Presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul é indiciado pela PF
Grupo foi responsabilizado por formação de quadrilha e crimes eleitorais.
Investigação identificou coação de servidores para campanha de deputado.
Investigação identificou coação de servidores para campanha de deputado.
A Polícia Federal indiciou o presidente da Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Sul (AL-RS), Gilmar Sossella (PDT), e mais sete pessoas por
formação de quadrilha, concussão e três crimes eleitorais, entre eles
coação. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (10.out.2014). Eles
são suspeitos de um esquema que pressionava servidores a doar parte dos
salários, através da compra de convite para um churrasco, para
arrecadação da campanha do deputado.
Sossella foi reeleito no domingo (05.out.2014), com 57.490 votos, para
cumprir o terceiro mandato consecutivo no parlamento gaúcho. O inquérito
foi concluído na quinta-feira (10.out.2014) e remetido ao Tribunal
Regional Eleitoral (TRE-RS), que solicitou segredo de Justiça. No início
de setembro, o superintendente da Assembleia havia sido afastado pelo
TRE.
Procurado pelo reportagem, o deputado Gilmar Sossella afirmou que não
recebeu nenhuma notificação de indiciamento, mas falou sobre o caso. "É
assunto requentado. Fiz um jantar de arrecadação sem nenhuma pressão.
Estou com a consciência tranquila, nem cheguei a interromper minha
rotina por causa disso", disse o parlamentar, que está em viagem para
agradecer os eleitores na Região Norte do Rio Grande do Sul.
Servidores concursados, funcionários com funções gratificadas,
estagiários, diretores e coordenadores foram coagidos a participar do
esquema. O gabinete da Presidência fazia os estudantes de cabos
eleitorais, com a missão de conquistar votos para a campanha de
Sossella.
A investigação da PF revelou que os estagiários coagidos precisavam
apresentar listas com os nomes dos eleitores conquistados em um caderno,
onde deveria constar nome, data de nascimento e outros dados pessoais.
Com esses dados, seria possível rastrear a zona eleitoral dos eleitores e
conferir os votos recebidos pelo deputado.
Um dos indiciados é o superintendente da Assembleia, Artur Souto. No
início de setembro, o TRE-RS determinou o afastamento dele do cargo, a
pedido da PF, que estava investigando as denúncias de suposto crime
eleitoral. Nesta sexta-feira (10.out.2014), ele voltou a negar
irregularidades.
"Recebemos com surpresa [a notícia do indiciamento], até porque não
fomos cientificados formalmente por ninguém. Por incrível que pareça,
dos oito supostos indiciados, quatro sequer foram ouvidos pela Polícia
Federal. Ou seja, é um inquérito totalmente parcial. Nós iremos junto ao
procurador do Ministério Público Federal e ao TRE, mostrar a nossa
inocência", afirmou o superintendente, que negou as acusações.
"A Assembleia Legislativa tem 2,5 mil funcionários entre estagiários,
CCs, efetivos e terceirizados. De 2,5 mil, apenas 19 compraram o convite
[para o churrasco do deputado]. Desses 19, apenas dois foram ouvidos
pela Polícia Federal. Houve coação? Em relação aos estagiários, são 360
estagiários e dois apenas foram ouvidos", completou Souto.
Confira a nota oficial do deputado estadual Gilmar Sossella:
"Face às notícias de que supostamente teria sido encerrado o inquérito da Polícia Federal que investigava supostas irregularidades durante o período da campanha eleitoral na Assembleia Legislativa, vimos nos manifestar clara e publicamente.
Em primeiro lugar, fomos surpreendidos pela exposição de nomes de pessoas honradas e honestas via imprensa, uma vez que nada recebemos por parte da Polícia Federal ou do Ministério Público Federal até o presente momento.
Isso se torna ainda mais grave pelo fato de que cinco delas não foram sequer ouvidas pela Polícia Federal ao longo da construção do inquérito, que inclusive tramita em segredo de Justiça.
Sobre o fato em si, não houve qualquer tipo de coação ou obrigação, tanto é verdade que a Assembleia Legislativa possui em seus quadros cerca de 2500 pessoas (servidores efetivos, cargos em comissão, estagiários e funcionários terceirizados e 189 FGs) e destes últimos apenas 19 adquiriam ingressos. E os que adquiriram foram de livre espontânea vontade em colaborar com a nossa eleição.
Em relação ao cadastro, ele é um banco de dados que mantemos, justamente para poder prestar contas do nosso trabalho de forma direta aos cidadãos gaúchos.
Confiamos na Justiça e iremos buscar, ao seu tempo, não somente o arquivamento deste processo, como também os devidos reparos à imagem de todos os atingidos."
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