Central de espionagem no Planalto?
Ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Augusto Heleno |
Após o ex-secretário-geral da Presidência Gustavo Bebianno, afirmar
que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) propôs a criação de uma “Abin
paralela” para investigar desafetos de seu pai, Jair Bolsonaro, o atual
ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto
Heleno, defendeu a entidade. “ABIN é uma instituição de Estado,
apolítica e apartidária, subordinada ao GSI. Seus funcionários são
concursados e realizam um ótimo trabalho, anônimo e sigiloso por razões
óbvias”, disse Heleno em seu twitter. Ele também enalteceu o trabalho de
Alexandre Ramagem, delegado da Polícia Federal nomeado por ele para o
comando do órgão.
Na segunda-feira, 02.mar.2020, em entrevista para o programa Roda Viva
da TV Cultura, Bebianno afirmou que Carlos queria criar uma espécie de
órgão de investigação paralelo e que coube ao então secretário de
Governo Carlos Alberto Santos Cruz barrar a iniciativa. Ele afirmou que
um delegado da Polícia Federal era cotado ao cargo pelo filho do
presidente, mas não citou nenhum nome.
A mais nova edição da Crusoé, revista do site O Antagonista, traz uma
reportagem que repercute as denúncias feitas pelo ex-ministro Gustavo
Bebianno de que Carlos Bolsonaro teria criado uma “Abin paralela” no
governo. A publicação diz que é “imperativo” investigar o caso.
No programa Roda Viva, da TV Cultura, Bebianno, que rompeu com Bolsonaro
após ser fritado por Carluxo e demitido do governo, disse que o
vereador carioca, desde do início do mandato de seu pai, tinha a ideia
de criar uma agência de espionagem paralela à Agência Brasileira de
Inteligência (Abin). O objetivo, segundo ele, seria perseguir
adversários, que podem ir desde políticos até jornalistas. Isto é, uma
agência que funcionaria em prol dos interesses pessoais da família
Bolsonaro, e não do país, como a Abin deve ser por lei.
De acordo com Bebianno, a ideia foi tocada adiante, mesmo diante dos
alertas de pessoas próximas do governo de que isso poderia resultar em
um processo de impeachment contra Bolsonaro.
“A se considerar o que diz Bebianno, cujo relato ganha relevância por se
tratar do primeiro vindo de alguém que tinha trânsito e prestígio no
núcleo duro do governo, não era só a baixa eficiência da Abin que
preocupava Carlos. E também não foi essa a razão primordial de ele ter
proposto a criação de uma estrutura paralela, a cargo de policiais
federais de sua estrita confiança. Segundo o ex-ministro, tudo indicava
que o objetivo era criar condições para fazer serviços nada
republicanos, como escarafunchar a vida de adversários do governo”, diz a
reportagem da Crusoé, assinada por Fábio Serapião.
O texto chama a atenção ainda para o fato de que, ainda que não se tenha
certeza de que a “Abin paralela” tenha sido realmente criada, Carlos
Bolsonaro conseguiu emplacar na presidência da Abin oficial o delegado
federal Alexandre Ramagem, de que se tornou amigo ainda no período da
campanha.
“O relato [de Bebianno], por sua gravidade, merece apuração. Até mesmo
para que não pairem dúvidas se a estrutura foi ou não montada – e, caso
tenha sido, seja possível descobrir para que serviu e se ela ainda está
em atividade. Na entrevista, Bebianno se negou a revelar os nomes dos
três policiais que o filho 02 do presidente queria levar para a “Abin
paralela”. Com fontes que tiveram contato com o episódio, porém, Crusoé
apurou que a lista incluía ao menos um policial que Carluxo conseguiu,
depois, emplacar na estrutura oficial da Abin”, diz ainda o texto.
O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) |
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