quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O presidente Michel Temer sancionou, com vetos, a lei que cria o programa de renegociação de dívidas de agricultores no âmbito do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural)






Na noite de terça-feira, dia 09.jan.2018, o presidente Michel Temer sancionou com vetos a lei que institui o Programa de Regularização Tributária Rural. Ou seja, essa é a regulamentação das multas e juros do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). A lei será publicada no Diário Oficial da União de quarta-feira, 10.jan.2018. Entre os dispositivos vetados está aquele que dava desconto de 100% nas multas e encargos do saldo das dívidas.
Outro veto foi ao trecho que tirava da base de cálculo “a produção rural destinada ao plantio ou reflorestamento, o produto animal destinado à reprodução ou criação pecuária ou granjeira”. No texto, o governo justifica dizendo que a redução da base de cálculo, nos moldes propostos, “representaria sacrifício despropositado aos cofres do Regime Geral de Previdência Social”.
A maior parte dos vetos se deve à falta de verba para custear a demanda. Em outros, a preocupação é com os produtores que estão em dia com a União.
Uma das justificativas deixa bem clara a posição do governo a respeito: “Os dispositivos representam sobrelevação de custo fiscal imputado ao Tesouro Nacional, sem previsão na Lei Orçamentária para recepção do impacto, e indo de encontro ao esforço fiscal empreendido no país. Ademais, as alterações legislativas propostas, incluída a dispensa das exigências de regularidade fiscal, desrespeitam os mutuários do crédito rural adimplentes com a União e com os agentes financeiros, podendo representar estímulo indevido ao risco moral”.

Confira a íntegra da lei e as razões dos vetos:


O deputado federal Jerônimo Goergen (PP/RS) considera que, com a sanção da lei do Funrural, o governo legalizou uma dívida que o produtor rural imaginava não ter e, ainda por cima, com uma série de injustiças. O veto ao desconto das multas, segundo Goergen, é a maior delas.
O parlamentar foi contrário à proposta e garantiu que vai lutar para a remissão total dos débitos do Funrural. Ele, aliás, apresentou um Projeto de Lei na Câmara dos Deputados no fim do ano passado com esse objetivo.
"O que não vou aceitar é que a FPA ache que está tudo resolvido. A lei tem importância por não deixar os produtores inadimplentes, inscritos na dívida ativa. Mas vou encarar como um mero fôlego para consertar esse problema", disse.
Goergen confirmou que vai provocar a bancada ruralista a rediscutir essa questão e classificou como "sacanagem" o que o governo fez.

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) orientou os produtores rurais a esperar para aderir ao programa de regularização do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). Isso porque, segundo o presidente da entidade, Luiz Cornacchioni, a entidade junto da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) vai tentar derrubar no Congresso os vetos que o presidente Michel Temer fez.
Segundo ele, como o prazo para regularização vai até o dia 28 de fevereiro, o agricultor deve acompanhar o andamento do processo. “Como o prazo é muito curto, o produtor rural corre o risco de ficar inadimplente, o que é pior ainda. Enquanto isso, nós vamos tentar reverter os vetos, não é uma missão simples, até porque a Câmara e o Senado estão em recesso. É preciso ficar em alerta para qualquer mudança”, explicou.
Cornacchioni explicou que a princípio a Abag vai tentar barrar dois vetos do presidente Temer, entre eles o que muda a alíquota de contribuição de pessoa jurídica.
Apesar disso, ele comemorou a sanção do projeto. “Agora nós temos um mecanismo para trabalhar, lembrando que depois da reversão do Supremo Tribunal Federal (STF) nós ficamos em um limbo sobre o que fazer. Por um lado é bom, já que não tínhamos uma regra até o fim de 2017”, afirmou.

Veja o que mudou:





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