quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Jornalista é assassinada na Bulgária após fazer
entrevista sobre corrupção



Viktoria Marinova


Uma jornalista búlgara que trabalhava em uma rede de televisão local foi encontrada morta em Ruse (norte do país), vítima, segundo a Justiça, de um assassinato que está provocando indignação em toda Europa. O corpo de Viktoria Marinova, 30, responsável administrativa e apresentadora da TVN Ruse, foi encontrado no sábado (06.out.2018) em um parque da cidade, indicou o promotor regional, Georgy Georgiev. A jornalista recebeu uma pancada na cabeça, foi estrangulada e, segundo o Ministério do Interior, também estuprada. A investigação analisa todas as pistas, tanto vinculadas à sua vida pessoal como à profissional.

Ela era apresentadora de um programa de assuntos sociais locais de Ruse, um grande porto sobre o rio Danúbio, na fronteira com a Romênia. Na última transmissão de seu programa, em 30 de setembro, houve uma entrevista com dois famosos jornalistas investigativos, o búlgaro Dimitar Stoyanov, e o romeno Attila Biro, que estão apurando possíveis fraudes nos subsídios da União Europeia (UE), que envolveriam empresários e cargos eleitos do país. Ambos os jornalistas foram detidos brevemente pela polícia durante a investigação do assassinato, e o caso foi condenado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Na última classificação da RSF sobre a liberdade de imprensa, a Bulgária ficou na 111ª posição em um total de 180 países, de longe a pior da UE, visto que é acusada regularmente pela corrupção de seu entorno midiático, que viola a liberdade de imprensa. A Comissão Europeia pressionou a Bulgária na segunda-feira (08.out.2018) a conduzir uma rápida investigação sobre o caso. “Não há democracia sem imprensa livre. Esperamos uma investigação ligeira e meticulosa para levar os responsáveis à justiça”, afirmou um tuíte da comissão.

O ministro do interior, Mladen Marinov, disse que até agora não há evidências para sugerir uma ligação da morte com o trabalho da jornalista. “Estamos trabalhando em todos os motivos possíveis e não excluímos nenhum”, disse Marinov a repórteres na segunda-feira (08.out.2018). A polícia afirma que não se sabe se o ataque foi planejado ou não. Moradores de Ruse e de outras duas cidades próximas, assim como da capital, Sofia, fizeram vigília para Marinova, que deixou uma filha de sete anos.




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