sábado, 1 de setembro de 2018



Eleições 2018: TSE usa Lei da Ficha Limpa para barrar candidatura de Lula



O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou na sexta-feira, 31.ago.2018, o registro da candidatura ao Palácio do Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com base no entendimento de que o petista está enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
A decisão da Corte tira Lula — condenado e preso na Lava Jato — da disputa presidencial, mas o PT promete manter a judicialização do caso. A maioria dos ministros votou por impedir que o partido veicule seus programas no horário eleitoral no rádio e na TV até que a sua coligação substitua o ex-presidente na cabeça de chapa no prazo de 10 dias.
A votação foi encerrada no início da madrugada de sábado, 1º.set.2018, após mais de 10 horas de sessão. O registro da candidatura de Lula foi rejeitado por 6 votos a 1.
Por 5 a 2, os ministros haviam determinado que o partido não veiculasse a propaganda eleitoral até a troca do presidenciável, mas, ao fim da sessão, a Corte Eleitoral reviu a decisão e liberou o horário eleitoral com o candidato a vice na chapa petista, Fernando Haddad.
Os programas das candidaturas à Presidência no rádio e na TV têm início no sábado (1º.set.2018).



Ministros do TSE durante julgamento do registro da candidatura de Lula


O JULGAMENTO — Em sessão extraordinária que adentrou a madrugada, a maioria dos ministros do TSE, votaram por barrar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com base na Lei da Ficha Limpa. O petista já está fora da eleição.
O ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, foi o primeiro a votar e deu parecer contrário ao registro da candidatura de Lula. Ele foi seguido pelos ministros Jorge Mussi, Og Fernandes, Admar Gonzaga, Tarcísio Vieira e pela presidente do tribunal, Rosa Weber.
Já Edson Fachin reconheceu a inelegibilidade de Lula, mas votou por liberar sua candidatura devido a uma decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU obtida pela defesa. O ministro Edson Fachin abriu divergência no julgamento, votando pela autorização da candidatura, ao entender que não seria possível afastar o entendimento do comitê da ONU.
O placar ficou em 6 a 1 contra a candidatura do petista. O pedido de registro feito por Lula foi alvo de 16 contestações de adversários e da Procuradoria-Geral Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa.





Após a votação, o advogado de Lula, Luiz Fernando Casagrande Pereira, pediu que o PT mantivesse o direito de veicular a propaganda eleitoral partidária sem a presença do ex-presidente. Em seu argumento, citou o caso da morte de Eduardo Campos em 2014, quando Marina Silva participou dos programas eleitorais do PSB antes de ser confirmada como candidata. Havia a possibilidade de o plenário rever essa decisão.
Oficialmente, o PT mantinha a posição de recorrer ao Supremo Tribunal Federal e não substituir o ex-presidente por Fernando Haddad, cujo registro de candidatura a vice-presidente foi aprovado na sexta-feira (31.ago.2018) pelo TSE.
Lula foi condenado no ano passado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá (SP) pelo juiz Sérgio Moro. A sentença foi confirmada, em janeiro deste ano, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que ampliou a pena para 12 anos e 1 mês de prisão. Em agosto, o PT registrou a candidatura do ex-presidente no TSE.
Para o relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, após a condenação em segunda instância o petista já estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Ao discordar da principal tese de argumentação da defesa, Barroso considerou que o Brasil não é obrigado a atender o comunicado apresentado pelo Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas que defende o direito de Lula disputar as próximas eleições.
A defesa do ex-presidente na Justiça Eleitoral deve apresentar um recurso extraordinário com pedido de liminar ao Supremo para garantir a participação do PT no horário eleitoral da TV e no rádio.

A CHAPA — Setores do partido, no entanto, defendem que o PT aproveite a decisão do TSE para antecipar a troca de Lula por Haddad e, assim, ganhar tempo para tentar popularizar o nome do ex-prefeito de São Paulo e viabilizar a transferência de votos nas próximas eleições. A estratégia inicial do PT era levar a indefinição até meados de setembro.
Integrantes da Executiva Nacional do PT estão de sobreaviso. Mas, seja qual for a decisão, a última palavra é de Lula.



PT distribui pela internet o primeiro vídeo da campanha de Lula



PT divulga programa eleitoral de Lula na TV pela internet


Menos de uma hora depois do voto do ministro Luís Roberto Barroso, relator do processo sobre a elegibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe a participação do PT no horário eleitoral da TV, o partido distribuiu pela internet o primeiro vídeo da campanha presidencial.
“Assista o programa eleitoral de 'Lula presidente' que o ministro Barroso tem medo que passe na TV. Mostre para os amigos, compartilhe”, diz o texto que acompanha o vídeo.
Na peça de 2 minutos e 23 segundos, Lula e seu vice, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, aparecem apenas 21 segundos cada. O protagonista é o pescador Toinho Silveira, morador de São Miguel do Tapuio (PI), eleitor do petista e beneficiário das ações implementadas durante seus governos.
Em linguagem simples, Toinho compara a vida antes e depois de Lula no povoado de 18 mil habitantes e manifesta discordância em relação à condição do petista, condenado e preso pela Lava Jato.
“Um dia a gente estava ali no bar conversando que se fosse para cada um tirar um dia, um mês no lugar do Lula todo mundo ia”, diz o pescador. “Peço a Deus todo dia que o homem saia daquele negócio ali e venha administrar o nosso Brasil”, completa.
No final, o ex-prefeito aparece dizendo “sou Fernando Haddad, candidato a vice presidente do Lula”.
Pouco antes, Barroso havia votado contra o registro da candidatura de Lula. No voto ele também pedia a suspensão da participação do PT na propaganda da TV e dava prazo de 10 dias para o partido substituir o candidato.
A decisão final dependia do resultado da votação dos sete ministros do TSE. O horário eleitoral para candidatos a presidente começa no sábado (1º.set.2018).
Por 5 a 2, os ministros determinaram que o partido não veiculasse a propaganda eleitoral até a troca do candidato presidencial, mas, ao final da sessão, a Corte Eleitoral reviu a decisão e liberou o horário eleitoral com o candidato a vice na chapa petista, Fernando Haddad.





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