Barusco entregou registro de propina paga pela Odebrecht
Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás,
guardou cópias de depósitos da Constructora Del Sur, que seria usada
pela empreiteira para movimentar dinheiro de corrupção em paraísos
fiscais
Ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco guardou prova envolvendo a Odebrecht. |
O ex-gerente de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco entregou à
Operação Lava Jato os documentos que guardava de depósitos da offshore
Constructora Internacional Del Sur, usada pela empreiteira Norberto
Odebrecht para pagar propina no esquema de cartel e corrupção na
estatal.
A conta de Barusco que recebeu valores da Odebrecht foi a aberta em nome
da offshore Pexo Corporation, que ele registrou em 2008.
O delator afirmou aos investigadores da Lava Jato que conseguiu
“identificar o recebimento de quase US$ 1 milhão depositados pela
Odebrecht” nesta conta.
Pelo menos dez depósitos para a offshore de Barusco foram contabilizados
ao longo de 2009 e cópias dos registros de depósitos entregues à Lava
Jato.
A Constructora Del Sur, aberta no Panamá, fez pagamentos diretos ao
ex-diretor de Serviços Renato Duque – braço no PT no esquema –, em 2009
em nome de uma conta que era controlada por ele. A descoberta foi feito
no bloqueio da fortuna de 20 milhões de euros que ele mantinha no
Principado de Mônaco.
Foram dois depósitos na conta de Duque aberta em nome da offshore
Milzart Overseas Holdings Inc., do Panamá, totalizando US$ 875 mil. Os
valores vieram de uma conta da Constructora Internacional Del Sur, no
Credicorp Bank, em Genebra.
Em novo depoimento à Justiça Federal, o doleiro Alberto Youssef,
confessou que a Odebrecht também usou Construtora Internacional Del Sur
para movimentar propina em sua lavanderia.
“Odebrecht e Braskem (sociedade entre a empreiteira e a Petrobrás) era
comum fazer esses pagamentos (de propina) lá fora, ou ela me entregava
em dinheiro vivo no escritório da São Gabriel”, afirmou o doleiro em
audiência na Justiça Federal no Paraná na terça-feira (31.mar.2015).
“Uma vez recebi uma ordem, não me lembro se foi em uma das contas
indicadas por Carlos Rocha (doleiro Carlos Alberto Souza Rocha, também
alvo da Lava Jato) ou Leonardo (Meirelles, outro réu da operação), da
Odebrecht que a remessa foi feita pela construtora Del Sur”, relatou.
Segundo o Youssef, ele teria recebido pagamentos por meio dessa empresa
“umas duas ou três vezes”.
Documento
A Lava Jato já sabe que Barusco era braço direito e espécie de contador
da propina de Duque na Diretoria de Serviços. Por meio dela, o esquema
arrecadava de 2% a 3% nos contratos da estatal. Parte ficava com os dois
e parte ia para o PT.
Cópia de registro de depósitos de offshore Constructora Del Sur para conta de Barusco |
Os documentos e depoimentos colhidos até agora na Lava Jato complicam a
vida da Odebrecht e de seus executivos. Barusco e o ex-diretor de
Abastecimento Paulo Roberto Costa apontaram os executivos do grupo
Rogério Santos Araújo e Márcio Faria da Silva como os responsáveis pelos
pagamentos no exterior.
Costa diz ter recebido US$ 23 milhões da empreiteira por meio de
transferências para a Suíça. O doleiro Bernando Freiburghaus, que mora
na Suíça, é peça-chave nessas investigações. Era ele quem operava parte
dessas contas na Europa.
VEJA DOCUMENTOS DE DEPÓSITOS PARA PEDRO BARUSCO
VEJA DOCUMENTO DE DEPÓSITOS PARA CONTA DE RENATO DUQUE
COM A PALAVRA, A ODEBRECHT.
“A Construtora Norberto Odebrecht S.A. esclarece que não possui, nem
nunca possuiu, qualquer vínculo com a empresa Construtora Internacional
del Sur, a qual não é, nem nunca foi de sua propriedade, ou de qualquer
outra empresa controlada ou coligada da Odebrecht. Esclarece ainda que
nunca fez qualquer pagamento à referida empresa. Portanto, não são
verdadeiras as notícias que vêm sendo veiculadas que atribuem à
Odebrecht a responsabilidade por pagamentos efetuados no exterior aos
réus confessos Alberto Youssef e Pedro Barusco.”
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