terça-feira, 17 de março de 2015


Ameaça para parentes voltarem a Cuba assusta profissionais do Mais Médicos
Cuba ameaça trocar profissionais que trouxeram familiares para o Brasil

Moradores de Agudos (SP) aguardam atendimento em posto de saúde
onde atuam médicos cubanos

Com medo das ameaças do governo de Cuba para que seus familiares retornem ao país, médicos cubanos do Mais Médicos rejeitam até bolsa-auxílio oferecida a seus filhos. A Câmara Municipal de Agudos (a 313 km de São Paulo) aprovou no dia 2 um projeto de lei que prevê o pagamento de uma bolsa aos filhos de cubanos que atuam na cidade de 35 mil habitantes na região de Bauru. Para receberem R$ 550 por filho, os médicos precisam cadastrar a criança e comprovar sua dependência econômica e a permanência regular em território nacional. Passadas duas semanas da lei já regulamentada, no entanto, nenhum dos profissionais havia se cadastrado para receber o benefício. Cada profissional de Agudos recebe R$ 1.050 de auxílio-moradia e R$ 500 para alimentação.
Em outras cidades paulistas há crianças matriculadas na escola e cônjuges empregados com carteira assinada.
O governo de Cuba ameaça substituir os médicos que insistam em manter os familiares no Brasil.
A pressão é feita pela vice-ministra da Saúde, Estela Cristina Morales, e por seus assessores, que vêm se reunindo com médicos cubanos em várias cidades brasileiras.
O principal argumento de Cuba é que o contrato de trabalho com os profissionais prevê apenas que eles possam receber visitas de parentes – sem menção a moradia. Há o receio de que a vinda de cônjuges e filhos estimule a fixação das famílias no país.
O clima de medo está presente em vários municípios brasileiros, afirma o clínico Gustavo Gusso, professor da USP e um dos supervisores do Mais Médicos. Segundo ele, outros tutores do programa relataram que, nos últimos dias, médicos tiveram crises de hipertensão e de enxaqueca, tamanho o nervosismo.
O Ministério da Saúde tem conhecimento das pressões, mas afirma que o problema está fora de sua alçada, uma vez que o contrato com Cuba foi assinado por intermédio da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).



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