Datafolha detecta eleitor 'sedento' por mudanças
O avanço da candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva,
na última pesquisa Datafolha ocorre no momento em que o instituto
também detecta uma taxa recorde de eleitores "sedentos" por mudanças.
A pesquisa, finalizada na sexta-feira (29 de agosto) mostra a presidente
Dilma Rousseff (PT) e a ex-ministra Marina Silva (PSB) numericamente
empatadas na simulação de primeiro turno da eleição presidencial. Cada
uma tem 34% das intenções de voto.
Na mesma pesquisa, de cada dez entrevistados, oito afirmam preferir que
as ações do próximo presidente sejam diferentes das atuais.
A taxa de desejo de mudança (79%) está três pontos acima da identificada
na pesquisa anterior, que já era comparável apenas ao número apurado em
setembro de 2002, véspera da eleição vencida pelo então oposicionista
Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na análise das intenções de voto por região, o equilíbrio entre Dilma e Marina no primeiro turno desaparece.
Marina vence Dilma com folga nas regiões Sudeste, a mais populosa (35% a 26%), e Centro-oeste (39% a 29%).
Dilma, por sua vez, bate Marina com larga margem no Nordeste, a segunda
região mais populosa (47% a 31%), e no Norte (46% a 30%).
As duas ex-ministras do governo Lula estão numericamente empatadas nos três Estados do Sul (32% a 32%).
Dilma continua líder em rejeição, com 35% dispostos a não votar nela de
jeito nenhum. Nesse aspecto, a vantagem de Marina é robusta: só 15% do
eleitorado a rejeita.
Também há grandes diferenças entre as intenções de voto em Dilma e em
Marina nos vários segmentos sociais investigados pelo Datafolha.
Marina vai bem melhor que Dilma entre os eleitores mais jovens, de 16 a
24 anos (42% a 31%); junto aos que têm ensino superior (43% a 22%); no
grupo dos que têm renda familiar mensal entre 5 e 10 salários mínimos
(44% a 21%); e nas cidades com mais de 200 mil e menos de 500 mil
habitantes (38% a 26%).
Já Dilma ostenta vantagem robusta sobre Marina no grupo das pessoas com
mais de 60 anos (38% a 25%); entre os que têm ensino fundamental (44% a
25%); no universo dos mais pobres, com renda familiar mensal de até dois
salários mínimos (41% a 31%); e nos municípios pequenos, com até 50 mil
habitantes (44% a 29%).
Religião também apresenta diferenças significantes. Os católicos, o
maior grupo, preferem Dilma (38% a 30%). Mas Marina tem vantagem mais
significativa entre evangélicos de igrejas não pentecostais (44% a 29%) e
entre pentecostais (41% a 30%).
SEGUNDO TURNO
No teste de segundo turno, Marina seria eleita presidente da República com dez pontos de vantagem: 50% a 40%.
Os dados mostram fortalecimento da candidatura Marina, inscrita como
cabeça de chapa do PSB após a morte de Eduardo Campos num acidente
aéreo, em 13 de agosto.
Em relação ao levantamento anterior do instituto, feito imediatamente
após a tragédia, Marina apresenta melhor desempenho tanto na simulação
de primeiro quanto na de segundo turno.
No intervalo de duas semanas, ela cresceu 13 pontos no teste de primeiro turno, enquanto Dilma oscilou dois pontos para baixo.
No embate final contra a petista, onde antes havia empate técnico no
limite máximo da margem de erro, Marina foi de 47% para 50%. Dilma
recuou de 43% para 40%.
A pesquisa mostra ainda recuo das intenções de voto em Aécio Neves (PSDB), afastando sua chance de disputar um segundo turno.
No levantamento com todos os candidatos, o tucano caiu de 20% para 15%.
Num eventual confronto final contra Dilma, ele perde por 48% a 40% (o
Datafolha não investigou a hipótese de segundo turno entre Aécio e
Marina).
Juntos, todos os outros candidatos à Presidência somam 3%. Votos nulo ou em branco totalizam 7%. Outros 7% estão indecisos.
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