domingo, 22 de outubro de 2017

Candidatura do apresentador Luciano Grostein Huck entusiasma mercado e siglas



Luciano Grostein Huck


Uma eventual candidatura de Luciano Huck ao Planalto saiu do anedotário. Na última semana, o apresentador tornou-se assunto central em conversas de grandes investidores e analistas do mercado. Ele é visto como a alternativa mais palatável entre os outsiders (os estranhos). Representaria o pensamento liberal para a economia, sem conservadorismo nos costumes.
No mundo político, movimento semelhante. Pesquisas que chegaram a Luciano Huck e a partidos indicam forte potencial de voto no Nordeste. Huck também pede análises sobre nomes que estão cotados ao Planalto, como o governador e o prefeito de São Paulo — Geraldo Alckmin e João Doria — do PSDB.
O apresentador tem feito uma série de reuniões reservadas com alguns dos mais influentes empresários e economistas do país. Sempre ouve mais do que fala. Não evidencia intenção de ser candidato, mas diz que quer conhecer projetos para o país. Armínio Fraga faz às vezes de cicerone.
Luciano Huck costuma contar experiências em tom motivacional. Tem dito que a vida é dividida em fases e que chegou o momento de ele “retribuir” o que recebeu do país.
O apresentador conversou com publicitários. Ouviu que tem apelo entre os mais pobres e que não precisaria antecipar a campanha. Por ser extremamente conhecido, teria condições de se apresentar para o jogo às vésperas da partida.
O assédio do PIB a Huck virou motivo de gracejo entre analistas do mercado financeiro. Os empresários que estimulam sua candidatura têm sido chamados de “viúvas de Doria”.
“Quero e vou participar deste processo de renovação política no Brasil”, afirmou Luciano Grostein Huck em artigo publicado na quarta-feira (18.out.2017). Como os profissionais do ramo, ele evita revelar seus próximos passos. “Fora do dia a dia da política, minha contribuição pode ser mais efetiva”, desconversa.
O apresentador se movimenta sem muita discrição. Ele tem conversado com quatro partidos: DEM, PPS, Rede e Novo. Nas últimas semanas, recebeu ao menos dois ministros do governo federal. Um interlocutor diz que ele é cauteloso, mas demonstra “muita vontade” de se lançar. A ideia ganhou força com o desgaste de João Doria, que surfou a onda da antipolítica em 2016.
Há seis meses, o instituto de pesquisa Datafolha testou o nome de Huck num cenário com dez presidenciáveis e o apresentador ficou com apenas 3% das intenções de voto. Seus amigos apostam num crescimento rápido se ele assumir a candidatura até abril de 2018.
Os entusiastas da ideia dizem que o apresentador daria um rosto simpático ao discurso impopular das reformas. Seria uma boia para os náufragos do governo federal e do PSDB. Ao mesmo tempo, ele teria potencial para “entrar no Nordeste” e disputar votos nas bases do lulismo.
No entanto, a aventura seria mais arriscada para o próprio Huck que teria que abrir mão de contratos milionários e da paz das celebridades. Nos últimos dias, ele já passou a ser cobrado pela proximidade com figuras como Aécio Neves, Sérgio Cabral e Eike Batista. Explicar essas amizades numa campanha pode ser mais difícil do que consertar uma lata velha na TV.



Tempos e movimentos

O maior bem de uma sociedade livre e verdadeiramente democrática é o direito de cada um expressar sua opinião. Elas variam. Os fatos não.
Tenho pensado, lido, refletido e ouvido muita gente sobre os melhores caminhos para tirar o Brasil desta triste situação em que nos encontramos. Os caminhos divergem, mas nunca vi tanta gente genuinamente empenhada em contribuir e se envolver.
Como já me comprometi publicamente antes, quero e vou participar deste processo de renovação política no Brasil.
Reafirmo que continuo achando que, de onde estou, fora do dia a dia da política, minha contribuição pode ser mais efetiva e relevante.
Acredito que esta fratura exposta que comprometeu, expôs e derreteu a estrutura política nacional arrastou a todos nós — sem discriminar crenças, ideologias ou situação social — para uma crise econômica e caos social sem precedentes.
Mas também sinto que ela pode ser uma das maiores oportunidades para abrir um novo ciclo na história da República, ressignificar nossas instituições e, principalmente, reorientar os valores e princípios daqueles que querem servir.
Assim, para que no futuro não tenhamos mais os assustadores vácuos de liderança que hoje estamos vivenciando, este deserto de opções relevantes e a escassez de projetos e ideias oxigenadas e possíveis dentro das estruturas formais do poder, para fazer do Brasil um país mais justo, entendo que o melhor caminho será “ocupar”, por meio do voto, o Legislativo brasileiro com cérebros, sinapses, ideias e ideais de primeira qualidade.
O dia em que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal forem compostos, em sua maioria, por pessoas íntegras, éticas, genuinamente bem-intencionadas e comprometidas com o bem comum, independentemente das suas ideologias, as soluções para as questões do país florescerão. O debate será de qualidade, as ideias idem.
Dali sairão líderes relevantes, presidentes da República, gabinetes e políticas públicas que sejam viáveis e transformadoras de verdade.
Essa “ocupação”, porém, não será do dia para a noite. Será um longo e árduo processo, que pode até ser retardado, refreado pelos atuais detentores do poder político — que hoje, salvo exceções, legislam em causa ou defesa própria.
Mas é um processo irreversível, simplesmente porque o eleitor há muito não se sente representado por grande parte da classe política que está aí. Como já disse, há exceções, claro, mas são a minoria absoluta.
Por isso, quero contribuir na construção dessa nova realidade representativa. Nós, sociedade civil, temos de ajudar a abrir espaços, levantar a bandeira da renovação, encorajar cidadãos bem-intencionados e bem preparados a se candidatar e mobilizar a sociedade para que trate o voto como a melhor arma de transformação. Não há outra.
Assim, quero e vou apoiar movimentos cívicos de curadoria e fomento. Movimentos que incentivem a participação política do cidadão comum, que contribuam para a elaboração de propostas que deem um novo rumo ao país.
Movimentos como o Agora, em que profissionais respeitados e competentes das mais variadas áreas de atuação, todos com vocação pública e experiência, estão se mobilizando para criar uma onda positiva de engajamento, escuta popular e lançamento de candidaturas alternativas ao que temos por aí.
Como membro, quero contribuir para o debate, aprender e trocar ideias com as boas cabeças que ali estarão orbitando.
Um movimento para impactar a agenda pública e a ação política a partir de cidadãos comuns.
Ou o Renova Brasil, um grupo diverso de empresários, intelectuais, empreendedores, gestores e profissionais liberais, que se articularam para criar um fundo cívico de fomento e apoio à formação de novos políticos, novas lideranças.
Um grande funil ético em que qualquer um que queira buscar recursos, aprendizado, formação técnica, apoio à concepção de políticas públicas — independentemente de ideologias, bandeiras, partidos — encontre apoio. Basta ser ético e comprometido com o bem comum.
Acredito nesses movimentos. E não só neles. A renovação política passa por eles, não importa se de esquerda, direita, centro. Tanto faz. Temos que melhorar o nível do debate, do compromisso da população com seu destino.
Ética e altruísmo não têm cor nas suas bandeiras.

Artigo publicado na quarta-feira (18.out.2017) por Luciano Grostein Huck




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