Novo míssil balístico do Irã teria capacidade de transportar várias ogivas convencionais e atingir vários alvos de uma vez
Novo míssil balístico iraniano, batizado de 'Khoramshahr', com um alcance de 2.000 km. |
O Irã testou com sucesso seu novo míssil balístico, batizado de
"Khoramshahr", com um alcance de 2.000 km e capaz de transportar várias
ogivas, anunciou no sábado, 23.set.2017, a televisão estatal iraniana.
A televisão difundiu imagens do lançamento de Khoramshahr e do interior
do míssil. A data do teste não foi comunicada, mas, na véspera, o míssil
foi exibido em um desfile militar que recordou a guerra desatada pelo
Iraque contra o Irã em 1980.
O lançamento do míssil acontece em um contexto de tensão entre o Irã e
os Estados Unidos, uma vez que o presidente americano Donald Trump
ameaça não respeitar o acordo nuclear assinado em 2015 entre a república
islâmica e os cinco principais membros permanentes do Conselho de
Segurança da ONU (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China) e
a Alemanha.
O acordo nuclear não proíbe as atividades balísticas por parte do Irã,
mas a resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, que o ratificou,
pede que Teerã não realize testes para desenvolver mísseis elaborados
para transportar ogivas nucleares.
Os iranianos afirmam que os mísseis de seu país não foram criados para
incorporar ogivas nucleares e que, além disso, Teerã não tem qualquer
programa para fabricar armas nucleares.
"O míssil Khoramshahr, de 2.000 km de alcance, pode transportar várias
ogivas convencionais para atingir vários objetivos de uma vez", disse o
general Amir Ali Hadjizadeh, comandante da força aeroespacial da Guarda
Revolucionária, citado pela agência estatal Irna.
O Irã já possui outros dois mísseis, o Ghadr-F e o Sekhil que, com seus
2.000 km de alcance, podem alcançar Israel, arqui-inimigo do país, e as
bases americanas da região. Na sexta-feira (22.set.2017), o presidente
iraniano Hassan Rohani afirmou que o Irã se negava a limitar seu
programa balístico.
"Queiram ou não, vamos reforçar nossas capacidades militares necessárias
em termos de dissuasão", declarou Rohani durante o desfile militar.
"Não só vamos desenvolver nossos mísseis, como também nossas forças
aéreas, terrestres e marítimas. Para defender nossa pátria, não
pediremos permissão de ninguém."
O Irã desenvolveu um vasto programa balístico nos últimos anos, que
preocupa os Estados Unidos e também a Arábia Saudita, sua principal
rival na região, Israel, seu grande inimigo, e alguns países europeus,
como França.
Teerã argumenta que precisa reforçar seu programa balístico para estar
em equilíbrio com os outros países da região, principalmente os sauditas
e os israelenses, que investem milhões de dólares na compra de armas
dos países ocidentais, especialmente dos Estados Unidos.
No próximo dia 15 de outubro, Trump deve notificar ao Congresso se o Irã
respeita seus compromissos referentes ao acordo. Se disser que não, o
Congresso poderá impor novas sanções contra Teerã. No entanto, a Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinalou em várias ocasiões
que o Irã está cumprindo com seus compromissos.
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