Após juiz decidir manter os brasileiros na investigação, promotores voltaram atrás e ordenam a prisão
de Ronaldinho Gaúcho e do irmão.
de Ronaldinho Gaúcho e do irmão.
Ronaldinho chega ao Palácio da Justiça de Assunção para prestar depoimento durante a sexta-feira (06.mar.2020) |
O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e o irmão dele, Roberto de Assis,
foram detidos na noite de sexta-feira (06.mar.2020) no Paraguai após
prestarem depoimento à Justiça. Eles são investigados por entrarem no
país com passaportes paraguaios adulterados.
Ambos foram levados para passar a noite em uma cela da Agrupación
Especializada da Polícia Nacional, uma instalação anteriormente usada
como cadeia comum, mas que atualmente recebe apenas alguns presos de
maior relevância. O complexo é considerado presídio de segurança máxima
em Assunção.
O Ministério Público do Paraguai confirmou que pediu a prisão de
Ronaldinho Gaúcho e do irmão por uso de documento público de conteúdo
falso. Os dois se preparavam a voltar para o Brasil — o próprio juiz que
ouviu os brasileiros havia informado que eles tinham livre circulação
para retornar.
Inicialmente, o Ministério Público paraguaio havia decidido não acusar
formalmente os brasileiros por considerar que ambos "reconheceram o
erro". Porém, na tarde de sexta-feira (06.mar.2020), o juiz Mirko
Valinotti rejeitou a recomendação dos promotores e ordenou que o caso
dos dois irmãos continuasse sob investigação das autoridades paraguaias.
Com isso, o Ministério Público do Paraguai terá até 10 dias para
apresentar um novo pedido à Justiça: ou os promotores continuam com a
solicitação de liberar Ronaldinho e o irmão do caso ou os dois serão
formalmente denunciados.
A agência internacional de notícias France Presse (AFP) informou que
Ronaldinho e seu irmão serão convocados para uma audiência no sábado
(07.mar.2020).
O delegado de Polícia Nacional César Silguero disse que Ronaldinho e o
irmão não ofereceram resistência à prisão. "Conversamos com os advogados
e eles não ofereceram resistência à prisão. Amanhã (07.mar.2020) a
Justiça vai determinar por quanto tempo eles podem ficar presos".
A AFP também informou que ouviu o advogado do ex-jogador, Adolfo Marín.
"A detenção ocorreu por ordem de um promotor que não tem participação no
expediente. Esta prisão é algo incomum", afirmou ele. "Não sabemos
sequer sob que acusação foram detidos", acrescentou Martín.
Fotos de documentos de identidade paraguaios com nomes de Ronaldinho e seu irmão Assis |
Ronaldinho Gaúcho e Assis são investigados pelas autoridades do Paraguai
desde quarta-feira (04.mar.2020) por entrarem no país com passaportes e
carteiras de identidade paraguaias adulteradas. Os dois confirmaram que
receberam os documentos, mas o Ministério Público local entendeu que
ambos "foram enganados em sua boa fé".
Um empresário brasileiro identificado como Wilmondes Sousa Lira foi
preso acusado de ter fornecido os documentos a Ronaldinho e ao irmão.
Além dele, as titulares dos passaportes originais — as paraguaias María
Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero — também foram detidas.
Na sexta-feira (06.mar.2020), o juiz Mirko Valinotti decidiu pela prisão
de Sousa Lira em presídio paraguaio — segundo o jornal "ABC Color", o
magistrado considerou que há perigo de fuga. As duas paraguaias detidas
ficarão em prisão domiciliar.
De acordo com o promotor paraguaio Federico Delfino, existia um
processo de naturalização no Paraguai aberto para Ronaldinho Gaúcho e
seu irmão, Assis Moreira. Segundo ele, o procedimento corria à revelia
dos dois brasileiros.
Ainda segundo Delfino, o esquema também envolve um funcionário público
paraguaio, que teria apresentado uma série de documentos à Direção de
Migração do Paraguai para naturalizar os dois irmãos.
Ao envolver órgãos oficiais paraguaios, o caso se ampliou no país. Na
quinta-feira (05.mar.2020), o diretor geral da Direção de Migrações,
Alexis Penayo, pediu demissão do cargo e criticou o Ministério do
Interior pela demora na resolução do caso envolvendo Ronaldinho Gaúcho.
A procuradora-geral do Estado, Sandra Quiñonez, substituiu o promotor
encarregado do caso, Federico Delfino, que havia recomendado à Justiça a
libertação da dupla. O responsável pelo caso agora é o promotor Osmar
Legal.
O site do jornal ABC Color informou no final da noite de sexta-feira
(06.mar.2020) que a investigação será ampliada e vai mirar as pessoas
que levaram Ronaldinho Gaúcho para o Paraguai.
O Ministério Público paraguaio já teria solicitado à Subsecretaria de
Estado de Tributação (SET) informações sobre movimentações financeiras
de Wilmondes Sousa Lira (que está detido), Dalia Lopez (empresária e
presidente da ONG Fundação Fraternidade Angelical), Luis Gauto (sócio de
Dalia em uma empresa que atua no aeroporto da capital), Hector Miguel
D’Ecclessis (filho de Dalia) e dos brasileiros Tiago Silva Tristoa e
Paul Oliveira Lima.
Autoridade paraguaia analisa passaportes de Ronaldinho Gaúcho e do irmão Assis na noite de quarta-feira (04.mar.2020) na suíte de um hotel |
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