Diretoria que era cota do PT na Petrobrás arrecadou R$ 640 milhões em propina
O valor pago em propina para a Diretoria de Serviços da Petrobrás – cota
do PT no esquema de corrupção desbaratado pela Operação Lava Jato - em
contratos que eram da área de Abastecimento alcançou R$ 640 milhões. É o
que aponta o primeiro pacote de cinco ações cíveis por improbidade
administrativa ajuizado contra seis empreiteiras do cartel e 28
executivos. A área de Serviços é estratégica dentro da estatal. Por ela,
passam todas as licitações feitas na companhia.
As ações foram apresentadas na sexta-feira, 20.fev.2015, à Justiça pelo
Ministério Público Federal. A Procuradoria da República cobra das
empreiteiras R$ 4,47 bilhões por prejuízos causados à estatal
petrolífera.
Ao todo, as ações revelam que houve pagamento de propina de R$ 960
milhões para agentes públicos da Petrobrás em 33 contratos assinados
pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, na Diretoria de Abastecimento. Como
o primeiro pacote de ações cíveis engloba apenas a cobrança pelos
desvios gerados a partir de contratos assinados pela Diretoria de
Abastecimento – cota do PP no esquema -, as ações do Ministério Público
Federal consideraram a propina que dizia respeito ao 1% que o partido
tinha direito no esquema. Outros 2% eram arrecadados pela Diretoria de
Serviços, cota do PT.
“Se fossem considerados os 2% de propina vinculados à Diretoria de
Serviços, os quais serão objeto de ação própria, o valor total da
propina chegaria a aproximadamente R$ 212 milhões”, informa, por
exemplo, a ação de improbidade movida contra a OAS e seis executivos do
grupo.
Para chegar ao montante de R$ 640 milhões, a reportagem somou os valores
apontados como total de propina pago nos 33 contratos citados nas
primeiras ações e subtraiu de cada um o montante do PP arrecadado na
Diretoria de Abastecimento.
A Diretoria de Serviços arrecadava até 2% de propina nos contratos da
demais diretorias por ser a responsável pelas licitações e fiscalizações
contratuais, explicaram os delatores. O ex-gerente de Engenharia Pedro
Barusco confessou em sua delação premiada que arrecadava valores em nome
do então diretor da área Renato Duque. Esse valor era dividido entre
ele, o diretor e o PT – representando pelo tesoureiro do partido, João
Vaccari Neto.
O ex-diretor de Serviços é alvo da Lava Jato, mas ainda não foi
denunciado formalmente à Justiça, nem acionado na área cível. Tanto o PT
como o tesoureiro do partido negam propina e o esquema de arrecadação
político na estatal. Duque, que já foi preso preventivamente e está
solto por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), nega
irregularidades.
Renato Duque, desde que seu nome foi citado na Lava Jato, tem
reiteradamente rechaçado suspeitas de que recebeu propinas. O
ex-diretor chegou a ser preso, mas acabou sendo solto por ordem do
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
VEJA A ÍNTEGRA DAS CINCO AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
MENDES JÚNIOR
ENGEVIX
OAS
CAMARGO CORRÊA
GALVÃO ENGENHARIA
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