Temer perde apoio, mas consegue barrar 2ª denúncia na Câmara
Com 12 votos a menos que na votação da primeira denúncia, o presidente
Michel Temer conseguiu, por 251 votos a 233, barrar na quarta-feira
(25.out.2017) o prosseguimento da segunda acusação formal contra ele
apresentada pela Procuradoria-Geral da República.
A sessão na Câmara terminou por volta das 21h30 e evita que o Supremo
Tribunal Federal analise a acusação contra Temer e dois de seus
ministros, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco
(Secretaria-Geral).
Apesar de os governistas terem levado oito horas para reunir o número
mínimo de deputados para abrir a sessão, o resultado repete o desfecho
da análise da primeira denúncia da Procuradoria-Geral da República, em
agosto, que foi barrada por 263 votos a 227.
Os dois casos — acusação de corrupção passiva na primeira e obstrução da Justiça e organização criminosa, na segunda — ficam congelados e só
voltam a tramitar após o fim do mandato de Temer, em janeiro de 2019.
O resultado final dessa quarta-feira (25.out.2017) encerra o conturbado
momento político iniciado em maio de 2017 com a divulgação do áudio da
conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista.
O PSDB, principal aliado do PMDB no governo, rachou durante todo a
crise. De um lado, o grupo de Aécio Neves (MG), favorável a Temer, e de
onde saiu o relatório favorável a Temer. De outro, o de Geraldo Alckmin
(SP) e Tasso Jereissati (CE), contra, além da maioria dos deputados mais
jovens do partido.
Apesar de o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ter declarado que seria
"melhor para o país" a permanência de Michel Temer à frente da
Presidência, a bancada tucana paulista repetiu o voto em massa contra o
peemedebista na votação da segunda denúncia de corrupção da
Procuradoria-Geral da República.
Na votação do primeiro relatório contra Temer, em agosto, foram 12
tucanos a favor de investigar Temer e 1 contra. Agora, o placar foi 10 a
1 — o único voto pró-Temer se repetiu: a deputada Bruna Furlan.
O governador Geraldo Alckmin nunca foi entusiasta do apoio do partido ao
governo Temer, embora tenha oscilado em suas declarações. O fiador
principal da aliança era Aécio Neves, senador e presidente licenciado do
PSDB, que hoje briga para manter-se desta forma até pelo menos a
convenção nacional do partido em dezembro.
Aécio caiu em desgraça com a delação da JBS, chegou a ser afastado do
mandato, mas o recuperou numa intrincada operação que envolveu o
Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Ele insiste em ficar, e a
tendência do partido é tentar empurrar com a barriga, contando com a
ausência do presidente interino, Tasso Jereissati (CE), da lista de
candidatos a ficar na chefia durante a campanha de 2018.
O nome de consenso, que agrada a vários setores, é o do governador goiano, Marconi Perillo.
Nos discursos da sessão desta quarta, Temer foi acusado por vários
deputados de comprar votos para permanecer no poder. “Não aceitamos que o
presidente da República tenha que trocar votos por trabalho escravo no
país”, afirmou Alessandro Molon (Rede-RJ). “São movidos por dinheiro.
São confessadamente movidos por dinheiro”, disse Miro Teixeira
(Rede-RJ). O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu para
tirar essas últimas palavras dos autos.
Entre os defensores, discursou Wladimir Costa (SD-PA). “Para falar mal
do presidente Temer tem que lavar a boca com soda cáustica. Os avanços
estão aí”, discursou o deputado, que se notabilizou ao afirmar durante a
análise da primeira denúncia ter feito uma tatuagem do peemedebista em
seu corpo. Depois de questionamentos sobre a veracidade da homenagem vir
à tona, ele admitiu que se tratava apenas de um desenho que sai com
água e sabão.
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