terça-feira, 2 de outubro de 2018



Mais uma declaração “infeliz” de José Dirceu



Em entrevista ao jornal El País, o ex-ministro José Dirceu afirmou que seria uma questão de tempo “para a gente tomar o poder”, além de querer retirar o poder de investigação do Ministério Público e de restringir o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) ao de uma Corte constitucional no País.
O ex-ministro respondendo a uma pergunta sobre se havia possibilidade de o PT ganhar a eleição, mas não levar. Disse que achava improvável, que a comunidade internacional não aceitaria. E completou: “E dentro do País é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”.
No domingo, dia 30.set.2018, Dirceu tratou da polêmica. Ele afirmou que usou uma expressão “infeliz”. “Porque dá condições para se explorar como se eu tivesse falando que existe uma coisa que é ganhar eleição e outra coisa que é tomar o poder. Eu estava respondendo no caso de um golpe.”



O ex-ministro José Dirceu


Dirceu iniciou um périplo pelo Brasil em 4 de setembro para lançar a biografia. “E como sempre, vou fazer política, que ninguém é de ferro”, disse na ocasião. Percorreu 11 capitais. Começou a viagem de carro. Está em companhia da mulher, da filha menor e do editor de seu livro, o jornalista Luiz Fernando Emediato, dono da editora Geração.
Na Bahia, a editora alugou um ônibus leito na empresa Corumbal. “É uma pequena empresa que tem oito veículos comumente alugados para bandas de música”, afirmou Emediato. O ônibus que leva Dirceu havia sido usado antes por uma banda de axé.
A rotina do ex-ministro é de encontros com a militância petista, entrevistas para jornalistas locais e sessões de autógrafos. A receptividade de Dirceu entre o público lulista pode ser medida pelas vendas do livro — cerca de 25 mil exemplares até o momento.
Ao mesmo tempo, a rejeição a ele pode explicar a forma escolhida por ele para viajar. No ônibus leito, o ex-chefe da Casa Civil pode escapar ao incômodo de hostilidades, geralmente registradas por meio de telefones celulares em aviões.
O ônibus não impede, no entanto, que o ex-ministro tenha de pensar em estratagemas: para ir a restaurantes sem ser incomodado, Dirceu usa um chapéu e óculos escuros. Ele esteve em todas as capitais do Nordeste, região chave para Haddad. Na segunda-feira, dia 1º.out.2018, deixou São Luís (MA) e foi para Belém, capital do Pará, último ponto antes do primeiro turno das eleições.
Enquanto espera a definição da Justiça, Dirceu escreve outros dois livros: um sobre o sistema penal e um romance sobre a luta armada.

Dirigentes do PT repreenderam o ex-ministro José Dirceu em razão de suas últimas entrevistas.
Um interlocutor afirmou que no partido a avaliação é de que o ex-ministro está “falando demais”. Além da reação dos dirigentes, a campanha de Fernando Haddad, o presidenciável petista, quer distância das declarações polêmicas de Dirceu — solto em junho pela Segunda Turma do STF após ser condenado em segunda instância na Operação Lava Jato. As falas causaram irritação pelo momento em que foram feitas — a reta final da campanha — e por obrigar a candidatura de Haddad a uma postura defensiva. Dirceu, segundo outro dirigente, quer “mostrar uma importância que não tem”.
A ordem é dizer que o papel do ex-ministro é zero na campanha e evitar que suas declarações tenham impacto na campanha de Haddad, como as de auxiliares do principal oponente do PT, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.




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