Polícia Federal rastreia propina na Suíça
para Renan Calheiros e o acusa de corrupção
para Renan Calheiros e o acusa de corrupção
Senador Renan Calheiros (AL) |
A Polícia Federal (PF) rastreou depósitos de US$ 3 milhões feitos por
lobistas a contas bancárias na Suíça que seriam parte de um acerto de
propina com políticos do MDB do Senado , entre eles o senador Renan
Calheiros (AL), em troca de contratos na Petrobras. O relatório final da
PF nessa investigação traz detalhes sobre a engenharia financeira
montada para pagar propina ao MDB e atribui ao senador, potencial
candidato à presidência do Senado, o crime de corrupção passiva —
procurado, Renan negou e disse que a acusação será rejeitada pela
Justiça.
A propina passou, diz a PF, por duas contas na Suíça controladas pelo
empresário brasileiro Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis (da
Itaipava), que por isso é acusado pela PF de lavagem de dinheiro.
O relatório sigiloso, assinado pelo delegado Thiago Delabary, foi
enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 6 de setembro. No dia 12, o
ministro Edson Fachin encaminhou o material à Procuradoria-Geral da
República (PGR), que está analisando se apresenta denúncia contra
Calheiros e os demais investigados.
Renan, reeleito para o cargo de senador, até agora só foi denunciado uma
vez na Lava Jato — a denúncia, feita pelo ex-PGR Rodrigo Janot, foi
rejeitada pelo STF.
Segundo as investigações, o MDB recebia “comissões” de contratos da
Diretoria Internacional da Petrobras, então comandada por Nestor
Cerveró, apadrinhado do partido.
Em 2006, Cerveró acertou com a Samsung Heavy Industries a aquisição de
dois navios-sonda pela Petrobras, no valor de US$ 1,2 bilhão, em troca
de propina. Cerveró disse em sua delação que acertou repassar US$ 6
milhões dessas propinas ao grupo do MDB do Senado: Renan, o senador
Jader Barbalho (PA) e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau.
A PF também apontou indícios de envolvimento do deputado federal Aníbal
Gomes (MDB-CE) e de seu ex-assessor Luís Carlos Batista Sá. O relatório
atribui o crime de corrupção passiva a Renan, Silas, Aníbal e Batista
Sá. Em relação a Jader, a PF considerou as provas insuficientes. Todos
negam as acusações.
Os repasses de propina foram operados por dois lobistas que admitiram
suas participações: Júlio Camargo, um dos primeiros delatores da
Lava-Jato, e Jorge Luz, que ainda negocia delação. Luz afirmou à PF que
recebia de Batista Sá a indicação das contas na Suíça para onde deveria
repassar a propina destinada aos políticos. A PF descobriu que as duas
contas pertenciam ao empresário Walter Faria.
Operação dólar-cabo — A PF recebeu do próprio empresário e dos
dois lobistas toda a documentação relacionada às transferências de
cerca de US$ 3 milhões às contas na Suíça. Para os investigadores, o
dono da cervejaria emprestava as contas para doleiros depositarem
recursos em troca de receberem os valores em reais no Brasil — operação
conhecida como “dólar-cabo”.
Não há uma prova cabal de que os emedebistas tenham, de fato, recebido o
dinheiro. A PF relaciona os extratos bancários com documentos
apreendidos na casa de Batista Sá para concluir que os emedebistas foram
beneficiados . A PF ressalva, porém, que as provas estão em uma “esfera
indiciária”.
Os investigadores encontraram documentos de controle dos pagamentos aos
políticos em um HD na casa de Batista Sá — ele, diz a PF, seria o
organizador da propina. No HD, havia o comprovante de um dos depósitos
na Suíça feito por Jorge Luz e planilhas com siglas, codinomes e
valores. A PF conclui que era “um controle sobre a divisão de valores
envolvendo três destinatários, em que algumas quantias são
comprovadamente coincidentes com operações efetivadas entre contas de
Jorge Luz e de Walter Faria”. A PF diz que Renan está na planilha sob a
sigla RC, com valor de US$ 350 mil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário