CGU aponta falha no sistema de controle de gastos do Pronatec
Relatório mostra que sistema não diferencia matrícula ativa e cancelada.
MEC nega irregularidade e diz que está fazendo as 'alterações necessárias'.
MEC nega irregularidade e diz que está fazendo as 'alterações necessárias'.
Uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) apontou falha no
controle dos recursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego (Pronatec), o programa do governo federal de incentivo à
formação de técnicos. Segundo o documento, os sistemas informatizados do
Pronatec não permitiriam a distinção entre alunos com matrícula ativa e
os desistentes, além de não ter recebido prestação de contas dos dois
primeiros anos de funcionamento dos cursos. O relatório da CGU foi
revelado pelo jornal "Folha de S. Paulo". O Ministério da Educação negou
que haja falha no controle dos recursos gastos.
O Pronatec começou em 2011, com investimentos previstos de R$ 6,4
bilhões até o fim de 2014. Após levantamento de dados entre abril deste
ano e a finalização do relatório, em agosto, a CGU afirma que não há
como constatar quantos alunos assistem de fato às aulas, e como foram
repassados os recursos públicos para o Pronatec.
A bolsa-formação, que proporciona aulas gratuitas de ensino técnico,
representa cerca de 40% das mais de 8 milhões de matrículas do programa.
O relatório da CGU afirma que o sistema de controle de matrículas não
permite cancelar o registro de alunos desistentes. Segundo o relatório,
eles continuam sendo tratados como matriculados, e a instituição recebe
indevidamente o valor da bolsa-formação.
Alterações
O ministro da Educação, Henrique Paim, negou pagamentos indevidos, e
disse que existe o controle do cancelamento da matrícula. "Essas
matrículas não são pagas, elas são canceladas. Portanto, o que nós
estamos fazendo agora, a partir do plano de providências adotado com a
CGU, é exatamente fazer as alterações necessárias no sistema para que
nós tenhamos essa apuração de forma definitiva do cancelamento", afirmou
ele.
A Controladoria também constatou que, até o fechamento do relatório, no
fim de agosto, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
não havia aberto o Sistema de Gestão de Prestação de Contas para que os
parceiros do governo no Pronatec fizesse a prestação de contas de 2011 e
2012, com recursos que totalizam mais de R$ 1,7 bilhão. Ainda assim,
aponta o relatório, o fundo continuou transferindo para as redes de
ensino em 2013 e 2014.
O MEC disse que vai apresentar as providências à CGU para corrigir os problemas apontados.
Na segunda-feira (20.out.2014), a CGU publicou nota em seu site oficial
afirmando que "o relatório em questão não apontou irregularidades no
Pronatec, e sim apenas ressalvas e necessidades de aprimoramento dos
controles, o que acontece na maioria dos programas de grande dimensão e
capilaridade", e que "não se esgotou ainda o prazo para o MEC apresentar
o Plano de Providências (documento em que se detalham as medidas para
atender às recomendações feitas)".
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