Investigação do caso “WhatsApp—fake news” será demorada
Será demorada a investigação da Polícia Federal sobre o uso do WhapsApp
para propagar falsidades com propósitos eleitorais. Investigam-se as
duas campanhas finalistas da corrida presidencial, a de Jair Bolsonaro e
a de Fernando Haddad. É nula a hipótese de conclusão do inquérito antes
do término do segundo turno, no próximo domingo (28.out.2018), informou
uma autoridade que acompanha o caso.
Significa dizer que nem o inquérito aberto pela Polícia Federal (PF) nem
os procedimentos deflagrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
produzirão efeitos capazes de modificar o processo eleitoral. Apura-se
aquilo que a procuradora-geral da República Raquel Dodge classificou de
“uso de recursos tecnológicos para propagar informações falsas ou
ofensivas à honra e à imagem dos dois candidatos”.
Eventuais comprovações resultarão em contenciosos jurídicos a serem
julgados após a eleição. Não há, por ora, definição quanto a prazos.
Estima-se que a apuração pode se desdobrar em pelo menos duas fases.
Numa, investigam-se as empresas de tecnologia e os financiadores da
difusão de mensagens. Noutra, mais delicada, buscam-se os vínculos com
as candidaturas.
Contribuições empresariais estão proibidas nesta eleição. Em tese, a
comprovação do uso de dinheiro de caixa dois em benefício de uma
candidatura configuraria abuso do poder econômico. Algo que, no limite,
pode levar à perda do mandato.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber,
avaliou no domingo (21.out.2018)) que a Justiça Eleitoral não falhou no
combate às chamadas “fake news” durante o processo eleitoral deste ano.
Segundo ela, a disseminação de informações falsas, classificada como
“intolerável” pela ministra, é um “fenômeno mundial” e o Poder
Judiciário não tem uma “solução pronta” para interrompê-la: “Nós
entendemos que não houve falha alguma da Justiça Eleitoral no que tange a
isso que se chama fake news. Todos sabemos que a desinformação é um
fenômeno mundial e que se faz presente nas mais diferentes sociedades”.
“Gostaríamos de ter uma solução pronta e, de fato, não temos”, disse.
Ela ressaltou, contudo, que a Justiça Eleitoral tem dado, por meio de
seus ministros auxiliares, respostas prontas em processos sobre
propagandas irregulares, nas áreas jurisdicional e administrativa. Para
ela, a novidade no processo eleitoral não é a disseminação de mensagens
falsas, mas a velocidade de circulação delas por meio das redes sociais e
aplicativos de mensagens. “Nós sabemos que há excessos que se cometem
no processo eleitoral. E eles são devidamente apurados pela Justiça
Eleitoral no tempo devido”, ressaltou. A ministra lembrou que foi criado
um conselho consultivo com a intenção de normatizar um método para
enfrentamento das “fake news”, mas explicou que a iniciativa foi
desaconselhada pelo conselho nacional de direitos humanos da ONU
(Organização das Nações Unidas). O receio era de que uma normatização
poderia atentar contra conceitos democráticos, como a liberdade de
expressão.
Também na sede do TSE, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, foi questionado se os
setores de inteligência brasileiros identificaram ações de governos ou
grupos do Exterior para influenciar no resultado das eleições no País.
“Existem muitos instrumentos para a interferência ilegítima do processo
eleitoral. As fake news talvez sejam o menor deles. Não se identificou
uma operação sistemática ou estruturada em cima das nossas eleições”,
respondeu. Segundo ele, com base em dados da inteligência, não houve
eventos significativos que indiquem alterações no processo eleitoral.
“Desde 2016, identificamos pequenas tentativas de influenciar, mas não
houve incremento considerável neste ano do que houve em 2016”, disse
ele.
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