Confiança da população em Dilma inverte-se em 4 anos
Mesmo com a estratégia de melhorar a comunicação com a população e de
explicar os ajustes feitos pelo governo, a reprovação ao governo da
presidente Dilma Rousseff continua expressivo. A confiança da população
na presidente Dilma Rousseff inverteu-se completamente em quatro anos,
segundo a pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quarta-feira (1º.abr.2015).
Em março de 2011, quando começou o seu primeiro governo, Dilma tinha a
confiança de 74% da população. Agora, no início de seu segundo mandato, o
mesmo percentual de pessoas dizem não confiar na presidente.
O índice de desconfiança é o mais alto em 20 anos. Segundo a pesquisa,
apenas 24% dos entrevistados dizem confiar na petista. O pior resultado
havia sido registrado no início do segundo mandato do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1999. No fim daquele ano, o tucano
tinha a confiança de apenas 27% da população.
A pesquisa mostrou também que a reprovação ao governo Dilma chegou a
64%. Em dezembro, quando a última pesquisa CNI-Ibope foi divulgada,
Dilma teve 40% de aprovação e 27% de reprovação. Agora, apenas 12% dos
entrevistados avaliaram o governo positivamente, enquanto 23% o
consideraram regular.
A reprovação à maneira de governar da presidente também aumentou
expressivamente, chegando a 78% da população. Apenas 19% dos
entrevistados aprovam a maneira da petista de governar. Em dezembro,
essa aprovação era de 52%.
ELEITORES
A presidente está perdendo popularidade entre seus eleitores, mostrando
uma certa decepção do eleitorado. A pesquisa mostrou que houve uma queda
entre os eleitores da petista de 63% para 22% na avaliação positiva do
governo. Dentre os eleitores do senador Aécio Neves (PSDB-MG), a queda
foi de 12% para 2%.
A pesquisa mostra que 76% dos entrevistados avaliam que o segundo
governo Dilma está sendo pior que o primeiro, 18% avaliam que ele os
dois mandatos estão sendo iguais e apenas 4% dos ouvidos acham que o
segundo mandato está sendo melhor.
Questionados sobre as perspectivas para os próximos anos de governo, 55%
acham que o futuro do governo não será bom. Apenas 14% acreditam que o
restante do governo será ótimo ou bom.
A pesquisa CNI-Ibope analisou o primeiro trimestre deste ano. Realizada
entre os dias 21 e 25 de março, ouviu 2.002 pessoas em 142 cidades. A
margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o
grau de confiança é de 95%.
Para o gerente-executivo de pesquisa e competitividade da CNI, Renato da
Fonseca, os resultados negativos são decorrentes da crise econômica e
do ajuste fiscal forte promovido pelo governo.
"O que a gente percebe é essa decepção. O que explica essa queda forte
são os eleitores de Dilma que, com o quadro atual de intensificação da
crise, desemprego aumentando e medidas de ajuste fiscal, geraram essa
maior insatisfação. As questões econômicas passam a ser as mais
criticadas", afirmou.
DESAPROVAÇÃO GERAL
A pesquisa avaliou nove áreas de atuação do governo. em todas elas a desaprovação é superior a 60% dos entrevistados.
A maior desaprovação foi verificada em relação à política de juros do governo e à atuação na área tributária, que registraram 89% e 90% de desaprovação, respectivamente. O combate à inflação registrou desaprovação de 84%; apenas 13% avaliaram o setor positivamente.
As áreas com melhor avaliação do governo ainda são o combate à fome e a à pobreza, com 33% de aprovação. Porém, a desaprovação também subiu neste setor, de 43% registrados em dezembro para 64% agora.
A popularidade da presidente é menor entre os mais jovens. Apenas 8% dos entrevistados com idade entre 25 e 34 anos avaliam o governo como ótimo ou bom, percentual que era de 36% na pesquisa anterior.
Entre os entrevistados com 16 a 24 anos, a aprovação na maneira de governar da presidente caiu de 51% para 14%. A faixa etária ainda com maior percentual de aprovação, 27%, permanece sendo o grupo de pessoas com mais de 55 anos ou mais.
A pesquisa mostrou ainda que a queda de popularidade foi maior na região Sul, onde a avaliação positiva do governo caiu de 40%, em dezembro, para 8% em março.
A região Nordeste também registrou queda de popularidade, mas continua sendo o local onde a presidente é mais popular, com 34% de aprovação.
CNI - dados referentes à aprovação do governo por área. Em todos os nove setores avaliados na pesquisa, o percentual de desaprovação é superior a 60% dos entrevistados:
Impostos
Aprova: 7%
Desaprova: 90%
Não sabe/não respondeu: 3%
Taxa de juros
Aprova: 7%
Desaprova: 89%
Não sabe/não respondeu: 4%
Combate ao desemprego
Aprova: 19%
Desaprova: 79%
Não sabe/não respondeu: 3%
Segurança pública
Aprova: 16%
Desaprova: 81%
Não sabe/não respondeu: 3%
Combate à inflação
Aprova: 13%
Desaprova: 84%
Não sabe/não respondeu: 3%
Combate à fome e à pobreza
Aprova: 33%
Desaprova: 64%
Não sabe/Não respondeu: 3%
Meio ambiente
Aprova: 25%
Desaprova: 66%
Não sabe/não respondeu: 9%
Saúde
Aprova: 13%
Desaprova: 85%
Não sabe/não respondeu: 2%
Educação
Aprova: 25%
Desaprova: 73%
Não sabe/não respondeu: 3%
Percepção do noticiário sobre o governo
Mais favoráveis: 9%
Nem favoráveis nem desfavoráveis: 13%
Mais desfavoráveis: 72%
Não sabe/não respondeu: 6%
REAÇÃO
No fim da tarde desta quarta-feira (1º.abr.2015), o ministro Aloizio
Mercadante (Casa Civil) avaliou que a pesquisa mostra uma fotografia do
momento que exigirá do governo "humildade e trabalho".
Mas ressaltou: "O nosso compromisso é para quatro anos e três meses de
governo é apenas o início de um processo. Portanto, a fotografia não é
boa mas o filme vai ser muito bom".
O ministro afirmou que o país foi um dos que melhor enfrentou a crise
internacional, mas que agora é hora de repensar as estratégias para que a
economia volte a crescer.
"O Brasil teve uma excelente travessia nessa crise. Uma das melhores na
economia mundial mas nossos instrumentos de combate à crise
internacional não podem ser mantidos. Temos que fazer um ajuste. Temos
que repensar nossa estratégia de enfrentamento da crise internacional.
Um fator importante que eu acho que trará bons resultados é o câmbio",
disse.
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