Técnicos conseguem invadir urna eletrônica durante teste
Especialistas em informática participaram na sexta-feira (1º.dez.2017)
de teste público de segurança das urnas eletrônicas a serem usadas na
eleição de 2018 e conseguiram decifrar arquivos internos do equipamento.
Segundo o coordenador de sistemas eleitorais do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), José de Melo Cruz, é “possível” que os técnicos tenham
conseguido identificar como foi o último voto registrado numa urna.
O relatório final do Teste Público de Segurança 2017 do Sistema Eletrônico de Votação só deve ser divulgado no dia 12 de dezembro.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou ter identificado falhas que
permitiram o acesso, por parte dos investigadores (técnicos) que
fizeram o teste, a 3 pontos importantes da urna eletrônica que será
usada nas eleições de 2018. Segundo o tribunal, as falhas estão sendo
corrigidas e não há riscos quanto à votação de 2018.
O problema não ocorreu na eleição passada porque foi identificado em uma
atualização de sistema, segundo o tribunal. Os técnicos chamados pelo
TSE para testarem a urna descobriram a chave de acesso ao sistema de
arquivo do equipamento, o que permitiu ter acesso ao log (espécie de
caixa preta), e ao registro digital de votação.
Apesar de o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, ter utilizado a
palavra vulnerabilidade, o coordenador de sistemas eleitorais do TSE,
José de Melo Cruz, preferiu chamar de outra forma: "Foram três achados,
mas não vulnerabilidades". Melo Cruz disse que os "achados" serão
rapidamente corrigidos e explicou que ainda não é possível dar o
detalhamento completo do teste porque não há conclusão.
Ele garantiu que não há chance de a falha ter acontecido em eleições
anteriores, porque tem relação com uma nova atualização na urna. "A
falha específica encontrada foi colocada no nosso processo de
atualização do sistema. Essa atualização é necessária de ser feita, é
difícil de ser feita, para que o software esteja acompanhando as mais
novas formas de sistema operacional. Esse trabalho é árduo e está em
andamento, mas não é nada impossível de ser conseguido", disse.
Dos 14 pontos testados, houve falhas em três. Segundo o coordenador, "o
grupo de investigadores conseguiu invadir o sistema e ter acesso ao
'log' e conseguiu acessar aquele sistema que vai monitorando a urna e
descrevendo tudo que acontece". "Eles conseguiram também acesso ao RDV,
que é o registro digital do voto, mas não conseguiram modificar o RDV,
apenas observar", disse, afirmando que o acesso ao RDV não permitia
identificar o eleitor nem saber em quem ele voltou.
"Eles tiveram acesso, mas não à ordem de votação e aos votos que foram
dados pela urna. Não conseguiram identificar o voto dos presentes",
disse.
Para o presidente do TSE, Gilmar Mendes, que citou as descobertas de
falhas, o Teste Público de Segurança é importante justamente para
apontar necessárias correções antes das eleições. "Isso demonstra a
importância da sociedade civil na tarefa de identificar possíveis
vulnerabilidades", disse ele, afirmando que desde 2015 o teste público é
parte obrigatória do processo das eleições. Testes similares já foram
feitos em anos anteriores. Em 2016, o TSE testou as urnas antes das
eleições municipais.
Gilmar afirmou que a "a credibilidade é cada vez mais robustecida nos
sistemas de hardware, software e correlatos", graças a essa
"contribuição permanente para o engenho brasileiro que é a urna
eletrônica".
"Inimaginável seria hoje que se voltasse à chamada era do voto em papel,
época que facilitava fraude humana na apuração e totalização do voto.
Sem falar no atraso. É uma época do passado e queremos que não volte
para nos assombrar", disse.
O ministro Gilmar Mendes confirmou que no ano que vem cerca de 30 mil
das 500 mil urnas terá o voto impresso, como determinado em lei pelo
Congresso para possibilitar eventual necessidade de conferência. “Não
será possível ter de forma geral, já informamos ao Parlamento. Não temos
condições nem recursos para isso”, disse o ministro.
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