sexta-feira, 13 de março de 2015


Principal problema do governo tem nome: Dilma

Josias de Souza
O problema do governo tem nome e sobrenome. Alguns aliados do Planalto o chamam de Aloizio Mercadante. Outros o tratam por Pepe Vargas. Se estivessem certos, a solução seria simples. Bastariam dois golpes de esferográfica. Mas estão enganados. Chama-se Dilma Rousseff o problema do governo. Nunca um governante começara sua gestão tão por baixo. E as pessoas se perguntam sobre o que está havendo, afinal, com a Dilma, que não reage.
Hoje, a estratégia de Dilma é clara como a gema. Resume-se a três lances: 1) para não potencializar seu isolamento político, engole todos os sapos que os investigados Renan Calheiros e Eduardo Cunha conseguem lhe servir.
2) para evitar o aprofundamento da crise econômica que herdou de si mesma, tolera Joaquim Levy, o ministro da Fazenda que as circunstâncias lhe enfiaram goela abaixo.
3) para disfarçar seu déficit de iniciativa, reúne-se regularmente com Lula, o ventríloquo que regula as doses de cinismo que lhe escorrem pelos lábios.
Dilma esteve com Lula na noite de terça-feira (10.mar.2015), em Brasília. Ouviu basicamente três conselhos: faça política, faça política e faça política. Em vez de ceder às pressões pela entrega do escalpo dos “articuladores'' Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas (Relações Institucionais), Dilma optou por adicionar mais três cabeças ao seu núcleo de (des)coordenação política: os ministros Gilberto Kassab (Cidades) Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) e Eliseu Padilha (Aviação Civil).
Com esses ajustes, a coordenação política do governo Dilma ficará muito parecida com a das gestões de Lula. Com uma diferença: hoje, há um excesso de cabeças e carência de miolos. Ontem, havia a mesma carência, mas com uma cabeça só.
Nas últimas 48 horas, para livrar-se da humilhação de ver derrubado no Congresso o veto que apôs à proposta de reajustar em 6,5% a tabela do Imposto de Renda, Dilma deu ouvidos a Lula. Primeiro, peemedebizou-se, redescobrindo o vice Michel Temer, que vinha tratando como versa. Com a ajuda de Temer, Dilma promoveu uma engenharia política.
Abre parágrafo: no Brasil de hoje, “engenharia política” é eufemismo para acerto com o Renan. Fecha parênteses. Ainda assim, entregando os anéis para perder poucos dedos, o Planalto prevaleceu raspando na trave. O veto presidencial foi mantido com uma diferença de escassos 18 votos.
Doravante, será sempre assim: para aprovar o que deseja no Legislativo, essa Dilma debilitada terá de ajoelhar no milho. Ela já prepara os meniscos para a tortura que será a negociação das medidas provisórias que restringem o acesso dos trabalhadores a benefícios trabalhistas e previdenciários.
Se depender dos seus aliados, bastará a Dilma permanecer ajoelhada para ser considerada uma gestora de grande altivez. E o segundo governo da ex-supergerente, nunca é demasiado recordar, tem apenas 71 dias de vida.


Nenhum comentário:

Postar um comentário