O Tribunal de Contas da União é uma piada
como auditor de si mesmo
como auditor de si mesmo
O Brasil aprecia tanto as piadas — que tem uma como TCU (Tribunal de
Contas da União). A última do TCU é uma investigação interna sobre
tráfico de influência — no próprio tribunal. Apurou-se uma denúncia feita
por um dos delatores da Operação Lava Jato, ele disse que pagou propinas a um
advogado em troca de decisões favoráveis à sua empresa numa fiscalização
do tribunal. O caso ganhou as manchetes em 2015.
De acordo com o delator, o advogado lhe garantiu acesso a dois ministros
do TCU: o pai dele e o atual presidente do tribunal. Inquérito da
Polícia Federal concluiu: havia “indícios suficientes de que a
articulação buscada surtiu efeito, quando analisados a dinâmica do
andamento processual na corte de contas e o comportamento dos
ministros”.
O ministro relator da investigação interna do TCU, concluiu o contrário.
Mandou o caso para o arquivo por considerar que “não há indícios
mínimos, sequer de evidências de autoria e materialidade de envolvimento
de autoridade e servidores do Tribunal de Contas em suposto tráfico de
influência ou acesso privilegiado a dados e informações do TCU por
advogados vinculados”.
A peça redigida pelo ministro relator, um ex-deputado do PTB
pernambucano, ex-ministro de Lula, ganha ares de anedota no trecho que
informa sobre a falta de condições do TCU para se autoinvestigar. A
coisa fica realmente hilária na passagem em que o ministro registra a
inexistência de registros telefônicos ou mesmo de entrada das pessoas no
prédio do TCU.
Quer dizer: o TCU levou quase dois anos para concluir que os gabinetes
de seus ministros não registram os telefonemas e sua portaria não sabe
quem passou pela catraca. Quem lê o texto do relator fica tentado a
gargalhar ao verificar que o ministro deixou entreaberta uma porta para a
reabertura do caso na hipótese de surgimento de fatos novos. A
providência é bastante conveniente, pois há um inquérito sobre o caso
tramitando no Supremo Tribunal Federal.
Ouvidos, os ministros negam tudo. Dizem desconhecer o delator. Se o
relator aprofundasse um pouco mais sua sindicância, talvez descobrisse
que os colegas não conhecem direito nem a si próprios. Levam sustos
frequentes defronte do espelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário