domingo, 25 de janeiro de 2015


Empresa doou a Dilma após ajuda de estatal, diz revista
Grupo Petrópolis economizou com mudanças em empréstimo do Banco do Nordeste; 
depois, doou R$ 17,5 milhões, afirma 'Época'

BRINDE - O empresário Faria (ao centro, com o copo ao alto)
celebra com petistas a inauguração de sua fábrica na Bahia

Após ter aceitos seus pedidos para mudar garantias em dois empréstimos tomados junto ao BNB (Banco do Nordeste) -- o que ocasionou economia de recursos --, o Grupo Petrópolis, da cerveja Itaipava, doou R$ 17,5 milhões à campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT), segundo edição da revista "Época" publicada no sábado (24.jan.2015).
Os recursos passados pelo banco estatal à cervejaria somam R$ 830 milhões e foram depositados no início de 2013 e em abril do ano passado. A garantia apresentada pela companhia, em ambos os casos, foi carta-fiança -- modalidade na qual outro banco garante cobrir a dívida em caso de calote, aumentando a segurança para o credor.
Segundo a publicação, o presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria, ficou insatisfeito com o negócio porque considerou que a modalidade onerava a empresa mais do que o necessário. Ele seria próximo a petistas como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, de acordo com a "Época".
Durante a campanha eleitoral, no dia 10 de setembro, o Grupo Petrópolis entrou com pedido no BNB para que a fiança do primeiro empréstimo, dado no início de 2013, fosse dispensada. A solicitação foi analisada e aprovada por cinco instâncias do banco em um período de 24 horas, de acordo com documentos publicados pela revista.
A nova garantia oferecida foi a hipoteca da fábrica de Alagoinhas (BA), erguida com os recursos do primeiro empréstimo dado pelo BNB.
Em decorrência disso, a segurança do empréstimo passou por reavaliação no banco estatal, prática padrão em instituições financeiras quando há mudanças do tipo. Com a mudança na modalidade de garantia, o empréstimo foi considerado mais arriscado, nota "B" -- antes, a avaliação era melhor, com nota "AA".
O rebaixamento fez com que o banco estatal fosse obrigado a reservar R$ 3,6 milhões em recursos próprios, levando em conta que as chances de calote haviam aumentado no novo cenário.
Doze dias após a aprovação -- e a melhora do negócio para o Grupo Petrópolis --, a empresa doou legalmente R$ 5 milhões à campanha presidencial do PT. Até 3 de outubro, a dois dias do primeiro turno, foram repassados outros R$ 12,5 milhões.


OUTRO LADO
O Grupo Petrópolis confirmou que a mudança na modalidade de garantia gerou economias, mas não especificou o montante exato, em nota enviada à "Época".
A companhia disse, ainda, que a carta-fiança foi substituída por outras garantias, com "valores até maiores", ainda segundo a publicação.
O Grupo Petrópolis também confirmou que Walter Faria conhece o tesoureiro João Vaccari Neto, mas negou qualquer pedido específico sobre o empréstimo estatal.
O petista, por sua vez -- também em nota à revista --, disse jamais ter tratado de interesses particulares de qualquer empresa junto ao BNB.
O presidente do banco estatal, Nelson de Souza, afirmou que a substituição da modalidade carta-fiança por outra é uma possibilidade prevista nas regras do banco. Afirmou, ainda, que nunca esteve com Walter Faria.

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