PT diz que tática deu certo e Dilma volta a ligar Marina a banco
Pesquisas internas mostram que ataques à autonomia do BC e discurso do risco de regressão de programas sociais surtem efeito
Dilma Rousseff e Marina Silva |
O comando da campanha da presidente Dilma Rousseff vai ampliar a tática
de colar na adversária do PSB, Marina Silva, o rótulo de “candidata da
elite” tutelada por “banqueiros”. A estratégia foi decidida após
pesquisas analisadas pelo PT indicarem que os ataques têm surtido efeito
e lançam dúvidas no eleitorado sobre a viabilidade da candidata de
governar o País.
Encomendadas pelo marqueteiro João Santana, as pesquisas qualitativas -
que avaliam impressões dos eleitores - indicaram que banqueiros são
vistos como “vilões” não apenas pelos mais pobres, mas também pela nova
classe média. É com base nesse diagnóstico que o PT quer desgastar
Marina. A ordem no comitê da reeleição é associar a ex-ministra do
governo Lula a uma mulher que fala uma coisa e faz outra.
A campanha de Dilma bate na tecla de que, com a autonomia do BC e a
redução do papel dos bancos públicos - sugeridas pela plataforma do PSB
-, programas sociais como o Minha Casa Minha Vida serão atingidos. O
argumento é o de que, com a fórmula sugerida por Marina, o governo não
subsidiaria mais esses programas e a prestação da casa própria ficaria
mais alta.
Consequências
Em conversas reservadas, coordenadores da campanha de Dilma dizem que a
estratégia de ataque a Marina também pode amenizar os efeitos do
escândalo envolvendo as denúncias do ex-diretor de Abastecimento da
Petrobrás Paulo Roberto Costa.
Entretanto, a blitz contra a ex-ministra não é consenso no PT. “Não se
pode tratar a Marina assim”, afirmou o ex-deputado petista Paulo
Delgado. “A Dilma se esquece de que a Carta ao Povo Brasileiro foi
escrita a pedido do (Olavo) Setubal, do Itaú”, emendou, em referência ao
documento divulgado em 2002, na vitoriosa campanha de Luiz Inácio Lula
da Silva, para acalmar o mercado. “Devemos falar de nossas propostas, e
não atacar Marina”, disse o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), um dos
“bons políticos” que a candidata do PSB quer ter como aliado em um
eventual governo.
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