Vendas online ampliam fatia de mercado
Comércio virtual respondeu no ano passado por um quarto do avanço de 2,2% das vendas, segundo dados da Confederação do Comércio
O comércio online começa a fazer cócegas nas vendas das lojas físicas.
Isso explica a volta de grandes varejistas, como a C&A, e outras que
ainda neste ano planejam retomar esse canal de vendas, como o
Carrefour. Em 2014, varejistas tradicionais reclamaram que perderam
faturamento do Natal para o comércio online por causa da Black Friday.
O retorno de grandes varejistas para o e-commerce é explicado em parte
porque essas redes estão de olho no consumidor jovem, que é usuário de
dispositivos móveis, como smartphones e tablets. Hoje a geração digital
está chegando timidamente ao mercado de consumo, mas nos próximos anos
vai bater o martelo na hora de ir às compras.
No ano passado, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), as
vendas online responderam por 0,5 ponto porcentual do crescimento do
comércio varejista como um todo, que avançou 2,2%, a menor variação
desde 2003, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Deste total, as vendas nas lojas físicas responderam
por 1,7 ponto porcentual.
É bem verdade que as lojas virtuais representam ainda muito pouco, isto
é, 3,1% do faturamento total do comércio no ano passado. Mas nos últimos
sete anos a sua participação, que era de 1,6% em 2007, praticamente
dobrou. “Uma coisa é ter uma fatia de 0,4 porcentual nas vendas quando o
varejo crescia 8%, outra é ter participação de 0,5 ponto quando o
varejo cresce menos de 2%”, diz o economista da CNC responsável pela
projeção, Fabio Bentes.
Dados do E-bit, empresa especializada em informações sobre o comércio
eletrônico, mostram que em 2014 as vendas online cresceram 24%, o quarto
ano seguido na casa de 20%. Descontada a inflação, o varejo eletrônico
avançou nada menos que 17,6% em 2014. Para este ano, a expectativa do
E-bit é de um aumento nominal de 20%, ou de 14,5%, sem considerar a
inflação, enquanto o varejo tradicional deve avançar apenas 1,2%,
segundo a CNC.
“O comércio online está só começando no Brasil, é um pré-adolescente”,
compara o diretor-geral do E-bit, Pedro Guasti. Ele observa que cenário
atual é diferente de 14 anos atrás. Em 2001, o País não tinha 10 milhões
de internautas e as vendas online somavam R$ 500 milhões. O Brasil
fechou o ano passado com 110 milhões de internautas e o comércio
eletrônico com receita de R$ 35,8 bilhões.
Embora, na média, a fatia do comércio online seja pequena no varejo como
um todo, em algumas categorias a participação chega a dois dígitos. As
vendas online de itens de informática, eletrônicos e celulares, por
exemplo, respondem por 15% da venda total. “E o setor de roupas é o que
mais cresce no comércio online”, diz Guasti.
Idade da pedra
Ele ressalta que a rede varejista que não tem presença na Web é
considera como uma empresa da “idade da pedra” pelos consumidores jovens
que usam smartphones e tablets. “Esse consumidor que têm entre 18 e 24
anos e usa dispositivos móveis vai decidir as compras amanhã”, diz a
sócia da área de varejo e consumo da consultoria PricewaterhouseCoopers,
Ana Hubert, ressaltando a importância das redes varejistas tradicionais
de ingressarem no mercado virtual.
Ana lembra que, nos anos 2006-2007, as varejistas tradicionais entraram
no comércio online considerando-o só como mais um canal de vendas.
Posteriormente, diz a consultora, nos anos 2008-2009, olhando o exemplo
da B2W – empresa especializada em comércio online que conseguia ter
custos menores, preços mais competitivos e lucros maiores –, a tendência
foi transformar a operação online 100% independente da operação das
lojas físicas.
“Mas algumas questões mostraram que a equação de custos menores no
comércio eletrônico não era verdadeira: o marketing online não era tão
barato quanto offline e para um país com dimensões continentais como o
Brasil não era possível fazer entregas com baixo desembolso se o centro
de distribuição não estivesse bem localizado”, explica. O resultado
desse movimento foi que uma nova tendência surgiu nos anos 2012-2013: a
volta da integração da venda online com a offline.
Segundo a consultora, o foco agora é proporcionar a melhor experiência
de compra para o consumidor, que quer ter a liberdade de tocar o produto
na loja física e comprar na virtual e vice-versa, mas pagando o mesmo
preço. Recente pesquisa da consultoria mostra que 86% dos brasileiros
pesquisam sobre os produtos em lojas físicas e compram no comércio
online.
O mesmo estudo revela também que 78% dos entrevistados fazem o caminho
inverso: primeiro pesquisam sobre o produto que lhe interessa nos sites
de comércio eletrônico e depois vão à loja para comprá-lo. A mensagem
que fica desses dois resultados aparentemente contraditórios é que o
consumidor hoje dá as cartas: decide onde vai pesquisar e onde vai
comprar, de acordo com a sua conveniência. E é disso que os varejistas
estão atrás.
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