Jungmann convoca comandante do exército para ouvir explicações sobre declarações de general
Antonio Hamilton Martins Mourão |
Diante da repercussão negativa das declarações do general da ativa
Antonio Hamilton Martins Mourão que, na última sexta-feira
(15.set.2017), em palestra, defendeu a possibilidade de intervenção
militar, diante da crise enfrentada pelo País, caso a situação não seja
resolvida pelas próprias instituições, o ministro da Defesa, Raul
Jungmann, convocou o comandante do Exército, general Eduardo Villas
Bôas, para pedir explicações em relação às declarações do militar, para
"orientá-lo quanto às providências a serem tomadas".
Jungmann, em nota, no entanto, não explica que providências poderão ser
tomadas. No fim de semana, ao tomar conhecimento do ocorrido, Jungmann
relatou o fato ao presidente Michel Temer e avisou que deixou nas mãos
do comandante a decisão sobre como conduzir o caso.
O general Villas Bôas, depois de ouvir as explicações do contexto da
fala do general, que já protagonizou outro problema político em outubro
de 2015, quando criticou o governo e a ex-presidente Dilma Rousseff,
disse a reportagem que o problema estava "superado".
Pelo Regulamento Disciplinar do Exército, Mourão pode ser punido por dar
declarações de cunho político, sem autorização de seu superior
hierárquico. A decisão de tentar abafar o caso, no entanto, parece não
ter agradado a Jungmann, que queria algum tipo de sinal de que esse tipo
de declaração não pode ser tolerado.
O Exército, no entanto, está tentando contornar a situação, para evitar
subir a temperatura e criar um problema ainda maior já que Mourão tem
uma forte liderança na tropa. Além, de acordo com integrantes do Alto
Comando, Mourão está exatamente seis meses de deixar o serviço ativo e é
melhor não colocar lenha no fogo, criando um novo problema.
Em 2015, por conta das suas declarações, o general Mourão perdeu o
Comando Militar do Sul e foi transferido para a Secretaria de Economia e
Finanças, um cargo burocrático. Agora, diante da pressão política,
Mourão pode ser retirado de sua função, como medida paliativa para que
seu gesto não sirva de incentivo a outras manifestações.
Mas o assunto ainda está sendo objeto de discussão porque há quem
entenda que puni-lo, de alguma forma, poderia levar a uma leva de
solidariedade, criando um clima político considerado "desnecessário",
neste momento, transformando a Força em vidraça.
A fala de Mourão, desagradou integrantes do Alto Comando que consideram
que o pronunciamento "inoportuno" e que ele trouxe para os quartéis um
problema que não é da classe militar, criando uma verdadeira "saia
justa" para ele e para o comandante. Em nota, o ministro Raul Jungmann
afirmou que "as Forças Armadas estão absolutamente subordinadas aos
princípios constitucionais, à democracia, ao estado de direito e ao
respeito aos Poderes constituídos". O ministro acrescenta ainda que "há
um clima de absoluta tranquilidade e observância aos princípios de
disciplina e hierarquia constitutivos das Forças Armadas, que são um
ativo democrático de nosso País".
O comandante do Exército, general Villas Bôas, segundo a nota da Defesa,
estava em tratamento em São Paulo, quando foi "convocado" pelo ministro
Jungmann "para esclarecer dos fatos relativos a pronunciamento de
membro do Alto Comando do Exército e orientá-lo quanto às providências a
serem tomadas".
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