muito escreve assim o faz porque não tem como dizer o óbvio.
LEIA OS ARGUMENTOS DE MATEUS COUTINHO OLIVEIRA
LEIA OS ARGUMENTOS DE AGENOR MEDEIROS
LEIA OS ARGUMENTOS DE JOSÉ RICARDO BREGHIROLLI
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