Maioria foi às ruas contra corrupção, diz Datafolha
Protestar contra a corrupção foi a principal motivação das pessoas que
resolveram ir à manifestação de domingo (15.mar.2015) em São Paulo,
mostra pesquisa Datafolha feita durante o ato. Este motivo foi citado
por quase metade dos entrevistados do instituto.
O pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, usado por alguns
dos grupos organizadores do ato, vem em segundo lugar. Foi mencionado
por 27%. Protestar contra o PT (20%) e contra os políticos (14%) foram
as outras razões mais citadas.
No universo dos 210 mil manifestantes que lotaram a av. Paulista no
domingo na contagem do Datafolha, 82% declararam ter votado no tucano
Aécio Neves no segundo turno da eleição presidencial de 2014, 37%
manifestaram simpatia pelo PSDB e 74% participavam de protesto na rua
pela primeira vez na vida.
Como o Datafolha havia feito uma pesquisa semelhante na sexta-feira
(13.mar.2015) junto aos manifestantes do ato liderado pela CUT, UNE e
MST, entre outras entidades, é possível comparar os perfis dos dois
públicos.
No ato da sexta-feira, formado majoritariamente por eleitores de Dilma –
71% votaram nela no segundo turno –, as principais motivações foram
protestar contra perdas de direitos trabalhistas (25%), por aumento
salarial para professores (22%), por reforma política (20%) e em defesa
da Petrobras (18%). A defesa de Dilma foi citada por apenas 4%.
Ao responder sobre as motivações para ir ao protestos, os entrevistados poderiam oferecer mais de uma razão.
Nas duas manifestações o público presente tinha um perfil social mais
elitista que o da média da população. No ato liderado pela CUT, por
exemplo, 68% tinham ensino superior. Na manifestação de domingo, 76%.
A renda dos manifestantes de domingo era um pouco mais alta: 41%
declararam receber mais de 10 salários mínimos ante 12% no protesto da
sexta-feira.
Divergências profundas aparecem na avaliação do governo Dilma –
desaprovado por 96% do público do domingo, mas por 26% dos presentes na
sexta – e na opinião sobre a relação da presidente com o esquema de
corrupção na Petrobras.
No domingo, 90% responderam que Dilma sabia dos malfeitos e deixou
ocorrer. Na sexta, o maior grupo (36%) também achava que ela sabia, mas
avaliava que ela nada poderia fazer para evitar.
Apesar de politicamente estarem em espectros opostos, os manifestantes
dos dois atos compartilham pontos de vista em alguns aspectos.
A democracia foi amplamente defendida por ambos os grupos, que a apontaram como o melhor sistema político para o país.
A avaliação negativa do Congresso Nacional também foi comum nos dois
atos: ruim ou péssimo para 61% dos que marcharam na sexta, taxa que
chegou a 77% entre os manifestantes do domingo.
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