quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Grêmio Campeão da Copa do Brasil
tricolor conquista seu quinto título no torneio após
empate em 1 a 1 com o Atlético Mineiro






Em noite histórica, marcada por lágrimas e homenagens à Chapecoense, o Grêmio confirmou o favoritismo conquistado no jogo de ida e faturou o título da Copa do Brasil, na quarta-feira (07.dez.2016). Diante do público recorde da Arena Grêmio, com 55.337 torcedores, o time gaúcho empatou por 1 a 1 com o Atlético Mineiro e sustentou a vantagem obtida na primeira partida da final, com a vitória por 3 a 1, no Mineirão, em Belo Horizonte. Com o resultado, o time comandado por Renato Gaúcho se tornou o maior campeão da história da Copa do Brasil.
O troféu marca o fim de um longo e desagradável jejum de 15 anos no Grêmio. Superado com frequência pelo rival Internacional no Estadual, o time tricolor também vinha penando nas competições nacionais. Agora, põe fim à “fila” com seu quinto título da Copa do Brasil, superando o Cruzeiro, que tem quatro. O time gaúcho também venceu em 1989, 1994, 1997 e 2001.






A final de quarta-feira (07.dez.2016) foi marcada pelas homenagens à Chapecoense. Os dois times entraram em campo com o escudo do time catarinense no uniforme, assim como o árbitro e os auxiliares, que até vestiram verde. A bola do jogo também teve o escudo em memória dos jogadores e integrantes do clube que foram vítimas do acidente aéreo da semana passada, que causou a morte de 71 pessoas, perto de Medellín, na Colômbia.
Na arquibancada, a torcida gremista abriu a camisa gigante que os torcedores da equipe de Santa Catarina levava aos jogos na Arena Condá. O momento mais emocionante da homenagem aconteceu no minuto de silêncio, com toque militar. Um videoclipe com imagens da Chapecoense foi exibido nos telões, sem som.
Os jogadores ficaram abraçados no centro do gramado, com a presença de membros da imprensa, representando os jornalistas mortos na tragédia. O goleiro Victor era o mais emocionado, assim como muitos torcedores nas arquibancadas.






O JOGO — Depois da dura derrota na ida, que até custou o emprego do técnico Marcelo Oliveira, o Atlético entrou em campo com seu já tradicional trio de volantes. Rafael Carioca voltou ao time após cumprir suspensão na partida disputada no Mineirão, jogando ao lado de Júnior Urso e Leandro Donizete — parte da torcida culpou a ausência do trio pelo revés no primeiro jogo.
Com o trio de volta e de técnico novo, o Atlético se mostrava visivelmente mais bem organizado em campo. Sem lembrar a oscilação da ida, o que lhe custou três gols, o time mineiro buscava o ataque com naturalidade nos primeiros minutos, enquanto o Grêmio adotava postura mais cautelosa, esperando o rival em seu campo de defesa.
Mesmo recuado, o time da casa levou sustos no início do jogo. Foram três finalizações seguidas do Atlético à direita do gol de Marcelo Grohe antes dos 13 minutos de jogo. A equipe mineira tentava impor pressão, mas logo o Grêmio descolava rápido ataque e freava o ímpeto atleticano.
No primeiro tempo, o duelo se concentrou no meio-campo, com forte marcação e até jogadas mais duras de ambos os lados. Aos poucos, o Grêmio passou a anular com facilidade as investidas do Atlético pelo meio da área e começou a levar maior perigo no ataque. Foram suas as melhores chances da etapa inicial.
Aos 21, Maicon finalizou de longe e a bola desviou no meio do caminho, quase surpreendendo Victor. Everton, substituto de Pedro Rocha, expulso no jogo de ida, também arriscou de longe, aos 35. O goleiro atleticano pegou com tranquilidade.
A melhor oportunidade da etapa aconteceu aos 40. Em lance inesperado, Douglas deu passe de calcanhar e lançou Everton cara a cara com Victor. O gremista, porém, bateu em cima do goleiro e desperdiçou chance incrível.
Para o segundo tempo, o Atlético voltou com uma mudança visando uma atuação mais ofensiva. O interino Diogo Giacomini trocou Júnior Urso por Maicosuel. Minutos depois, sacaria Leandro Donizete para a entrada de Cazares. Não por acaso. O Atlético seguia neutralizado pela defesa gremista, com poucas opções para tentar surpreender a zaga anfitriã.
Na primeira metade do segundo tempo, era o Grêmio quem tinha a melhor oportunidade de gol, com Douglas, em cobrança de falta, aos 12 minutos. Enquanto isso, o Atlético continuava com a missão de marcar ao menos dois gols para levar o duelo para os pênaltis.
O cronômetro rodava e o time mineiro não esboçava jogadas mais agudas no ataque. Parava rapidamente na bem postada defesa gremista. Lucas Pratto atuava menos adiantado, sem sucesso, enquanto Robinho insistia pelo meio, sendo neutralizado com facilidade. Cazares exibia pouco ritmo de jogo e não conseguia penetrar na defesa.
Do outro lado, o Grêmio exibia maior eficiência no ataque, como fez no jogo de ida. E, num ataque fulminante, decidiu o jogo, as finais e o campeonato. Aos 43, Everton disparou pela esquerda até a linha de fundo e cruzou rasteiro para a pequena área. Bolãnos, que acabara de entrar em campo, só escorou para as redes e praticamente comemorou o título.
A festa só não foi completa porque Cazares acertou lindo e improvável chute de antes do meio de campo, aos 46 minutos. A bola morreu no fundo das redes, decretando o empate, que não foi o suficiente para evitar o título gremista.

Antes do apito final, jogadores dos dois times se estranharam junto à lateral do campo, sem maiores consequências. Mas, com o fim da partida, atletas voltaram a se desentender e um clima de tensão quase estragou a festa dos gremistas no campo. Logo jogadores foram afastados e jogadores, comissão técnica e o técnico Renato Gaúcho, ao lado da filha Carol Portaluppi, celebraram o troféu no gramado.






MAIOR ÍDOLO — Renato volta a fazer história pelo Grêmio.
Considerado o maior ídolo do Grêmio e autor dos mais importantes gols da história do clube, Renato Gaúcho voltou a escrever o seu nome na história do time, mas agora como treinador. Afinal, ele foi o comandante da conquista do título da edição de 2016 da Copa do Brasil.
Em 1983, Renato venceu a Copa Libertadores pelo Grêmio e, posteriormente, anotou os dois gols do time na disputa do Mundial Interclubes diante do alemão Hamburgo, quando entortou os seus marcadores. Depois, ainda venceria dois estaduais pelo clube.
Com participação tão marcante em grandes feitos, Renato escreveu de vez seu nome na história do Grêmio. Agora, porém, como treinador, na sua terceira passagem pelo comando do time, encerrou um incômodo jejum de 15 anos sem títulos nacionais da equipe gaúcha, que espera estar iniciando uma nova era.
Nas outras duas oportunidades em que dirigiu o Grêmio, Renato fez bons trabalhos tendo o conduzido a classificações para a Libertadores. Agora a vaga também foi alcançada, mas com um gosto especial, afinal isolou o seu time como o maior campeão da Copa do Brasil, com cinco taças — as outras conquistas foram em 1989, 1994, 1997 e 2001.
Este é o quinto título gremista na Copa do Brasil e o segundo de Renato como treinador — também venceu a competição em 2007, pelo Fluminense. E ele veio após o ex-jogador ficar dois anos afastado do futebol, o que só reforça a sua ligação com o Grêmio, clube para o qual destino parece sempre apontar para o seu sucesso.
Afinal, agora o Grêmio encerra um incômodo jejum sem títulos nacionais de 15 anos. Para piorar a difícil situação, o time viu o rival Internacional viver alguns dos maiores momentos da sua história nesse período, com a conquista de duas Libertadores e de um Mundial de Clubes da Fifa.
O Grêmio, por sua vez, seguiu caminho praticamente oposto. Chegou a ser rebaixado uma vez para a Série B do Campeonato Brasileiro e vinha sendo coadjuvante no cenário nacional. Essa situação aumentou a pressão sobre os diferentes técnicos que dirigiram o time nesse período, o que inclusive pesou para a troca de Roger Machado por Renato.
O novo técnico manteve o modelo de jogo do comandante anterior, mas, com seu currículo vitorioso, parece ter aumentado a confiança dos jogadores do elenco, a ponto de ver apostas suas, como o atacante Pedro Rocha, serem decisivas para a conquista, que também passou por outros nomes importantes do elenco como Marcelo Grohe, Pedro Geromel e Douglas.
Além disso, o Grêmio exibiu força decisiva nos confrontos como visitante, a ponto de não perder nenhum confronto longe de casa nessa Copa do Brasil, tendo conseguido vitórias expressivas no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, diante de Cruzeiro (2 a 0, nas semifinais) e Atlético Mineiro (3 a 1, na final).
Mas a festa foi completa em casa, na quarta-feira (07.dez.2016), na lotada Arena Grêmio, onde vinha acumulando decepções. Agora, porém, encerrou um jejum de 15 anos sem títulos nacionais e se isolou como maior vencedor da Copa do Brasil. Tudo isso sob o comando de Renato, o grande nome da sua história.



FICHA TÉCNICA — GRÊMIO 1 x 1 ATLÉTICO-MG

GRÊMIO — Marcelo Grohe; Edílson, Pedro Geromel, Kannemann e Marcelo Oliveira; Walace, Maicon, Ramiro (Jailson), Douglas (Bolaños) e Everton (Fred); Luan. Técnico: Renato Gaúcho.

ATLÉTICO-MG — Victor; Marcos Rocha, Erazo, Gabriel e Fábio Santos; Leandro Donizete (Cazares), Júnior Urso (Maicosuel), Rafael Carioca; Luan (Lucas Cândido), Robinho e Lucas Pratto. Técnico: Diogo Giacomini (interino).

GOLS — Bolaños, aos 43, e Cazares, aos 46 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS — Erazo, Fábio Santos, Marcelo Grohe, Bolaños.

ÁRBITRO — Luiz Flávio de Oliveira (Fifa/SP).

RENDA — R$ 5.105.964,00

PÚBLICO — 52.233 pagantes (55.337 no total).

LOCAL — Arena Grêmio, em Porto Alegre (RS).




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