Dilma diz que oposição usa caso
Petrobras para dar 'golpe' no país
Em discurso na tarde de sexta-feira (10.out.2014) em Canoas (RS), a
presidente Dilma Rousseff acusou a oposição de usar as investigações
da Petrobras para dar um golpe no país.
"Eles [oposição] jamais investigaram, jamais puniram, jamais
procuraram acabar com esse crime terrível que é o crime da
corrupção", disse Dilma.
"Agora, na véspera eleitoral, sempre querem dar um golpe. E estão
dando um golpe. Esse golpe nós não podemos concordar", completou a
petista, diante de aplausos dos presentes no evento, entre eles
moradores e militantes do PT.
Ao falar em "golpe", Dilma remete às inúmeras declarações do
ex-presidente Lula sobre o mensalão. O petista repetiu por anos que
a "elite tentou dar um golpe em 2005", numa referência ao escândalo
revelado no segundo ano de seu primeiro mandato no Palácio do
Planalto (2003-2010).
Dilma discursou de improviso em cima de uma caminhonete adaptada com
sistema de som, após uma caminhada por uma bairro da periferia da
cidade, na região metropolitana de Porto Alegre e administrada pelo
PT.
Na fala de cerca de dez minutos, ela repetiu parte do que já havia
dito no início da tarde em entrevista em Brasília, quando atacou o
que chamou de uso eleitoral do processo
de investigação da Petrobras.
Na entrevista em Brasília, ela criticou a divulgação de depoimentos sobre
corrupção na estatal e afirmou que esses papéis não devem ser usados
"de forma leviana em períodos eleitorais".
Na quinta-feira (09.out.2014), o ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef depuseram à Justiça
Federal no Paraná e deram detalhes sobre o desvio de recursos da
Petrobras, que, segundo Costa, serviria para abastecer PT, PP e
PMDB.
No Rio Grande do Sul, a presidente voltou ao tema e fez uma
referência direta à divulgação dos depoimentos sobre o processo
envolvendo a Petrobras.
"Somos aqueles que combateram a corrupção doa a quem doer. Um
combate duríssimo. Por isso que nós não concordamos com o uso
eleitoreiro de processos de investigação que nós começamos, que nós
desenvolvemos."
A presidente disse que a Polícia Federal passou a ser "um órgão de
investigação" somente a partir dos governos petistas.
"É bom lembrar como é que era o Brasil antes de nós. Quem era nos
últimos quatro anos do [governo do] PSDB o diretor-geral da Polícia
Federal? Era aparelhado, era um militante filiado do PSDB. Eles
aparelharam a Polícia Federal." Por isso, disse Dilma, a PF
"investigou pouco" e "descobriu pouco" naquela época.
À vontade, Dilma permaneceu parte do discurso debruçada sobre o
parapeito da caminhonete.
Em sua fala, tentou explicar à população as atribuições de um
procurador-geral da República e novamente disse que no governo
anterior havia um "engavetador-geral". Moradores entregaram flores à
petista e a assediaram para tirar fotos.
Em discurso antes da presidente, o governador petista Tarso Genro,
que tenta a reeleição no segundo turno, também fez referência ao
assunto.
"Não pensem eles que nós nos intimidamos com a manipulação que eles
fazem da informação contra a nossa presidenta, contra a nossa frente
política." O petista disse que os militantes estão "talhados" para
enfrentamentos desse tipo.
ELEIÇÃO GAÚCHA
A visita ao Rio Grande do Sul foi o primeiro ato da campanha do PT
no segundo turno fora do Nordeste, onde a presidente concentrou
atividades nos últimos dias.
A atenção ao eleitorado gaúcho tem relação com o segundo turno da
eleição local: Tarso Genro tem a difícil tarefa de reverter a
vantagem que o peemedebista José Ivo Sartori obteve na primeira
votação.
Sartori já anunciou apoio a Aécio Neves (PSDB), adversário de Dilma
na corrida ao Planalto.
No Estado, onde a mineira presidente começou sua carreira política,
o PT tinha a expectativa de conseguir uma vantagem expressiva no
primeiro turno da eleição para presidente, como era previsto pelas
pesquisas.
O resultado final da votação, porém, mostrou Dilma quase empatada
com Aécio no Rio Grande do Sul: 43% para petista e 41% para o
tucano.
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