Ameaça para parentes voltarem a Cuba assusta profissionais do Mais Médicos
Cuba ameaça trocar profissionais que trouxeram familiares para o Brasil
Moradores de Agudos (SP) aguardam atendimento em posto de saúde onde atuam médicos cubanos |
Com medo das ameaças do governo de Cuba para que seus familiares
retornem ao país, médicos cubanos do Mais Médicos rejeitam até
bolsa-auxílio oferecida a seus filhos. A Câmara Municipal de Agudos (a
313 km de São Paulo) aprovou no dia 2 um
projeto de lei que prevê o pagamento de uma bolsa aos filhos de cubanos
que atuam na cidade de 35 mil habitantes na região de
Bauru. Para receberem R$ 550 por filho, os médicos precisam cadastrar a
criança
e comprovar sua dependência econômica e a permanência regular em
território nacional. Passadas duas semanas da lei já regulamentada, no
entanto, nenhum dos profissionais havia se cadastrado para receber o
benefício. Cada profissional de Agudos recebe R$ 1.050 de
auxílio-moradia e R$ 500 para alimentação.
Em outras cidades paulistas há crianças matriculadas na escola e cônjuges empregados com carteira assinada.
O governo de Cuba ameaça substituir os médicos que insistam em manter os familiares no Brasil.
A pressão é feita pela vice-ministra da Saúde, Estela Cristina Morales, e
por seus assessores, que vêm se reunindo com médicos cubanos em várias
cidades brasileiras.
O principal argumento de Cuba é que o contrato de trabalho com os
profissionais prevê apenas que eles possam receber visitas de parentes –
sem menção a moradia. Há o receio de que a vinda de cônjuges e filhos
estimule a fixação das famílias no país.
O clima de medo está presente em vários municípios brasileiros, afirma o
clínico Gustavo Gusso, professor da USP e um dos supervisores do Mais
Médicos. Segundo ele, outros tutores do programa relataram que, nos
últimos dias, médicos tiveram crises de hipertensão e de enxaqueca,
tamanho o nervosismo.
O Ministério da Saúde tem conhecimento das pressões, mas afirma que o
problema está fora de sua alçada, uma vez que o contrato com Cuba foi
assinado por intermédio da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).
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