Corte eleitoral discute estratégias para evitar proliferação de notícias falsas nas eleições de 2018
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prepara uma força-tarefa para
combater a disseminação de “fake news” nas disputas do próximo ano. A
proliferação de notícias falsas e a atuação de robôs na internet também
estão em discussão no Exército, na Agência Brasileira de Inteligência
(Abin) e na Polícia Federal. O objetivo é evitar o impacto negativo de
mentiras nas eleições, a exemplo do que ocorreu nas campanhas americanas
e francesas, de Hillary Clinton e Emmanuel Macron.
O tema é visto com preocupação por integrantes do governo e TSE.
Funcionários do tribunal já se reuniram com representantes do Google e
Facebook para elaborar estratégias.
O Ministério da Defesa vai auxiliar a corte no combate aos crimes
eleitorais cometidos por organizações e também relativos ao ciberespaço.
“É da maior importância essa questão dos crimes cibernéticos relativos a
eleição e resultados eleitorais”, afirmou o ministro Raul Jungmann.
“Nosso papel, por meio do Centro de Defesa Cibernética do Exército, com o
apoio da PF, da Abin e de outros órgãos, é apoiar o TSE, porque o
tribunal não tem pessoal para cuidar de tudo isso”, disse Jungmann.
Embora em menor escala, em 2014 a corrida eleitoral já havia sido influenciada pelas notícias falsas.
De lá para cá, o uso de redes sociais e aplicativos se intensificou no
País, o que potencializa o surgimento de novos casos, na avaliação de
integrantes do TSE. Para um ministro, a corte está “navegando em um mar
sem bússola” na tentativa de encontrar instrumentos para frear a
disseminação das fake news.
A reforma política aprovada pelo Congresso Nacional impôs ao TSE a
missão de regulamentar uma série de questões relacionadas à propaganda
eleitoral, como a veiculação de conteúdos eleitorais na internet e o uso
de ferramentas digitais. A legislação permite que, a pedido do
candidato, partido ou coligação, a Justiça Eleitoral determine a
suspensão do acesso a conteúdos que violem disposições legais. Também
barra a veiculação de conteúdos de cunho eleitoral por perfis falsos.
“A linha entre o combate às ‘fake news’ e um eventual cerceamento da
liberdade de expressão é muito tênue. Há notícias dadas que são
obviamente falsas e outras que estão numa área cinzenta. Por isso que
acredito muito mais no trabalho da sociedade para combater essas fake
news, em parceira com a imprensa. A gente combate essa guerra de
informação com mais informação e não só com leis”, disse Pablo Cerdeira,
coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito Rio.
Em reunião na quinta-feira passada, 26.out.2017, técnicos do TSE ouviram
de representantes do Google e Facebook o compromisso de cumprir
decisões judiciais contra conteúdos ofensivos. As duas empresas também
ficaram de apresentar um sistema que permita que as propagandas na
internet informem os responsáveis pela contratação do serviço e o valor
pago.
Até o fim de novembro, o TSE deverá divulgar um texto-base com as
propostas. A corte pretende realizar audiências públicas, antes de
concluir a redação final da resolução, que será fechada até março. O
vice-presidente do TSE, ministro Luiz Fux, coordena os trabalhos.
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