quarta-feira, 17 de dezembro de 2014


Ainda vai demorar para Cuba virar a “China do Caribe”
Decisão dos EUA depende também do Congresso norte-americano
Maioria republicana deve ser obstáculo para Barack Obama em 2015

Raul Castro e Dilma Rousseff no porto de Mariel, em Cuba (27.jan.2014)

A decisão do governo dos Estados Unidos a respeito de acabar o bloqueio contra Cuba foi festejado, mas todos sabem que o efeito prático ainda demora a ser sentido.
O governo brasileiro sob o comando do PT, por exemplo, foi o grande incentivador e financiador do porto cubano de Mariel. No caso, o efeito que se espera é algum benefício econômico para o Brasil pelo fato de sucessivos governos em Brasília terem mantido relações amistosas com Cuba.
Cuba é um país-ilha com mais de 1.000 km de extensão, estrategicamente bem posicionado e com enormes potenciais econômicos.
Mas vai demorar até Cuba se tornar uma espécie de “China do Caribe”, ajudando a si própria e funcionando como motor desenvolvimento da América Latina.
Em resumo, a decisão dos EUA é positiva porque, como o próprio presidente Barack Obama disse, o embargo norte-americano nunca teve a eficácia desejada. Tal tipo de medida não combina com o século 21.
Só que o fim das restrições entre EUA e Cuba será um processo longo e com desfecho ainda sem prazo definido – até porque o Congresso norte-americano será dominado pelos republicanos a partir de 2015. Como quem propõe a derrubada do embargo é Obama, democrata, o caminho não será dos mais fáceis.

Obama colhe em Cuba fruto que já apodreceu
Filhote do Muro de Berlim, o cinquentenário bloqueio econômico dos Estados Unidos a Cuba apodreceu há pelo menos 25 anos, junto com a unificação da Alemanha. Ao reativar as relações diplomáticas de Washington com Havana, Barack Obama apenas colhe o fruto podre. Sem grande esforço, empurra para dentro de sua biografia um feito histórico.
Mal comparando, Obama entrega à historiografia mundial uma passagem análoga à reaproximação com a União Soviética (Roosevelt) e à aterrissagem dos interesses americanos na China comunista (Nixon). Faz isso por pragmatismo político e econômico.
Politicamente, as providências anunciadas por Obama fazem sentido porque, como ele próprio reconheceu, “esses 50 anos mostraram que o isolamento não funcionou”. Fidel Castro aposentou-se. Vestiu agasalho Adidas. Mas não foi deposto.
Economicamente, as medidas são sensatas porque potencializam um processo que liberará o empresariado americano para usufruir da abertura econômica de Cuba, que engatinha. Algo que canadenses, europeus e até brasileiros já vêm fazendo.
O fim do embargo, disse Obama, depende de decisão do Congresso americano, que terá maioria republicana nas duas casas a partir de 2015. Pode demorar um pouco. Mas a excrescência será abolida. Pela simples e boa razão de que manter o embargo não faz o menor nexo.

Obama e Raúl Castro falam por telefone sobre restabelecer relações
Os presidentes de Estados Unidos e Cuba, Barack Obama e Raúl Castro, conversaram na segunda-feira, 15.dez.2014, por telefone para fechar o acordo pelo qual os dois países se comprometeram a iniciar um diálogo para restabelecer suas relações diplomáticas, disseram funcionários de alto gabarito da Casa Branca.


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