O Partido Progressista do Rio Grande do Sul apresenta o primeiro racha
explícito e de grande expressão
da atual campanha eleitoral
da atual campanha eleitoral
O Partido Progressista gaúcho se mostra simpático a Jair Bolsonaro.
A sigla abriga a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos,
vice na chapa de Geraldo Alckmin.
A sigla abriga a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos,
vice na chapa de Geraldo Alckmin.
O presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) e a vice Ana Amélia (PP) na Expointer, Rio Grande do Sul |
Simpática a Jair Bolsonaro (PSL), uma ala do PP gaúcho resiste a apoiar a
candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência mesmo tendo sua
principal liderança, a senadora Ana Amélia Lemos, na vice da chapa
tucana.
Partido com o maior número de prefeituras no Rio Grande do Sul (143 de
497), o Partido Progressista (PP) se preparava para lançar o deputado
Luiz Carlos Heinze ao governo como palanque para Bolsonaro no estado.
Ana Amélia, no limite do prazo, resolveu abrir mão de tentar se reeleger
para embarcar na campanha de Alckmin. O ex-prefeito de Pelotas Eduardo
Leite (PSDB), então, lançou-se candidato a governador pelo grupo e
Heinze, ao Senado.
A jogada desmontou o palanque de Bolsonaro no estado. Na região Sul,
Bolsonaro lidera com 28%, segundo o Datafolha. Alckmin tem 5%. Mas sofre
boicote por parte do PP.
“A gente não manda nos partidários, tem gente que não aceita, ok? É uma
posição particular de cada um”, disse Heinze na terça-feira
(28.ago.2018).
Ele participou do primeiro ato de campanha ao lado de Leite, Ana Amélia e
Alckmin em Canoas (RS), num jantar com lideranças políticas.
Mas chegou à megafeira Expointer, de agronegócio, em Esteio, quando o
grupo estava de saída. Na quarta-feira (29.ago.2018), ao contrário,
programou-se para acompanhar toda a visita de Bolsonaro ao evento.
“Estamos há cinco mandatos juntos, entendeu?”, disse o deputado gaúcho,
membro da bancada ruralista no Congresso. O capitão está em seu sétimo
mandato na Câmara.
Questionado se a decisão de Ana Amélia foi acertada, Heinze deu seu recado.
“Pergunta para ela, ela que tem que responder”, afirmou. “Tinha uma
eleição para o Senado, não vou dizer garantida, porque não tem jogo
ganho, mas estava muito bem posicionada nas pesquisas e fez essa opção
de apoiar um candidato que está com posição minoritária não apenas no
Rio Grande do Sul, como no Brasil inteiro.”
A ala bolsonarista do PP não diz com quantos prefeitos conta, mas é ruidosa.
Questionado na segunda (27.ago.2018), em Porto Alegre, sobre o racha,
Alckmin foi cauteloso. “Em política, a gente não obriga. A gente
conquista. Não tenho dúvidas que vamos crescer muito nesta campanha.”
Indagado sobre o bolsonarismo no Rio Grande do Sul, Eduardo Leite o
associou ao PT, rejeitado no estado. “Os petistas acirraram os ânimos
com a campanha do nós contra eles, dos ricos contra os pobres. Hoje nós
colhemos os frutos da política da divisão.”
“Com seu discurso radical, Bolsonaro é entendido pelos antipetistas mais
radicais como quem vai chutar o pau da barraca, mas eles não percebem
que a barraca cairá na cabeça da gente.” Eduardo Leite aposta no tempo
de televisão para alavancar a sua candidatura, assim como a de Alckmin.
Em giro pelo estado, o presidenciável tucano balançou a bandeira do agronegócio.
A equipe do candidato avalia ter apoio da elite ruralista, mas não de
sua base, hoje próxima a Bolsonaro. Para aumentar sua visibilidade,
pretende apresentar como cartão de visita Ana Amélia, ligada ao setor
desde o tempo em que atuava como jornalista.
O racha no PP não é exclusividade do diretório gaúcho. O próprio
presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), declarou voto em Lula
(PT), forte no Nordeste.
Com o centrão, Alckmin passou a enfrentar traições e resistências. Mas a
campanha considera que é o tempo de TV da coligação seu trunfo.
Em Caxias do Sul, na manhã de terça-feira (28.ago.2018), Alckmin
frustrou empresários e produtores rurais que consideraram sua fala na
área da segurança excessivamente tímida.
Já no almoço, a cúpula do agronegócio o aplaudiu e o tratou por
presidente depois de ouvi-lo defender a liberação do porte de arma no
campo. Na feira, o tucano comprou doce de amendoim, comeu goiabada,
tomou chimarrão, mas, franciscano, rejeitou a cachaça oferecida por um
produtor artesanal.
Bolsonaro diz em Porto Alegre que “não vai ser o Jairzinho paz e amor”
Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL, esteve no painel
“Brasil de Ideias”, promovido pela revista Voto, na tarde de
quarta-feira (29.ago.2018), com a presença de empresários e políticos,
na capital gaúcha. Bolsonaro, afirmou que não terá como estratégia, se
chegar ao segundo turno, ser “Jairzinho paz e amor”. O candidato também
disse que o País está “cansado do politicamente correto”. Jair Bolsonaro
rebateu as críticas à sua participação no Jornal Nacional, na noite de
terça.feira (28.ago.2018), e criticou Marina Silva e a chapa Alckmin-Ana
Amélia.
Jair Bolsonaro na megafeira Expointer, de agronegócio, em Esteio, Rio Grande do Sul |
À imprensa, Bolsonaro afirmou que sua entrevista ao JN-Globo “quase que
garantiu sua presença no segundo turno”. “A entrevista me deu uma
exposição enorme, já que não vou ter tempo de TV”, disse. Perguntado
pela organização do evento sobre qual seria sua estratégia para o
segundo turno “quase garantido”, ele criticou o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso: “Não vou ser o Jairzinho paz e amor. As cartas estão
na mesa. O FHC reiterou que num possível segundo turno, se aliaria ao
PT”, criticou. O candidato do PSL cobrou “posição” de Marina Silva
(Rede) sobre assuntos polêmicos como o aborto e o porte de armas. “Ela
deu uma entrevista em março e foi perguntada se já tinha sofrido alguma
violência sexual na infância. Ela falou que não, porque ‘eu e minhas
irmãs menores tínhamos uma espingarda’. Ela mudou de ideia, ela é
evangélica, ela tem que ter posição em alguns assuntos”, afirmou.
Perguntado sobre fala de Geraldo Alckmin (PSDB), que chamou a
candidatura de Bolsonaro de “inviável” e disse que o deputado federal
“perderia para qualquer um no segundo turno”, o candidato do PSL
ironizou. “Ele podia ficar tranquilo já que não vou chegar a lugar
nenhum”.
Bolsonaro também afirmou que “tem respeito” por Ana Amélia (PP),
candidata a vice na chapa de Alckmin, mas que ela se “desgastou ao ir ao
Centrão”. “Parece que ela perdeu muito aqui no Rio Grande do Sul, que
ela foi na contramão do que ela pregou”, disse.
Sobre a polêmica acerca do livro ‘Aparelho sexual e cia’, o candidato
afirmou que o Ministério da Educação “mente”. “São uns canalhas. Esses
livros peguei em bibliotecas no Vale do Ribeira”, disse ele, mostrando a
obra aos presentes. O MEC, no entanto, reiterou em diversas ocasiões
que "não produziu e nem adquiriu ou distribuiu o livro" citado.
Bolsonaro também criticou quem afirma que ele defende salários distintos
entre homens e mulheres e sugeriu que uma suposta diferença salarial
entre William Bonner e Renata Vasconcellos fosse apurada pelo Ministério
Público do Trabalho. “Pelo que sei, a Renata recebe R$ 200 mil e o
Bonner, R$ 800 mil. Tinham que procurar o Ministério Público do Trabalho
para denunciar essa questão”, disse. Perguntado sobre sua rejeição,
Bolsonaro afirmou que “deveria ter assaltado uma estatal”. “Tenho mais
rejeição do que o Lula? Eu deveria ter metido a mão em fundo de pensão,
ofendido as mulheres, como no caso do grampo. Não acredito em pesquisa.
Não tenho tanta rejeição assim”, afirmou.
O candidato chegou ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, por
volta das 10 horas da manhã de quarta-feira (29.ago.2018), onde foi
recebido por centenas de entusiasmados apoiadores. De um carro de som,
Bolsonaro agradeceu os presentes e afirmou que, se eleito, irá “varrer a
corrupção do Brasil”. “Eles podem me chamar de tudo, menos de
corrupto”, disse. Na quinta-feira (30.ago.2018), logo depois do café da
manhã que manterá com empresários no Country Club, em Porto Alegre, o
candidato do PSL, visitará o ex-governador Jair Soares. Na casa do
ex-governador, Bolsonaro receberá apoio de expressivo grupo de
lideranças do PP. Depois, participará de vários eventos na capital
gaúcha.
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