sexta-feira, 12 de junho de 2015


Jovens namorados trocam olho no olho por mensagens de celulares

O tilintar do aparelho celular é constante. São mensagens rápidas como "oi" ou "onde você está?". Pode ser também o aviso da chegada de uma imagem como o prato de macarrão instantâneo que será saboreado ou a foto do dedão do pé. O amor entre jovens namorados hoje é bem mais mãos no teclado do que mãos entrelaçadas.
As possibilidades e rotinas do amor conectado são tantas que até sentimentos típicos de romance, como sentir saudade a toda hora e ficar aguardando surpresas, estão em transformação.
"Sinto saudade, mas não posso dizer que fico com saudaaaade por não ver meu namorado durante a semana. A gente está conectado o tempo todo, consegue se ver por vídeo, receber fotos a qualquer momento. Até fazer surpresas é meio sem graça", diz Julia Dallana Aznar, 16.
As relações "on-line" também parecem dar mais liberdade aos casais, que se permitem curtir baladas cada um com sua turma ou até mesmo na mesma festa, mas cada um com seu grupo de amigos. A regra, porém, é estar sempre conectado.
"É normal que cada um tenha tempo para se divertir com outras pessoas pelo menos uma vez na semana, sem que isso magoe ninguém. É tranquilo", afirma Aline Pereira Fernandes, 17.
Para Aurélio Melo, psicólogo e professor da Universidade Mackenzie, o "mundo subjetivo" das pessoas diante da tecnologia está mudando rapidamente e atingindo principalmente os jovens.
"Os pensamentos, os sentimentos, as relações estão se transformando nesta geração. Quando eles falam que não sentem saudade é porque o virtual, de certa maneira, está substituindo o contato. Eles se sentem próximos pela tecnologia", afirma.

As amigas Giulia, Julia e Aline (a partir da esq.), adeptas do namoro via celular

FOTO OU VÍDEO
Além das mensagens instantâneas, a troca de fotografias e as conversas por vídeo são uma constante dos namoros modernos. A imagem substitui, muitas vezes, uma resposta escrita. Por dia, são dez ou mais fotos trocadas.
"Quando ele me pergunta o que estou fazendo, tiro uma foto da TV ou da lição do colégio e mando. Conversar por vídeo é mais à noite, já fiquei quatro horas com a câmera ligada", conta Aline.
Mas o excesso de comunicação também pode gerar novas maneiras de conflito.
"A internet é boa e ruim ao mesmo tempo. É ótimo ter como falar a qualquer hora com meu namorado, mas isso também faz com que a gente brigue mais. Também perdemos muitas horas 'stalkeando', fuçando o que outro fez nas redes sociais, o que curtiu", declara Julia.
Giulia Schiavon Santana, 18, diz que a maioria de suas discussões com o namorado acontece por trocas de mensagens pelo celular. "Às vezes, a gente não entende o que o outro quis expressar e vira uma confusão."


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