sábado, 7 de março de 2020

Após juiz decidir manter os brasileiros na investigação, promotores voltaram atrás e ordenam a prisão
de Ronaldinho Gaúcho e do irmão.



Ronaldinho chega ao Palácio da Justiça de Assunção
para prestar depoimento durante a sexta-feira (06.mar.2020)


O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e o irmão dele, Roberto de Assis, foram detidos na noite de sexta-feira (06.mar.2020) no Paraguai após prestarem depoimento à Justiça. Eles são investigados por entrarem no país com passaportes paraguaios adulterados.
Ambos foram levados para passar a noite em uma cela da Agrupación Especializada da Polícia Nacional, uma instalação anteriormente usada como cadeia comum, mas que atualmente recebe apenas alguns presos de maior relevância. O complexo é considerado presídio de segurança máxima em Assunção.
O Ministério Público do Paraguai confirmou que pediu a prisão de Ronaldinho Gaúcho e do irmão por uso de documento público de conteúdo falso. Os dois se preparavam a voltar para o Brasil — o próprio juiz que ouviu os brasileiros havia informado que eles tinham livre circulação para retornar.
Inicialmente, o Ministério Público paraguaio havia decidido não acusar formalmente os brasileiros por considerar que ambos "reconheceram o erro". Porém, na tarde de sexta-feira (06.mar.2020), o juiz Mirko Valinotti rejeitou a recomendação dos promotores e ordenou que o caso dos dois irmãos continuasse sob investigação das autoridades paraguaias.
Com isso, o Ministério Público do Paraguai terá até 10 dias para apresentar um novo pedido à Justiça: ou os promotores continuam com a solicitação de liberar Ronaldinho e o irmão do caso ou os dois serão formalmente denunciados.
A agência internacional de notícias France Presse (AFP) informou que Ronaldinho e seu irmão serão convocados para uma audiência no sábado (07.mar.2020).
O delegado de Polícia Nacional César Silguero disse que Ronaldinho e o irmão não ofereceram resistência à prisão. "Conversamos com os advogados e eles não ofereceram resistência à prisão. Amanhã (07.mar.2020) a Justiça vai determinar por quanto tempo eles podem ficar presos".
A AFP também informou que ouviu o advogado do ex-jogador, Adolfo Marín. "A detenção ocorreu por ordem de um promotor que não tem participação no expediente. Esta prisão é algo incomum", afirmou ele. "Não sabemos sequer sob que acusação foram detidos", acrescentou Martín.



Fotos de documentos de identidade paraguaios
com nomes de Ronaldinho e seu irmão Assis


Ronaldinho Gaúcho e Assis são investigados pelas autoridades do Paraguai desde quarta-feira (04.mar.2020) por entrarem no país com passaportes e carteiras de identidade paraguaias adulteradas. Os dois confirmaram que receberam os documentos, mas o Ministério Público local entendeu que ambos "foram enganados em sua boa fé".
Um empresário brasileiro identificado como Wilmondes Sousa Lira foi preso acusado de ter fornecido os documentos a Ronaldinho e ao irmão. Além dele, as titulares dos passaportes originais — as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero — também foram detidas.
Na sexta-feira (06.mar.2020), o juiz Mirko Valinotti decidiu pela prisão de Sousa Lira em presídio paraguaio — segundo o jornal "ABC Color", o magistrado considerou que há perigo de fuga. As duas paraguaias detidas ficarão em prisão domiciliar.
De acordo com o promotor paraguaio Federico Delfino, existia um processo de naturalização no Paraguai aberto para Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis Moreira. Segundo ele, o procedimento corria à revelia dos dois brasileiros.
Ainda segundo Delfino, o esquema também envolve um funcionário público paraguaio, que teria apresentado uma série de documentos à Direção de Migração do Paraguai para naturalizar os dois irmãos.
Ao envolver órgãos oficiais paraguaios, o caso se ampliou no país. Na quinta-feira (05.mar.2020), o diretor geral da Direção de Migrações, Alexis Penayo, pediu demissão do cargo e criticou o Ministério do Interior pela demora na resolução do caso envolvendo Ronaldinho Gaúcho.
A procuradora-geral do Estado, Sandra Quiñonez, substituiu o promotor encarregado do caso, Federico Delfino, que havia recomendado à Justiça a libertação da dupla. O responsável pelo caso agora é o promotor Osmar Legal.
O site do jornal ABC Color informou no final da noite de sexta-feira (06.mar.2020) que a investigação será ampliada e vai mirar as pessoas que levaram Ronaldinho Gaúcho para o Paraguai.
O Ministério Público paraguaio já teria solicitado à Subsecretaria de Estado de Tributação (SET) informações sobre movimentações financeiras de Wilmondes Sousa Lira (que está detido), Dalia Lopez (empresária e presidente da ONG Fundação Fraternidade Angelical), Luis Gauto (sócio de Dalia em uma empresa que atua no aeroporto da capital), Hector Miguel D’Ecclessis (filho de Dalia) e dos brasileiros Tiago Silva Tristoa e Paul Oliveira Lima.



Autoridade paraguaia analisa passaportes de Ronaldinho Gaúcho
e do irmão Assis na noite de quarta-feira (04.mar.2020) na suíte de um hotel





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