Ciro Gomes vai para o exterior
Num instante em que o presidenciável petista Fernando Haddad
esperava incorporar Ciro Gomes ao seu staff de campanha, o candidato
derrotado do PDT, deu as costas ao afilhado de Lula e tirou uns dias
de folga para descansar na Europa.
Antes de fazer as malas, Ciro articulou o apoio do PDT a Haddad. Não
um apoio qualquer. Não, não. Absolutamente. Foi um “apoio crítico”.
A plateia ficou sem saber de que tamanho é o apoio e até onde vai a
crítica. Ficou-se com a impressão de que, se o adversário não fosse
Jair Bolsonaro, Haddad e o petismo não receberiam de Ciro nem bom
dia.
No início da campanha, Ciro acalentou a expectativa de ter o apoio
do PT. Cogitou dividir a chapa com Haddad, que seria o seu vice. O
grão-petista baiano Jaques Wagner defendeu a dobradinha. Mas a
presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ecoando Lula, desautorizou a
articulação: “Nem com reza brava”. E Ciro: “Dá pena”.
Escanteado pelo PT, Ciro tocou o seu barco. Esteve na bica de atrair
o PSB para sua coligação, aumentando seu tempo no horário eleitoral.
Mas Lula, esticando a perna desde a cadeia, passou-lhe uma rasteira.
Barganha daqui, regateia dali Lula empurrou o PSB para uma posição
de neutralidade no primeiro turno.
Tanta divisão transformou a autoproclamada esquerda brasileira em
cabo eleitoral de Jair Bolsonaro. Agora, ao perceber que o mano a
mano Haddad X Bolsonaro será duro de roer, o PT se oferece para
fazer o favor de liderar uma “frente democrática.” Ciro, por ora,
enxergou no Aeroporto a saída menos desconfortável. Para reencontrar
o amigo, Haddad talvez tenha que procurar um pouco.
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