Suplente do senador e presidenciável Alvaro Dias
é suspeito de ter pago propina a superintendente da Caixa Econômica Federal
é suspeito de ter pago propina a superintendente da Caixa Econômica Federal
O empresário Joel Malucelli |
O empresário Joel Malucelli, suplente do senador e presidenciável Alvaro
Dias (Podemos), é suspeito de ter pago propina de R$ 500 mil para que
sua empresa do setor de energia recebesse aporte de R$ 330 milhões do
Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FI-FGTS). A acusação consta no acordo de delação do ex-superintendente
de Fundos de Investimento Especiais da Caixa Econômica Federal Roberto Madoglio com o
Ministério Público Federal.
Empresário paranaense, Malucelli é patriarca da família proprietária do
Grupo J.Malucelli, que atua na área de construção civil, energia,
comunicação e no setor financeiro e de seguros. Nas eleições de 2014, em
que foi eleito como suplente, ele doou R$ 745 mil para a campanha de
Alvaro Dias. O valor representa 25% do total arrecadado pelo senador na
campanha em que se reelegeu pela quarta vez.
Caso o pré-candidato do Podemos à Presidência seja eleito, Malucelli assume o mandato no Senado.
Em depoimento, Madoglio disse que a sugestão do pagamento de propina
veio do empresário Alexandre Malucelli, para quem a cobrança de
“comissão” era “normal no mercado”. Alexandre é filho de Joel.
“Quem ofereceu foi o Alexandre, mas quem pegou o número da conta foi o
Joel, em uma reunião em Curitiba. Que (o delator) entregou a Joel o
papel com sua conta depois de a operação já ter sido liquidada”, diz
registro do depoimento de Madoglio, segundo relatório dos
investigadores. O ex-superintendente da Caixa assinou acordo de delação
nas operações Sépsis e Cui Bono?, que investigam desvios no banco
estatal.
O valor acertado, ainda pela versão dada por Madoglio, foi de R$ 500
mil, relacionado a um aporte de R$ 300 milhões do FI-FGTS. “Que, pelo
que se recorda, o valor combinado foi algo em torno de R$ 500 mil, mas
não pode afirmar quanto foi depositado, pois, como já informado, não
fazia um controle preciso destes depósitos”, afirma Madoglio no
depoimento.
Conforme balanço do FI-FGTS, o fundo ingressou no quadro societário da
J.Malucelli Energia com participação de 40,8% após investir R$ 330
milhões na empresa. O objetivo do investimento era a “implantação de
projetos voltados aos segmentos de geração hidrelétrica, eólica e
térmica e para projetos de transmissão de energia”.
Além da J.Malucelli, Madoglio afirmou ter recebido propina de outras
duas empresas. Ao todo, as três companhias receberam R$ 1,2 bilhão do
FI-FGTS, fundo também formado com parte do dinheiro depositado na conta
dos trabalhadores. A propina relacionada aos aportes, de acordo com o
delator, soma R$ 10 milhões.
O OUTRO LADO — Por meio de nota, Alvaro Dias afirmou que Joel Malucelli é
um “empresário respeitado no Paraná” e que ele se afastou “há muitos
anos das empresas do grupo para se dedicar à atividade política.” “De
qualquer forma, como sempre, o meu posicionamento é de apoio integral às
investigações”, disse o presidenciável. O senador também afirmou que as
doações recebidas foram declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
Por meio de nota, a assessoria de Joel Malucelli afirmou que as
declarações de Madoglio “são falsas e repletas de contradições” e que o
delator “não sabe dizer onde, quando nem se recebeu algum valor”. “Cita,
levianamente, o nome de Joel Malucelli, que não ocupava nenhum cargo
executivo na empresa à época”. Sobre as doações eleitorais, a assessoria
informou que todas foram feitas dentro da lei.
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