O sujo se torna limpinho para FHC
Depois que Fernando Henrique Cardoso declarou que pode ter pedido
dinheiro a Marcelo Odebrecht para as campanhas de dois tucanos mas isso
“era legal” e acrescentou que eventuais doações não vieram “a troco
de decisões minhas, pois na época (2010) eu estava fora dos governos”,
FHC inaugurou uma espécie de vale-tudo semântico. Uma característica
curiosa da semântica de FHC é que, nela, o dinheiro sujo da Odebrecht só
faz sentido em outros partidos. No PSDB é tudo limpinho.
Pode-se dizer qualquer coisa da Odebrecht. Mas é preciso enaltecer sua
organização. Tinha um departamento especializado no pagamento de
propinas a políticos, o setor de Operações Estruturadas, eufemismo para
departamento de corrupção. Para infelicidade dos beneficiários, esse
departamento dispunha de um arquivo próprio.
Os papeis da Odebrecht revelam que pelo menos um dos pedidos de FHC foi
atendido. A empreiteira repassou R$ 100 mil a Antero Paes de Barros,
candidato derrotado ao Senado pelo Mato Grosso. O dinheiro pingou por
meio de duas distribuidoras da cervejaria Petrópolis, usada pela
Odebrecht para camuflar doações ilegais. Isso é crime. Mas,
evidentemente, estamos falando como se as palavras ainda tivessem algum
significado no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário