País precisa investir R$ 760
bilhões para superar déficit da habitação, diz FGV
Levantamento considera que até 2024
o País terá 16,8 milhões de novas famílias, sendo 10 milhões
com renda familiar de até três salários mínimos
Minha Casa, Minha Vida: déficit habitacional caiu 8% entre 2009 e 2013 |
A equalização do déficit habitacional no País demandará
investimentos de R$ 760 bilhões ao longo de dez anos, de acordo com
estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em seminário
sobre o Minha Casa, Minha Vida, realizado pelo Sinduscon-SP.
O levantamento considera que até 2024 o País terá 16,8 milhões de
novas famílias, sendo 10 milhões com renda familiar de até três
salários mínimos - ou seja, com menor ou nenhuma condição de
adquirir uma casa por conta própria, sem subsídio. Com um déficit
estimado de 5 milhões de moradias no fim de 2014, o desafio total
será proporcionar habitações para cerca de 22 milhões de famílias na
próxima década.
Se o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida atender ao menos
51% das famílias, isso representará a necessidade de construção de
11,2 milhões de habitações populares, o equivalente a 1,1 milhão por
ano. Considerando uma atualização do valor médio das habitações para
R$ 68,1 mil nos próximos dez anos, o levantamento da FGV calcula a
necessidade de investimentos de R$ 760 bilhões, o equivalente a R$
76 bilhões por ano.
A coordenadora do estudo, Ana Maria Castelo, ressalta que a
viabilização desses investimentos só será possível se houver
melhoria das operações entre construtoras, bancos e os órgãos
públicos envolvidos. A pesquisadora defendeu ainda que o Minha Casa,
Minha Vida seja transformado em um programa permanente, independente
do partido que estiver no governo. "Uma das maiores dificuldades dos
investimentos diz respeito à perenidade do programa. O aporte de R$
760 bilhões só será possível se o programa contar com metas
plurianuais e volume de investimento que permitam às empresas ter
visibilidade sobre o andamento dos seus negócios", explicou.
De acordo com levantamento da FGV, o déficit habitacional caiu 8%
entre 2009 e 2013, impulsionado pelo apoio às famílias por meio do
Minha Casa, Minha Vida. Com isso, a falta de moradias caiu de 5,7
milhões para 5,2 milhões.
Criado em 2009 durante o governo do então presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e mantido durante o governo da presidente Dilma
Rousseff, o Minha Casa, Minha Vida contou com metas definidas apenas
para o período dentro dos mandatos. Na primeira fase, foram alocados
R$ 34 bilhões no programa. Na segunda, serão R$ 125,7 bilhões,
segundo dados compilados pela FGV. A meta de contratação e o volume
de investimentos para o período entre 2015 e 2018, porém, seguem
indefinidos.
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