Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto
Há 70 anos, prisioneiros eram libertados do Campo de Auschwitz
Na data escolhida pela ONU para celebrar o Dia Internacional do Holocausto,
Na data escolhida pela ONU para celebrar o Dia Internacional do Holocausto,
sobreviventes lembram os dias no campo de extermínio
Sobreviventes do Campo de Extermínio de Auschwitz passam pelo portão do local, onde está a frase 'o trabalho liberta' |
Há 70 anos, o Exército Vermelho soviético libertava os prisioneiros do
Campo de Extermínio de Auschwitz, na Polônia, onde mais de um milhão de
pessoas, a maioria judia, foram mortas entre 1940 e 1945 pelo regime
nazista. A data - de 27 de janeiro - foi escolhida pelas Nações Unidas
para comemorar o Dia Internacional do Holocausto.
"Eu contava os dias, imaginava que seria libertado e assim passava o
tempo, sofrendo com fome, sofrendo torturas, sofrendo toda espécie de
discriminação. Na nossa cidade, Lodz, viviam antes da guerra 260 mil
judeus e só 4 mil sobreviveram", lembra o polonês Henry Nekrycz,
presidente da Associação de Sobreviventes do Nazismo no Brasil.
Ele tinha 14 anos quando a 2.ª Guerra começou e quatro anos depois foi
enviado a Auschwitz, onde ficou por quase três semanas antes de ser
"comprado" para trabalhar em uma fábrica alemã. As três semanas em que
ficou lá foram suficientes para deixá-lo doente, com tuberculose e
disenteria, depois de tê-lo feito presenciar a morte da família.
"Tenho duas memórias marcantes. Uma quando meu pai morreu de fome no
gueto, em 1942. E a segunda, quando cheguei a Auschwitz e fui separado
da minha mãe. Depois, outra prisioneira me contou que ela havia sido
enviada pelo Mengele para a câmara de gás", conta Nekrycz, se referindo
ao gueto da cidade onde nasceu, Lodz, e ao médico alemão Josef Mengele,
que comandava experiências com os prisioneiros em Auschwitz.
Na terça-feira, 27.jan.2015, diversos eventos ocorrem para lembrar as
vítimas do nazismo, uma maneira, segundo sobreviventes do Holocausto, de
mostrar como era a realidade em campos de extermínio e evitar que isso
ocorra novamente.
Para o presidente da Confederação Israelita do Braisl (Conib), Fernando
Lottenberg, a data é também uma maneira de evitar atitudes
discriminatórias. "É um sinal de alerta. Não foi algo que aconteceu lá e
a partir de então nada semelhante ocorreu. Claro que, felizmente, na
proporção que aconteceu, não teve nada semelhante, mas a gente procura
nessa data lembrar episódios de intolerância e discriminação, de atos
antissemitas ao redor do mundo, para lembrar que a semente daquilo ainda
existe."
A cerimônia oficial do 70.º aniversário da libertação do Campo de
Auschwitz ocorreu na Polônia e teve a presença de representantes de mais
de 40 países e cerca de 300 sobreviventes.
No Brasil, a ONU e a Conib fizeram uma cerimônia no Rio de Janeiro com a
presença de diplomatas franceses, que também lembraram os mortos em
atentados terroristas na França no início do mês, além de sobreviventes
do Holocausto.
Rotina
O dia a dia em Auschwitz é descrito por sobreviventes como "infernal".
"Ficávamos em barracões, cerca de 1500 pessoas em cada um. Dormíamos no
cimento, amontoados como sardinhas. De manhã, havia uma contagem dos
prisioneiros. Recebíamos um pedaço de pão e, na hora do almoço, uma
sopa", explica Nekrycz.
O polonês deixou o campo de extermínio aos 18 anos, pesando 28 quilos,
após ser "comprado" para trabalhar em uma fábrica de caminhões pesados
alemã, onde ficou até a primavera de 1945.
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